Personagens centrais
CPI da Petrobras terá nova fase com acareações e quebras de sigilo, afirma Imbassahy
O deputado Antonio Imbassahy (BA), que presidiu os trabalhos da CPI da Petrobras nesta segunda-feira (8), afirmou que o colegiado está prestes a entrar em uma nova fase. Vencida a etapa dos depoimentos de testemunhas e investigados, devem começar as acareações e quebras de sigilo. Os parlamentares ouviram hoje sete funcionários da petrolífera envolvidos nos processos de licitação e construção das refinarias Abreu e Lima (PE), Henrique Lage (SP), Presidente Vargas (PR), Capuava (SP), e Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro.
Segundo o tucano, foram propostas várias acareações entre personagens centrais do esquema, como o ex-gerente Pedro Barusco, o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Os pedidos começarão a ser deliberados na próxima quinta-feira (11).
“Essa nova fase significa oitivas de personalidades que prestaram depoimentos e fizeram delações premiadas, o que nos permite ter informações adicionais, além de acareações e quebras de sigilo”, explicou Imbassahy. O deputado ressalta que é importante seguir o dinheiro para chegar ao destino final da propina. “Um esquema dessa magnitude tinha gente muito importante por trás”, disse.
Sobre os depoimentos desta tarde, Imbassahy acredita que as falas das testemunhas sugerem “custos duvidosos” nas licitações da estatal. Ele avalia que os projetos também não eram bons o suficiente para evitar o aumento dos valores. “Não é razoável que, em uma licitação, você contrate a 20% acima do valor. Tudo isso decorreu de obras que não tinham projetos elaborados. Você dá essa facilidade à corrupção”, lamentou.
O tucano questionou o engenheiro Flávio Fernando Casa Nova da Motta, que já foi gerente setorial de obras na refinaria Abreu e Lima e no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, sobre os valores “fora da curva” praticados no Brasil em relação a outros países. “O número de aditivos me parece decorrente de má gestão”, justificou o parlamentar.
A Petrobras aceita propostas que estejam dentro da margem que vai de 20% a mais a 15% a menos que o valor estimado pela estatal. “Se o preço vencedor foi abaixo do estimado, e se a Petrobras aceita propostas até 20% maior que o que ela mesmo estimava, isso pode significar que a estimativa de custos pode estar com valores acima dos praticados no mercado”, frisou Izalci (DF).
O deputado pelo Distrito Federal perguntou se o depoente estava seguindo um roteiro encaminhado por integrantes da CPI, como visto em outras reuniões. Com a resposta negativa de Flávio, o tucano perguntou o que ele achava da gestão da Petrobras nos últimos anos. “Prefiro não responder, a realidade responde”, afirmou a testemunha.
O engenheiro Ivo Tasso Bahia Baer, ex-gerente de interligações da Refinaria Abreu e Lima disse à CPI que casos de corrupção na empresa são localizados e pontuais. Imbassahy concordou com a colocação, acrescentando que a companhia tem um corpo de excelência admirado e reconhecido, e perguntou onde está localizado o problema. “Pelo que li na imprensa, localizado no Paulo Roberto (Costa), no (Pedro) Barusco, no Duque”, respondeu.
Compra de Pasadena
Imbassahy confirmou que entrará com requerimento pedindo informações à estatal sobre um encontro, em 2006, entre o ex-presidente Lula e o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa para tratar da compra da refinaria de Pasadena (EUA). O documento está pronto, declarou o tucano. “O Lula diz que não sabia de nada, a despeito de haver registro da reunião sobre Pasadena e, um mês depois, ela foi comprada”, completou.
Para o deputado, é difícil acreditar que a Petrobras tomaria a decisão de comprar a unidade nos Estados Unidos sem levar ao conhecimento do presidente da República. “É claro que ele sabia”, afirmou Imbassahy. Segundo ele, a empresa precisa colaborar com as investigações para sair dessa situação.
O parlamentar comentou ainda declaração da presidente Dilma ao canal francês TV France 24 de que seria impossível ligá-la ao esquema de corrupção da petrolífera. “Eu sei que não estou nisso. É impossível. Eu lutarei até o fim para demonstrar que eu não estou ligada”, afirmou a petista em entrevista que foi ao ar nesta segunda-feira (8).
Imbassahy lembra que Dilma foi presidente do conselho de administração da Petrobras e participou da tomada de decisões importantes, como a compra da unidade norte-americana e a construção de refinarias. “Sinceramente, a população não vai concordar com essa afirmativa”, finalizou o tucano.
(Reportagem: Elisa Tecles/ Foto: Alexssandro Loyola)
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