Herança maldita


Legado maldito de Dilma levou a ajuste que atinge em cheio a economia, afirmam deputados

Kaefer, Torres e Marchezan são autores de requerimentos que pediram a ida de Joaquim Levy à Câmara.

Kaefer, Torres e Marchezan são autores de requerimentos que pediram a ida de Joaquim Levy à Câmara.

Deputados do PSDB tiveram participação destacada na audiência pública conjunta realizada por três comissões da Câmara para discutir o ajuste fiscal com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Ao longo do debate nesta quarta-feira (29), tucanos fizeram vários questionamentos e alertaram para os efeitos perversos do saco de maldades patrocinado por Dilma para tentar combater a herança maldita que ela deixou para si mesma. Como destacaram os deputados, a conta da gestão desastrosa da economia está sendo paga pelos brasileiros.

Autor de um dos requerimentos que pediram a ida do ministro, Silvio Torres (SP) disse que há cinco meses o país sofre as consequências do ajuste fiscal. O tucano citou uma série de indicadores que mostram o cenário de crise: inflação aquecida, aumento do desemprego, queda da renda média,  saldo negativo nos aportes na poupança, elevação da taxa de juros, incremento do estoque da dívida, retração dos investimentos do PAC, além das contas de luz e dos combustíveis mais caras para o consumidor.

O tucano também fez a Levy pergunta sugerida por uma internauta que acompanha a página de Torres no Facebook: “O senhor acha justo que o trabalhador pague a conta pelo rombo gerado pelo governo?”. O deputado  teve que insistir para que o ministro comentasse a questão.

Também autor de requerimento para a realização da reunião, Alfredo Kaefer (PR) lembrou dos desafios de Levy para tocar o ajuste fiscal, até porque Dilma não comunga da linha histórica de pensamento econômico do ministro. O tucano cobrou um pedido de desculpas dos erros cometidos na condução da economia no final do governo Lula e em toda a gestão Dilma.

O parlamentar pelo PSDB-PR perguntou também a forma como o ajuste vem sendo tocado. “Não há outros caminhos? Acho que dá para ser amenizado com outras atitudes”, defendeu, ao citar, por exemplo, a questão da desoneração da folha de pagamento. Kaefer é a favor da redução da carta tributária incidente no sistema trabalhista.

Pedaladas fiscais – Já o deputado Nelson Marchezan Junior (RS)  se referiu aos saques feitos pelo governo em bancos públicos que totalizam R$ 40 bilhões para financiar seus programas – as chamadas “pedaladas fiscais”. “O ministro da Fazenda não sabia disso? Ele não informa à presidente quando isso ocorre? O senhor deixaria isso acontecer sem que a presidente soubesse? O Banco Central não verificou isso?”, perguntou, sem receber a devida resposta.

O tucano também questionou a respeito do escândalo do Carf,  que envolve R$ 19 bilhões em desvios. “A Receita Federal não percebeu esta falta de recuperação de créditos nas metas?”, perguntou.  “Em relação à Pátria Educadora: não haverá espaço financeiro para renovação do Fies e novas matrículas? O programa acabou?”

Por sua vez, o líder da Oposição, Bruno Araújo (PE), lembrou que o ministro está tendo a difícil missão de lidar com a herança maldita de Dilma deixada pela própria petista. O tucano questionou se ficou algum montante a ser pago neste ano das “pedaladas fiscais”. Lembrou, ainda, a fala do ministro dos Transportes de que várias obras vão parar neste ano por falta de recursos e de que era preciso sensibilizar o ministro Levy. “O senhor está sendo insensível ou não há mais dinheiro?”, perguntou.

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Deputados do PSDB lembraram resistência ao nome de Joaquim Levy dentro do governo e do PT, pois histórico profissional e pensamento econômico do ministro não tem sintonia nem com o partido e muito menos com Dilma.

Petistas ausentes – O deputado João Gualberto (BA) citou a ausência de petistas ao lado do ministro e também lembrou o legado maldito do primeiro governo de Dilma. Para ele,  o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega “esbagaçou a economia”. Assim como Silvio Torres, o parlamentar apontou uma série de indicadores negativos da economia e os impactos do ajuste fiscal na vida dos trabalhadores.

Também presente, o deputado Luiz Carlos Hauly (PR) disse que a economia brasileira sofre sua maior crise. O tucano enumerou uma série de indicadores negativos e desafiou o líder do governo na Câmara a comparar a situação das contas do Paraná com as do Brasil. De acordo com o parlamentar, estados e municípios amargam as consequências de tantos erros.  “Não invejo o senhor, que tem um desafio imenso.  É um bom ministro em um governo ruim, de péssima qualidade.”

Já o deputado Alexandre Baldy (GO)  rebateu a alegação de Levy de que o pacote não afetará o desenvolvimento do país. “Empregos vem sendo fechados pelas crises e pelo arrocho fiscal e econômico que o governo promove para corrigir erros provocados pelo próprio governo. Esta é uma realidade vivida pela economia”, apontou.

O deputado Bruno Covas (SP), por sua vez, lembrou que o governo vem propondo mais uma elevação da carga tributária e cortes no já frágil investimento do setor público. “Até agora estamos seguindo pelo caminho mais fácil, mas será preciso uma limpeza profunda nas contas públicas, que deve passar pelo aceitação do fracasso da política intervencionista. O senhor pretende rever a política de subsídios creditícios usada de forma descontrolada e arbitrária pelo governo? Quando e de que forma?”, perguntou.

Eixos do ajuste fiscal, as medidas provisórias (MPs 664/14 e 665/14) que mudam diversas regras para obtenção de benefícios previdenciários e trabalhistas, entre eles o seguro-desemprego, o seguro defeso para pescadores e a pensão por morte, serão analisadas em breve pelo Plenário da Câmara. 

(Reportagem: Marcos Côrtes/Fotos: Alexssandro Loyola)

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29 abril, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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