Dinheiro na calcinha


Deputados do PSDB cobram explicações de presos na Lava Jato ouvidos em Curitiba

Delegado Waldir

O ex-deputado e ex-petista André Vargas foi questionado por tucanos sobre envolvimento no esquema de corrupção.

Deputados do PSDB que integram a CPI da Petrobras ouviram nesta terça-feira (12) novos depoimentos de presos pela Operação Lava Jato. Os parlamentares estão em Curitiba desde ontem para questionar acusados de participação no esquema. Na reunião de segunda-feira (12), o doleiro Alberto Youssef revelou que o Palácio do Planalto sabia do esquema de financiamento de campanha. 

A doleira Nelma Kodama, primeira interrogada do dia, afirmou que negocia acordo de delação premiada com a Justiça Federal. Ela é acusada de chefiar esquema de lavagem de dinheiro que envolvia a abertura de empresas de fachada e operações de câmbio no exterior. Kodama foi presa em flagrante no ano passado quando tentava embarcar para Milão, na Itália, com 200 mil euros escondidos na calcinha. A acusada arrancou risadas ao explicar que o dinheiro estava no bolso da calça, não na roupa íntima.

Ela alegou que nunca operou no esquema de desvio e lavagem de dinheiro da Petrobras e que não atuou no financiamento de partidos políticos. O deputado Bruno Covas (SP), sub-relator da CPI, perguntou o nome do “chefe” das operações. “Vou me reservar o direito de permanecer calada”, respondeu Kodama. Delegado Waldir (GO) destacou que a delação da doleira pode expor mais envolvidos no esquema. “Se a senhora resolver colaborar mesmo, vai derrubar a casa de muita gente”, frisou.

O deputado Izalci (DF) perguntou a ela que brechas existem no sistema financeiro que permitem operações irregulares de câmbio. “Que mudanças seriam necessárias para evitar evasão de divisas por meio de importações fictícias?”, indagou. “Eu também me pergunto. Como pode fazer uma importação e não vir nada?”, explicou ela. Kodama disse ainda que o Brasil “é movido pela corrupção”. “Quando parou a corrupção [na Petrobras], o Brasil parou”, disse.  O 1º vice-presidente da CPI, Antonio Imbassahy (BA), também participou da sessão externa

René Luiz Pereira, o segundo a depor na sessão externa da CPI, alegou inocência e invocou o direito de permanecer calado. Ele foi condenado junto com o doleiro Carlos Habib Chater em um processo por tráfico de drogas. Em seu depoimento, Habib chegou a discutir com o tucano Waldir. O doleiro é proprietário do Posto da Torre, em Brasília, estabelecimento que inspirou o nome da Operação Lava Jato.

O ex-deputado Luiz Argôlo, apontado por Youssef como beneficiário de pagamento de propina, preferiu não responder as principais perguntas dos deputados. Ele admitiu, no entanto, ter uma relação privada com o doleiro. O ex-deputado Pedro Corrêa disse que nunca recebeu qualquer repasse ilícito de Youssef. De acordo com ele, o esquema de desvio de recursos da Petrobras só começou em 2006, quando já não era mais deputado.

O ex-petista André Vargas, que teve o mandato cassado pela Câmara em 2014, afirmou que conheceu Youssef “vendendo coxinha no aeroporto de Londrina”. Por 359 votos a favor e seis abstenções, o paranaense perdeu o cargo após denúncias. Bruno Covas pediu que ele comentasse os casos do mensalão e do petróleo, mas Vargas optou pelo silêncio. “O senhor está arrependido de ter se filiado ao PT, que instalou uma organização criminosa para roubar a Petrobras?”, inquiriu Delegado Waldir, mas não obteve explicações.

O último preso ouvido pelos integrantes do colegiado foi o publicitário Ricardo Hoffmann, acusado de repassar R$ 3 milhões para empresas de fachada controladas por André Vargas.

 (Da Redação com informações da Agência Câmara/ Foto: reprodução/ Áudio: Hélio Ricardo)

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12 maio, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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