Escândalo da Fifa
Tucanos cobram mudanças no futebol em audiência com presidente da CBF
Na audiência pública realizada na Comissão do Esporte na tarde desta terça-feira (9), o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Marco Polo Del Nero, saiu pela tangente diante das perguntas realizadas pelos deputados sobre o maior escândalo de corrupção da história do futebol brasileiro e mundial e afirmou que cumprirá seu mandato.
Relator da CPI da CBF/Nike, em 2001, o deputado Silvio Torres (SP) questionou o presidente Del Nero a respeito de uma possível renúncia para a renovação no futebol, já que até o presidente da FIFA renunciou.
“Queremos mudança no futebol brasileiro. Esse modelo implantado no Brasil não pode ter continuidade. Precisamos de uma renovação na administração do futebol, para acabar com esse amadorismo. Hoje, a CBF não presta contas para ninguém, apenas para os seus dirigentes”, lembrou.
Segundo Nero, que admitiu já ter contratado advogado para enfrentar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que está sendo formada no Senado e na Câmara, a entidade entregou todos os documentos de contratos ao Ministério Público e não tem o que temer. O presidente também negou qualquer esquema de corrupção na compra de dois apartamentos, citada por Silvio Torres.
Para o tucano, Del Nero se eximiu de qualquer responsabilidade. “Ele disse que acompanhava os contratos assinados por José Maria Marín apenas como ouvinte, mas esteve presente em 10 dos 13 contratos que a seleção assinou nos últimos anos. O que se espera é que o futebol comece uma nova vida e será muito difícil o presidente atual se desvincular do passado de corrupção do futebol brasileiro. Com a CPMI que estamos propondo, teremos explicações mais concretas. A população espera uma renovação”, disse.
Como sugestão de mudança, Torres lembrou o que se pode fazer para romper a blindagem que impede o acesso às contas da CBF: transformar a seleção brasileira em patrimônio cultural, projeto que o deputado apresentou na Câmara em 2007, que altera a Lei n.º 9.615, de 24 de março de 1998 – e permite o acesso do Ministério Público aos cofres e gastos da entidade –, já incluído na MP 671.
O deputado Otavio Leite (RJ) citou na reunião mudanças propostas pela MP do Futebol, da qual é relator, que podem melhorar a situação do esporte e dos clubes no Brasil. Segundo o parlamentar, “o futebol está doente”. “Temos que procurar as soluções e a MP se propõe a oferecer um caminho”, explicou.
Leite destacou que os clubes devem bilhões de reais em Imposto de Renda, FGTS, INSS, dívidas com bancos e na esfera trabalhista. “É um atoleiro financeiro brutal”, ressaltou. O oferecimento de saídas deve estar atrelado à exigência de contrapartidas, destaca o parlamentar. “Não se pode repetir o erro de oferecer saídas sem obrigar gestão responsável, transparente e democrática de todos que devem”, completou.
Para o deputado, os regulamentos das competições devem estabelecer alguns princípios, como a apresentação da Certidão Negativa de Débito no momento da inscrição na divisão. Caso contrário, o clube será rebaixado. Leite sugere ainda a proibição do registro de novos jogadores e a ampliação do colégio eleitoral da CBF.
(Da assessoria do deputado com alterações/ Foto: Alexssandro Loyola)
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