Remédio ineficaz
Mesmo com sucessivos aumentos dos juros, inflação não cede e segue corroendo a renda dos brasileiros
A despeito das seguidas pancadas nos juros, a inflação não cede, numa clara indicação de que a profilaxia não está conseguindo debelar o descontrole dos preços. A análise está na Carta de Formulação e Mobilização Política desta quinta-feira (11). “Divulgada ontem pelo IBGE, a inflação de maio foi a mais alta para o mês desde 2008, chegando a 0,74%. No acumulado em 12 meses, alcança agora 8,47%, patamar que não atingia desde o longínquo dezembro de 2003. Aonde isso vai parar, ninguém é capaz de saber”, alerta o documento editado pelo Instituto Teotonio Vilela. Confira a íntegra:
Dilma Rousseff pode até querer virar a página da crise na marra, mas não há boa vontade que resista à escalada de preços que vitima os brasileiros. A despeito das seguidas pancadas nos juros, a inflação não cede, numa clara indicação de que a profilaxia não está conseguindo debelar o descontrole.
Divulgada ontem pelo IBGE, a inflação de maio foi a mais alta para o mês desde 2008, chegando a 0,74%. No acumulado em 12 meses, alcança agora 8,47%, patamar que não atingia desde o longínquo dezembro de 2003. Aonde isso vai parar, ninguém é capaz de saber.
Decomposta, a inflação revela-se perversa. Sobem muito os preços dos alimentos e as tarifas – as de energia já aumentaram 42% neste ano e 58% nos últimos 12 meses. Os preços que o governo controla ficaram 14% mais altos desde janeiro, tarifaço como há muito não se via. Está difícil morar, comer e se deslocar, resumiu uma técnica do IBGE.
Quem mais sofre é quem menos pode pagar. Em pelo menos três capitais (Rio, Curitiba e Goiânia), a inflação para famílias de menor renda já supera 10% nos últimos 12 meses. Em cada dez itens, sete estão subindo de preço. Se isso não é descontrole, o que mais pode ser?
Segundo pesquisa do Ibope, divulgada por O Estado de S. Paulo, 56% dos brasileiros consideram a inflação o principal sintoma da crise econômica atual. Infelizmente, é possível que em pouco tempo o desemprego dispute com a carestia o lugar de maior fonte de dor de cabeça da população.
Depois do resultado de ontem, as apostas repousam em novas rodadas de altas nas taxas de juros. Na prática, a receita não tem funcionado: quando o Copom iniciou o aumento da Selic, em outubro, a inflação estava em 6,6%; agora chega a 8,47%, a despeito da elevação de 2,75 pontos no período.
Falta salário e sobram dias no fim de cada mês dos brasileiros. Para enfrentar as dificuldades, a saída tem sido avançar nas economias. Nos últimos cinco meses, foram sacados R$ 32 bilhões das cadernetas de poupança. É a corda que aperta o pescoço e a crise que castiga o bolso.
Os brasileiros se acostumaram a ver a presidente da República repetir exaustivamente na eleição passada que a inflação estava “sob controle”. Também se cansaram de vê-la dizer que seu governo se notabilizara por ter promovido a maior redução de tarifas da história. Mentira atrás de mentira.
Dilma se diz agora “preocupada” em derrubar a inflação. Brincou com fogo e acabou ferindo todos os brasileiros. A irresponsabilidade desta gente parece não ter limites. Nos supermercados da vida, pagamos todos nós.
(Fonte: ITV)
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