Maior problema do país


Tucanos contestam cenário otimista apresentado por ministro sobre a Saúde no Brasil

chioro

Titular da Saúde usou repetidas vezes termos como “vamos preparar”, “vamos reestruturar”, “estamos estudando” e “daremos prioridade”.

Deputados do PSDB contestaram o quadro positivo da saúde no Brasil apresentado pelo ministro Arthur Chioro durante audiência pública realizada nesta quarta-feira (29) por três comissões da Câmara. Entre diversas observações, os tucanos destacaram que a maioria das deficiências da área foram ignoradas pelo ministro.  Além disso, questionaram sobre o “outro lado do Mais Médicos”, que não foi abordado por Chioro, e sobre o financiamento do setor.  

Em sua explanação de mais de uma hora, o ministro defendeu veladamente o Mais Médicos, mas não apresentou soluções para os problemas do programa. Além disso, o titular da Saúde usou repetidas vezes termos como “vamos preparar”, “vamos reestruturar”, “estamos estudando” e “daremos prioridade”, mas não mostrou de que forma o governo tem feito tudo isso e principalmente como vai financiar a Saúde. Essa observação foi feita pelo deputado Vanderlei Macris (SP).

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O parlamentar foi um dos requerentes da audiência com Chioro. “O senhor faz um bom diagnóstico. No entanto, o mais é importante é saber como o governo vai tratar do financiamento. Como vai lidar com as filas nos hospitais, acabar com essa situação desesperadora, pois todas as pesquisas apontam que para a população a saúde é o maior de todos os problemas”, criticou. O tucano disse ainda que o ministro minimizou a questão da máfia de órteses e próteses, que atualmente é investigada por uma CPI na Câmara.

Sobre o Mais Médicos, Macris mencionou estimativa feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU) de que houve um índice de rejeição dos bolsistas por parte dos munícipios na ordem de 49%, logo no seu início. Para ele, a imagem que o ministro passa do programa não condiz com a realidade. O tucano contestou o fato de Chioro ter usado em sua apresentação duas reportagens nas quais cidadãos de municípios carentes defendem o programa, mas não mostrar outras nas quais são apontados os diversos problemas da iniciativa.

O deputado Célio Silveira (GO) chegou a questionar se o ministro teria coragem de ser atendido por médicos cubanos do Mais Médicos. Para ele, “se o programa fosse essa beleza toda [apresentada por Chioro] os médicos estrangeiros teriam feito o Revalida” para certificar seus diplomas. O tucano também criticou o diagnóstico fantasioso do setor apresentado pelo ministro. “Ontem à noite, ao assistir um dos mais importantes telejornais do país, tive a impressão de que o sistema de saúde estava destruído. Mas vendo sua exposição, podemos pensar que seja tudo ao contrário”, ironizou.

Para o deputado Eduardo Barbosa (MG), a grande frustração da Câmara com o Mais Médicos se deu porque a presidente Dilma vetou emenda que sinalizava para o governo que em cinco anos haveria um plano de carreira para o sistema de saúde. “Isso era salutar para estarmos organizando o sistema e levar médicos para os lugares longínquos de forma permanente, e não apenas paliativa”, destacou.

O tucano demonstrou preocupação com a questão das carreiras profissionais no SUS e ressaltou ainda que o programa “Viver Sem Limites”, voltado para portadores de deficiências, não tem atendido a demanda. “Temos uma defasagem grande e não vemos uma implantação de novas metas. Só em Minas Gerais deveria haver 100 unidades do projeto, e só há 11 instalados”, alertou.

O deputado Marcus Pestana (MG) também criticou o veto de Dilma à emenda que faria com que a partir de 2018 a carreira e o concurso público fossem uma norma. Ele lembrou que, diferente do que muitas vezes é propagado, o PSDB não votou contra o Mais Médicos. Ao contrário: o partido articulou melhorias na proposta de criação do programa, mas sempre defendeu a prioridade para os profissionais brasileiros.

Na avaliação do deputado, o governo tem de onde tirar os recursos para financiar o setor, só não faz isso por que não prioriza a área. “Não podemos dar uma zona de conforto para a área econômica. Há opções no orçamento. Só as desonerações previstas são de R$ 113 bilhões. Não há escassez. Há prioridades, e a saúde não tem sido uma delas”, criticou.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Lucio Bernardo Junior – Câmara dos Deptuados/ Áudio: Hélio Ricardo)

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29 abril, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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