Brasil no buraco


Depoimento de Paulo Roberto Costa deixa petistas ainda mais enrolados com escândalo de corrupção

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Ex-diretor de Abastecimento voltou ao Congresso e deu informações que só confirmam o DNA petista no petrolão.

O depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa reforçou o envolvimento do PT no esquema de corrupção na empresa e deixou a presidente Dilma ainda mais próxima do núcleo dos problemas que levaram a estatal a amargar prejuízos bilionários. Durante oitiva na CPI da Petrobras nesta terça-feira (5), Costa reafirmou que o Conselho de Administração da empresa é o responsável pelas tomadas de decisões referentes, por exemplo, a aquisições desastrosas como a da refinaria de Pasadena. Afirmou ainda que as propinas pagas sob contratos da estatal com empreiteiras alimentaram partidos da base aliada aos governos Lula e Dilma.

“Certo ou errado, ela [Dilma] sabia de tudo”, resumiu o deputado Antonio Imbassahy (BA), tendo em seguida a confirmação de Costa. O vice-presidente da CPI questionou o depoente sobre a responsabilidade da presidente na compra da refinaria no Texas, que gerou prejuízo de US$ 792 milhões, segundo o Tribunal de Contas da União. O TCU determinou a indisponibilidade de bens de 11 executivos para resguardar eventual ressarcimento aos cofres públicos, mas isentou de culpa os membros do conselho, que na época era presidido por Dilma.

O ex-diretor afirmou que a corrupção na Petrobras começou por causa de maus políticos, voltou a dizer que a cobrança de propina era feita em cima da margem de lucro das empresas e disse que as doações de campanha, na verdade, são empréstimos, pois as empresas cobram isso depois. Mas, segundo ele, o prejuízo por corrupção na Petrobras não é o seu maior problema, pois representa “apenas” 10% do rombo provocado pela má gestão conduzida por uma intervenção política na estatal.

Foi essa intervenção que fez com que a empresa segurasse o preço dos combustíveis, levando a Petrobras a um enorme endividamento. Conforme explicou após questionamento do deputado Delegado Waldir (GO), o ex-ministro Guido Mantega foi o culpado por manter os preços dos derivados de petróleo defasados, levando a companhia a um prejuízo histórico. O ex-titular da Fazenda presidiu foi o presidente do Conselho de Administração da estatal durante o primeiro mandato de Dilma como presidente.

Waldir alertou para a necessidade de se trazer à tona o nome do chefe dos esquema que saqueou a Petrobras. “Não há um esquema se não houver um comando”, alertou o tucano, ao questionar se a presidência da estatal sabia da existência do cartel entre as empreiteiras e se permitia a prática.

Costa se resumiu em dizer que não conhecia um comandante, mas que tratava do dinheiro de propina com diversos agentes políticos.  O ex-diretor citou uma lista de 28 que teriam recebido recursos oriundos do esquema na empresa.

Waldir, por sua vez, rechaçou acusações feitas pelo deputado Léo de Brito (PT-AC) em relação ao PSDB. “Não queremos bravatas e temos que lembrar ao PT suas principais lideranças viraram clientes da Papuda. É muito bonito dizerem agora que a corrupção é o maior câncer do país e querem financiamento público de campanha depois de ter mamado nas tetas das empreiteiras, da corrupção”, rechaçou. Em seguida, Costa disse que o ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci pediu dinheiro para a campanha do PT em 2010 à Presidência. A petição chegou até ele por meio do doleiro Alberto Yousseff.

O deputado Izalci (DF) disse acreditar que Costa queira contribuir com as investigações e chamou atenção para o e-mail enviado por Costa a então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff alertando sobre a aprovação, pelo Congresso, de relatório do TCU que pedia a suspensão das obras da Refinaria de Abreu e Lima por causa de indícios de irregularidades. Segundo Costa, foi “alguém da Casa Civil” que pediu para que ele solicitasse ajuda diretamente com a ministra. Diante disso, Dilma pediu e o então presidente Lula vetou o parecer do Congresso permitindo a continuidade das obras. Apesar de negar conhecer um vínculo de Lula e Dilma com o esquema, esse fato aproxima ainda mais os petistas da corrupção na petroleira.

Para o deputado Otavio Leite (RJ), o depoente confirmou que houve compra de equipamentos de forma antecipada durante a construção do Complexo Petroquímico do Rio de janeiro (Comperj). “Houve uma apresentação pela área de Serviços para isso”, disse, ao confirmar que havia uma pressão do conselho de administração para que as obras fossem agilizadas, mesmo com um projeto que mudou várias vezes. Sobre a Abreu e Lima, disse que a refinaria custará cerca de 30% a mais que o previsto principalmente por causa da parceria com a Venezuela, que acabou pulando fora do projeto. Também foi Dilma, segundo ele, quem representou o governo nas negociações em Caracas.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola)

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5 maio, 2015 Últimas notícias 1 Commentário »

Uma resposta para “Brasil no buraco”

  1. Se o governo sabia do esquema de corrupção e da má gestão da PETROBRÁS, É culpado. Se não sabia, também é culpado por desleixo das coisas públicas.

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