Combinação perversa

População paga os erros de Dilma com juros, inflação e desemprego em alta, avaliam tucanos

A combinação de juros altos, inflação elevada e desemprego crescente é perversa e pode representar o fracasso de um governo. No Brasil atual esse é o cenário. Se por um lado a sociedade amarga a carestia, o fantasma da falta de trabalho e custos impagáveis dos empréstimos, por outro o próprio governo está apreensivo e numa encruzilhada traçada pela própria presidente Dilma. Para deputados do PSDB, os brasileiros estão sofrendo duramente as consequências dos erros cometidos pela gestão petista, que na campanha eleitoral escondeu a real situação do país. 

Diante da crise, a redução dos juros poderia ser uma forma de estímulo à claudicante economia, mas a Selic só vem aumentando sob o argumento oficial de que é preciso conter a inflação. Na verdade, a petista colhe agora o que plantou no primeiro mandato. A gastança, a irresponsabilidade com as contas do país e equívocos na política econômica geraram o descontrole atual, e nem o arrocho fiscal promovido agora por ela consegue dar jeito. 

Perspectivas nebulosas – Os deputados Izalci (DF) e Marcus Pestana (MG) viram a nova elevação na taxa básica de juros – de 13,25% para 13,75% – como um sinal de que as coisas, infelizmente, não devem melhorar tão cedo, penalizando ainda mais o cidadão.  “Tudo isso que está acontecendo agora já prevíamos em função do ocorrido no ano passado com as atitudes do governo, que não cortou na carne. Sabíamos que, com a má gestão passada, o reflexo viria neste ano, como acabou ocorrendo: aumento dos juros, inflação e desemprego. E com a perspectiva de piorar, pois a recessão está aí”, disse Izalci nesta sexta-feira (5).

Segundo o deputado, o governo colhe o que planta – e plantou mal. A preocupação de Dilma e do PT, segundo ele, era só ganhar a eleição – “e para isso fizeram o diabo como disseram que fariam”.  “Extrapolaram em tudo, inclusive na economia. Gastaram demais, prometeram demais e agora vem o resultado. A grande esperança de recuperação seria com investimentos, mas o mercado não confia na presidente, que não tem mais credibilidade, e as pessoas têm medo de investir no Brasil por causa da corrupção e de sua falta de comando”, explica o tucano.

Espanto presidencial – De fato, essa é a realidade. E, de acordo com relato da revista “Época”, até mesmo a sempre autoconfiante Dilma está espantada com as projeções apresentadas pela equipe econômica.  Neste ano, a alta dos preços deverá beirar 9% e o desemprego poderá chegar a 8,5%. Há quem diga que a Selic possa ultrapassar os 14%. Ou seja, o que está ruim ainda pode ficar pior.  

Segundo Pestana, a taxa real de juros praticada no Brasil representa uma “remuneração sideral para o capital financeiro”. Segundo o tucano, que também é economista, cada vez que o Banco Central aumenta a taxa de juros em 0,5 ponto percentual o  gasto do governo com juros sobre a dívida pública sobe R$ 10 bilhões por ano. Desde a reeleição, Dilma já subiu a taxa de juros 2,85 pontos percentuais. “Ou seja, um gasto adicional com juros de mais de R$ 60 bilhões por ano”, reprovou.

O deputado avalia que o governo está “enxugando gelo”, pois se o ajuste na Selic tem como objetivo conter a inflação, não faz sentido, já que está se aumentando o gasto com a dívida. “A economia não está aquecida e a inflação é fruto de preços administrados e das barbeiragens do PT. Intervenções desastradas de Dilma no petróleo e na energia é que obrigam o tarifaço nos combustíveis e na conta de luz. Se objetivo é atrair capital financeiro para ajudar fechar balanço de pagamentos é desnecessário, já que o diferencial de remuneração é monstruoso”, explicou Pestana, em postagens nas redes sociais.

Recessão a caminho – Pestana afirma que Dilma praticou um estelionato eleitoral, pois prometeu não elevar juros enquanto candidata e começou a fazer isso logo após ser reeleita. E isso, segundo ele, acontece por “cacoete”, pois é algo que já demonstrou ser ineficaz” contra a inflação. Enquanto isso, o trabalhador paga o preço dos erros que não cometeu, com crédito caro e cada vez mais inacessível, milhares de demissões, carestia e retirada de direitos trabalhistas, tudo para bancar um “ajuste” fiscal que seria desnecessário caso o PT tivesse governado com responsabilidade.

O tucano alerta: “Apertem os cintos que a recessão aguda bate à porta. Porque será que temos o nada honroso título de campeão mundial de juros reais? Respondo: Brasil tem que pagar caro rolagem da dívida porque ninguém acredita no governo Dilma. É o custo da falta de clareza e liderança. Dilma erra, mente e intervém desastradamente na economia. Mas quem paga o preço é a população, com recessão e desemprego.”

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola / Áudio: Hélio Ricardo)