Frustração e apreensão

Para deputados, problemas recorrentes no Fies mostram enganação do lema “Pátria Educadora”

O código de erro “M321” tem trazido muita frustração aos que tentam se inscrever no Fies. Ele significa que o limite de financiamento disponibilizado para aquela instituição de ensino ou curso está esgotado. Muitos estudantes questionam o MEC sobre essa situação, mas não têm respostas.

Adotado no segundo mandato de Dilma, o lema “Pátria Educadora” está a mais um passo do fracasso. Nesta quinta-feira (30) serão encerradas as inscrições para o aluno que deseja aderir ao Fies. No entanto, o quadro é de frustração, pois milhares de estudantes em todo o país ainda não conseguiram ingressar no programa de financiamento. Para tucanos, a dura realidade enfrentada pelos estudantes mostra o abismo entre a propaganda oficial e a realidade.

Conforme dados da Associação Brasileira de Mantedoras de Ensino Superior destacados pelo jornal “O Globo”, a estimativa era de que 500 mil alunos aderissem ao programa no primeiro semestre. No entanto, o número final de novos contratos deve ficar bem abaixo disso. De acordo com a entidade, o último balanço divulgado pelo MEC aponta 242 mil inscrições – menos da metade.

Segundo o deputado Lobbe Neto (SP), há muitas instituições e alunos com grandes dificuldades envolvendo o programa. Como lembrou, os problemas vão além do Fies e atingem outras iniciativas educacionais da gestão petista, como o Universidade para Todos e o Brasil sem Fronteiras. “Nós estamos com essa ‘Pátria Educadora’ no discurso, mas, infelizmente, como tudo que o governo federal está executando, não faz bem feito. É muito discurso e, na prática, os alunos passam por dificuldades mais uma vez”, apontou.

De acordo com Rogério Marinho (RN), o governo havia prometido que até o dia 30 todos os problemas com o Fies estariam resolvidos. “Acreditar na palavra do governo do PT a essa altura é uma piada pronta”, reprovou. O parlamentar lamentou a angústia vivida pelos alunos. “Vários estudantes não se inscreveram e já abandonaram o seu curso. Vários universitários estão buscando alternativas de financiamento fora do sistema e, por não serem subsidiados, também desestimulam os sonhos de muitos jovens no país”, relatou. Ainda segundo o parlamentar, o Fies gerou uma expectativa tanto para os empresários do setor educacional quanto para o estudante que acreditou na palavra do governo Dilma. 

Por meio do Twitter, outros tucanos também manifestaram sua indignação. “Ministro da Educação disse que, na Pátria Educadora, corte de verba para ajuste fiscal resultou em menos vagas no Fies. Esse é o desgoverno do PT”, destacou Vitor Lippi (SP). O deputado Nelson Marchezan Junior (RS) ironizou: “Pátria Educadora informa: prazo para inscrição do Fies encerra amanhã, mas menos da metade conseguirá financiamento”. 

Agonia dos estudantes – Em entrevista ao jornal “O Globo”, a estudante de odontologia Beatriz Morgado, da Universidade Veiga de Almeida, disse que terá que cancelar sua matrícula caso não consiga o Fies. “Eu nem sei mais o que fazer, sinceramente. Cursei quase quatro meses para perder tudo, jogar todo o período no lixo. Madruguei na frente do computador para chegar agora e simplesmente falarem que não vamos conseguir e ponto. É um descaso total.”

Estudante do 6º semestre de Farmácia na Universidade Estácio de Sá, Audrey Ferreira informou ao jornal que tenta aderir ao programa pela primeira vez. “Eu vou continuar tentando, aproveitar o dia que resta. Até o ano passado, só faltavam jogar o financiamento no nosso colo, e agora quem quer aderir não consegue”. Os alunos que já possuem o financiamento tiveram o prazo para aditar seus contratos  prorrogado eté o dia 29 de maio.

O problema no Fies tem relação direto com o corte de investimentos públicos no governo da “Pátria Educadora”. A ONG Contas Abertas apontou queda de 30% dos aportes da pasta no primeiro trimestre de 2015 comparado ao igual período de 2014. 

(Reportagem: Thábata Manhiça/ Foto: reprodução)