Ciência e Tecnologia


Tucanos questionam ministro sobre direcionamento partidário dos recursos da Secom

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Eduardo Cury alertou para o flerte da gestão petista com blogs ideológicos, que “passam do limite da razoabilidade”, segundo o tucano.

O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Edinho Silva, esteve nesta quarta-feira (13) na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara, presidida pelo deputado Fábio Sousa (GO). O colegiado chamou Silva para falar sobre o plano de trabalho da pasta. Os deputados do PSDB que integram a comissão levantaram uma série de questões e cobram posicionamento do governo em temas como o uso de verba pública para promoção partidária. Os tucanos também fizeram questionamentos sobre as suspeitas de irregularidades na captação de recursos para a campanha à reeleição da presidente Dilma, da qual Edinho foi o tesoureiro.

O deputado Pedro Cunha Lima (PB) afirmou que a discricionariedade do orçamento da Secom, ou seja, a ampla liberdade para a escolha dos  gastos, gera uma censura explicita a determinados veículos de comunicação que acabam mudando sua linha editorial para sobreviverem. O tucano sugeriu que haja mais impessoalidade no tratamento dado aos veículos e cobrou isso do ministro. Segundo ele, é preciso pensar num novo formato.  “Os cidadãos não aguentam mais acompanhar uma publicidade que tem viés muito mais partidário que em benefício do povo”, apontou.

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O deputado Vitor Lippi (SP) afirmou que há situações que precisam dos recursos da Secom para serem resolvidas. Ele citou como exemplo a necessidade de campanhas institucionais para alertar sobre o risco de contaminação pelo vírus HIV – são em torno de 50 mil novos casos por ano no país. “Cerca de 50% dos jovens não usam preservativo. É um problema gravíssimo que passa pela questão da comunicação. Peço o apoio do governo para que dê a importância e os recursos devidos para reverter esse quadro”, cobrou.

Lippi pediu ao ministro que envie à Câmara o gasto mensal com cada veículo de comunicação, assim como das estatais e bancos públicos como forma de valorizar a impessoalidade e transparência que o ministro disse defender.  Já o deputado Izalci (DF) lembrou que foram gastos R$ 2,3 bilhões com propaganda no ano passado e a pasta só divulgou o valor depois que a Folha e o jornalista Fernando Rodrigues entraram com ação no Superior Tribunal de Justiça. Apesar de ter sido derrotada em definitivo no STJ, a Secom decidiu não divulgar informações detalhadas sobre quanto cada veículo recebeu.

Na avaliação de Izalci, o desafio de Edinho Silva é grande, pois ele assumiu uma pasta responsável por propagar grandes mentiras. O parlamentar defendeu projeto de sua autoria que torna obrigatória a utilização de 70% da verba de publicidade do governo para campanhas institucionais. “A TV tem um papel fundamental. Se no lugar de gastar tanto dinheiro com propaganda enganosa destinasse o valor para campanhas de conscientização, teríamos importantes resultados”, avaliou.

Controle social da mídia – O tucano cobrou ainda uma explicação sobre a postura do ministro Ricardo Berzoini (Comunicações), que tem defendido o controle social da mídia. Além disso, Izalci perguntou se o ministro não estava preocupado com as inúmeras denúncias que atingem diretamente a campanha da presidente Dilma, já que ele foi tesoureiro da campanha da petista. Edinho alegou que tudo ocorreu dentro da legalidade. Já sobre o controle da mídia, afirmou ser contra qualquer tipo de controle de conteúdo.

No mesmo sentido, o deputado Miguel Haddad (SP) lembrou que o empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, afirmou que doou R$ 7,5 milhões para a campanha de Dilma e que o repasse aconteceu depois de uma conversa com Edinho. Pessoa deve assinar um acordo de delação premiada para tentar conseguir redução das penas que deverá pegar pelos crimes apontados pela Operação Lava Jato. Haddad questionou se a delação do empreiteiro não preocupava o ministro.

O parlamentar afirmou ainda que no primeiro mandato Dilma usou de forma abusiva os meios de comunicação e, atualmente, a situação é outra.O tucano disse que a presidente “se escondeu” por meio das redes sociais no Dia do Trabalhador e quis saber se o mesmo procedimento continuará sendo adotado, já que, segundo ele, ela usa os meios de comunicação como palanque quando está com popularidade em alta.

O deputado Eduardo Cury (SP) alertou para o flerte do governo com blogs ideológicos, que “estão a serviço de partidos, passando do limite da razoabilidade”. O tucano cobrou explicações sobre essa relação entre governo e esses sites e quis saber se a Secretaria já fez levantamento nesse sentido. Para Cury, a posição de Edinho Silva é desconfortável por todos os ângulos. Primeiro por ter sido tesoureiro da campanha de Dilma, “pois todos os tesoureiros que o antecederam estiveram envolvidos com corrupção”, e por ter assumido uma pasta na qual os antecessores têm impressões digitais nessa questão dos blogs. “O Franklin Martins foi o criador dos blogs fakes e Thomas Traumann assumiu que há uma relação do poder com essas páginas”, lembrou, ao reforçar que “o dinheiro público não pode incentivar isso”. 

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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13 maio, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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