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Congresso do PT começa com divergências internas e aplausos para investigado

Um partido perdido, com ideais abandonados e que passa por crise existencial e moral profunda. Esse foi o retrato do primeiro dia do 5º Congresso Nacional do PT, iniciado nessa quinta-feira (11), em Salvador. A defesa da volta da CPMF, necessidade de apelo da presidente da República para que a sigla apoie o controverso arrocho contra os trabalhadores e ataques ao trabalho da imprensa marcaram a abertura do evento. Em meio a imensas divergências, os companheiros de Lula e Dilma convergiram, porém, em um ponto: ovacionaram o nome de João Vaccari Neto, o ex-tesoureiro que está preso acusado de participar do esquema de corrupção na Petrobras.

Crise que eles mesmos criaram – O deputado Luiz Carlos Hauly (PR) afirmou nesta sexta-feira (12) que depois de ter quebrado o Brasil, o PT enfrenta uma crise interna, como ficou demonstrado no evento. Para tentar conter esse turbilhão, a presidente Dilma voltou mais cedo de sua viagem à Bélgica. A petista pediu o apoio dos militantes às medidas econômicas do governo. A maior parte dos deputados da sigla é contrária à política econômica praticada pelo ministro Joaquim Levy.  

Segundo Hauly, o que os petistas parecem esquecer é que o atual arrocho fiscal é consequência do desgoverno praticado por eles. “O PT só quer os bônus do governo, não quer ter ônus como o das reformas, de fazer o que o país precisa realmente. Não há preocupação com o Brasil, estão preocupados apenas com seus interesses fisiológicos e eleitoreiros”, apontou o deputado.

Diante do desgaste e do racha entre os militantes, a presidente da República afirmou que seu partido deve “fazer a leitura correta da conjuntura” e apelou para que a militância saia em defesa do governo. Já o ex-presidente Lula voltou a criticar a imprensa e dizer que o partido é perseguido.

Apologia ao crime – Enquanto o ex-tesoureiro João Vaccari prestava mais um depoimento na sede da Polícia Federal em Curitiba, companheiros petistas o aplaudiam de pé no congresso em Salvador. O fato ocorreu no momento em que o nome do petista foi citado durante o evento.

“Eles estão fazendo apologia ao crime. É o que dá para entender diante do que fizeram. A atitude é de afronta à nação brasileira”, criticou Hauly. Vaccari está preso por possível participação no esquema de propina na petroleira. Na quinta-feira, as acareações com os delatores da Lava Jato foram aprovadas pela CPI da Petrobras. Durante a votação dos requerimentos, o líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP), afirmou que vários líderes petistas não estariam no congresso do partido por estarem na cadeia.

Mais impostos? – Em meios a controvérsias e demonstrações de que a defesa pelos interesses dos brasileiros não existe, o PT voltou a defender a recriação da CPMF. O chamado imposto do cheque está sendo negociado pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro, com o aval de Dilma. Hoje, durante o congresso do partido, um documento propondo a volta do tributo será submetido aos delegados petistas.

“É mais uma comprovação de que eles, enquanto partido, não têm dó alguma dos trabalhadores. A CPMF é um imposto que vai direto no preço das mercadorias, da comida, do remédio; e atinge os mais pobres sem piedade. É mais uma prova de que eles usurparam os brasileiros com um discurso eleitoreiro, sem nenhuma preocupação de dar condições de vida melhores ou aumentar a renda do trabalhador”, apontou Hauly.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)