A frustração da “reforma” que não houve, por Samuel Moreira


É frustrante o resultado da votação da “reforma” política votada pela Câmara. O que saiu do plenário não merece o nome de reforma, pois foi reafirmado um sistema eleitoral que afasta o eleitor do seu representante e está na raiz da profunda insatisfação do cidadão brasileiro, que não se sente representado no sistema político. Infelizmente, a Câmara perdeu uma grande oportunidade para estar sintonizada com o sentimento dos brasileiros, que se expressaram em manifestações de rua que reuniram milhões de pessoas.

E poderia ser ainda pior se o “distritão” tivesse sido aprovado, pois é uma proposta que tornaria as eleições ainda mais personalistas e caras, enfraquecendo os partidos e os vínculos com o eleitor. Defendi com vigor o voto distrital, a melhor opção para baratear campanhas e criar ligações fortes do representante com o seu eleitor, mas a proposta foi derrotada.

Sequer avançamos na cláusula de barreira e no fim das coligações proporcionais. A medida aprovada na Câmara é pífia e o Congresso Nacional vai continuar com 28 partidos, algo que não existe em nenhuma democracia que se preze. O eleitor vai continuando votando num candidato e muitas vezes elegendo o candidato de outro partido.

Infelizmente, o processo de reforma política não foi conduzido com o espírito público necessário para produzir consensos que permitissem ao Brasil avançar. A fraqueza do governo Dilma também contribuiu para o resultado, pois é fundamental a participação ativa do governo em temas que mexem com a Constituição.

De nossa parte, estamos atentos para a próxima oportunidade de reagendar a votação da reforma política. Desta vez, reforma de verdade, para melhorar a política do Brasil. Enquanto isso, vamos continuar nosso esforço de explicar para o cidadão porque o voto distrital é a melhor solução para o Brasil.

(*) Samuel Moreira é deputado federal pelo PSDB-SP. 

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1 junho, 2015 Artigosblog Sem commentários »

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