Corrupção escancarada
CPI da Petrobras: Sete Brasil foi parte de um “jogo de cartas marcadas”, avaliam tucanos
Os deputados do PSDB que participaram de audiência pública na CPI da Petrobras nesta quinta-feira (7) alertaram para o que chamaram de “jogo de cartas marcadas” envolvendo a estatal e a empresa Sete Brasil. A firma foi criada em 2011 e contratada pela Petrobras para construir 28 sondas para exploração do pré-sal, num contrato de US$ 23,4 bilhões. A comissão ouviu depoimento do presidente da Sete Brasil, Luiz Eduardo Guimarães Carneiro, que negou práticas ilícitas. Segundo o ex-gerente de Tecnologia da estatal Pedro Barusco, houve pagamento de propina a diretores da petroleira nesses contratos.
Apesar de Carneiro ter negado as práticas ilícitas dentro da Sete Brasil e alegar que as auditorias feitas na empresa não apontaram pagamento de propina, o deputado Antonio Imbassahy (BA) alertou que a firma começou burlando a lei desde a sua concepção. Formada por capital de diversas grandes empresas, entre elas os Bancos BTG, Bradesco e Santander e a própria Petrobras, a Sete Brasil foi instituída tendo em vista que “venceria” a licitação para construção das sondas para a Petrobras.
“A empresa foi constituída exatamente para servir essa quadrilha que estava dentro da Petrobras. Com ela fez-se outro nicho de contratações, praticamente um mercado cativo, contratos assegurados para que se continuasse a roubalheira de dentro da Petrobras para o fornecedor de equipamentos. É impressionante a desenvoltura e ousadia dessa quadrilha que o governo petista instalou no Brasil”, disse Imbassahy, vice-presidente da CPI.
Apenas 17 das 28 sondas de perfuração que a Sete Brasil deveria construir para a Petrobras estão em andamento. Isso envolve, segundo esclareceu o depoente, 150 mil empregos que estão em risco devido à paralisação dos pagamentos desde novembro do ano passado. A medida ocorreu por causa das revelações de irregularidades detectadas pela Operação Lava Jato. Imbassahy cobrou uma solução para o problema. “Queremos que encontrem uma solução para essas obras que estão interrompidas, pois o trabalhador não pode ficar no prejuízo por causa dessa roubalheira”, defendeu.
Com a mesma opinião, o deputado Izalci (DF) afirmou que o caso da Sete Brasil é típico das práticas desenvolvidas pelo PT desde que se tronou governo. “Eles buscam um formato legal, mas por trás foi sim tudo dirigido. O deputado destacou afirmação de Carneiro de que seu nome foi escolhido pela direção da Petrobras e comunicado pela ex-presidente Graça Foster para dirigir a Sete Brasil. Ou seja, a estatal contratante, além de ser uma das acionistas da contratada, tinha o poder de escolher quem deveria presidi-la. A Petrobras detém 9,8% das ações da Sete Brasil.
“Como é que essa empresa não estaria já com carta marcada na licitação? Isso é uma coisa óbvia e que ficou ainda mais comprovado aqui hoje. Foi uma coisa simulada, ela foi criada e imediatamente ganhou uma licitação bilionária. Sem falar que agora está praticamente quebrada, prejudicando milhares de empregos e investimentos”, avaliou. Na avaliação do tucano, isso comprova que o governo não tem responsabilidade e nem competência para gerir o país, pois “quebrou a Petrobras e esta prestes a quebrar o Brasil.”
Dos US$ 23,4 bilhões referentes ao contrato, 25% seriam investidos com recursos próprios pelos 12 sócios da Sete Brasil. Os outros 75% seriam financiados pelo BNDES – dinheiro que não saiu devido os desdobramentos da Operação Lava Jato.
Para o deputado Delegado Waldir (GO), o dinheiro do brasileiro estava indo para o ralo com a corrupção que havia por trás dessa negociação para criação e operação da Sete Brasil. “Esqueçam a Pátria Educadora, isso aqui está mais para pátria ‘sacaneadora’”, disse. O tucano sugeriu que o depoente “dobre os joelhos para orar já que todas as empresas por onde passou quebraram”.
Após, destacar que a licitação na qual a Sete saiu vencedora e obteve o direito de construir as sondas foi um jogo de cartas marcadas, o deputado questionou se Carneiro não tinha medo de ser preso. Ele respondeu que não e voltou a defender a legalidade dos contratos. Apesar de confirmar que conhece Pedro Barusco e que mantinha com ele uma “relação profissional”, Carneiro alegou só ter tido conhecimento de que havia cobrança de propina, como alegou o ex-gerente da Petrobras, pela imprensa. Segundo afirmou, se houve esses pagamentos de propina “foi algo que se deu fora da empresa e não em contratos”, como ficou teria sido demonstrado em auditorias.
(Reportagem: Djan Moreno/Foto: Lucio Bernardo Junior – Câmara dos Deputados)
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