Alto escalão envolvido


Questionado por tucanos, Youssef confirma que Planalto sabia de corrupção na Petrobras

O doleiro Alberto Youssef revelou, em depoimento à CPI da Petrobras nesta segunda-feira (11), que o Palácio do Planalto sabia do esquema de financiamento de campanha investigado na Operação Lava Jato. Questionado pelo deputado Bruno Covas (SP) no edifício-sede da Justiça Federal em Curitiba (PR), Youssef confirmou que integrantes do alto escalão da gestão petista conheciam a fraude.

O tucano leu depoimento de delação premiada do doleiro e citou políticos que, segundo o próprio Youssef, tinham conhecimento das irregularidades. A lista impressiona: inclui o ex-presidente Lula, Dilma Rousseff e os ex-ministros Antonio Palocci, Gleisi Hoffmann, José Dirceu, Ideli Salvatti, Gilberto Carvalho e Edison Lobão. “Confirmo e digo que isso é no meu entendimento”, afirmou o doleiro, segundo o portal “G1”, quando perguntado se essas pessoas sabiam da corrupção.

O doleiro descreveu um “racha” entre líderes do PP em 2011 e 2012. O caso foi motivo de discussão com a Casa Civil e a Secretaria-Geral da Presidência da República. De acordo com Youssef, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que o Palácio do Planalto é que iria designar o novo “interlocutor” do partido. Youssef disse que a troca de líderes foi feita por intermédio da então ministra Ideli Salvatti e do então secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho.

Também presente à reunião, o deputado Antonio Imbassahy (BA), 1º vice-presidente da CPI, reforçou o questionamento a Youssef. “O senhor tem certeza de que o Planalto sabia?”, perguntou o parlamentar. “O [ex-diretor] Paulo Roberto Costa sempre dizia, quando havia alguma divergência no partido sobre pagamentos, que tinha que ter o aval do Palácio do Planalto”, respondeu Youssef. Os deputados Delegado Waldir (GO) e Izalci (DF) também participam da sessão externa.

Imbassahy perguntou então se Youssef se sentia mais seguro por causa disso. “Sim. A partir do momento em que Paulo Roberto Costa disse pra mim que Paulo Bernardo [ex-ministro do Planejamento e das Comunicações] foi pedir R$ 1 milhão a ele para a campanha da [senadora] Gleisi Hoffmann de 2010, na minha opinião, o Palácio sabia”, detalhou. “Mas eu não tenho como provar isso”, completou. O doleiro calcula ter movimentado algo entre R$ 180 e 200 milhões no esquema de lavagem de dinheiro proveniente de propina paga por empresas contratadas pela Petrobras.

Financiamento de campanha
O doleiro disse que participou diretamente do financiamento de campanha de políticos do PP, do PMDB e do PT. Ele disse que financiou campanhas de vários candidatos do PP a pedido do ex-deputado José Janene, mas não mencionou nomes. Youssef afirmou, ainda, que financiou as campanhas dos senadores Valdir Raupp (PMDB-RO) e Gleisi Hoffmann (PT-PR) a pedido do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

O empresário Mário Góes, preso em Curitiba acusado de envolvimento em desvios de dinheiro da Petrobras, usou o direito de permanecer calado e se recusa a responder perguntas dos membros da CPI da Petrobras. “Vou ficar em silêncio”, disse o empresário no início do interrogatório. Ele foi mencionado nos depoimentos do ex-gerente de Tecnologia Pedro Barusco.

O ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró leu um manifesto em que reclama do fato de estar preso e disse que isso o obriga a permanecer calado perante interrogatório da CPI da Petrobras em Curitiba (PR). Imbassahy perguntou se ele se considera inocente, mas nem isso Cerveró respondeu.

O empresário Fernando Soares, o Fernando Baiano, optou por permanecer calado, assim como Adir Assad e Guilherme Esteves de Jesus, este acusado de ser o operador do estaleiro Jurong.

Já Iara Galdino, acusada de participar do esquema de lavagem de dinheiro da doleira Nelma Kodama, decidiu dar detalhes sobre sua participação. Iara disse que passou a trabalhar para a doleira em 2012 e sua função era apenas de abrir empresas de fachada, que seriam usadas no esquema criminoso. Condenada a 12 anos de prisão por crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro, Iara disse que as assinaturas dela nos contratos de remessa de dinheiro para o exterior eram falsas.

(Com informações da Agência Câmara/ Foto: Reprodução Facebook/ Áudio: Hélio Ricardo)

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11 maio, 2015 Últimas notícias 1 Commentário »

Uma resposta para “Alto escalão envolvido”

  1. cleide gerevine disse:

    Como pode quem idealizou ou deu o aval para o inicio disso tudo nem é citado e a outra que abria uma porta pau mandado é condenada e os outros ??????
    E os políticos envolvidos????PRECISAMOS arrumar a casa . Justiça e educação.
    A justiça dará o exemplo e a educação o futuro.

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