Perseguição suspeita


Waldir pede apuração de “tortura psicológica” contra funcionário da Petrobras que alertou sobre irregularidades

17114879158_821b0acb55_zO ex-gerente jurídico da Petrobras Fernando de Castro Sá prestou depoimento à CPI da Petrobras nesta terça-feira (28) e afirmou que sofreu pressões e foi perseguido internamente por não concordar com pareceres jurídicos elaborados para contratação de empresas pela Diretoria de Abastecimento, na época comandada por Paulo Roberto Costa. Isso o levou a ser tirado do cargo e “instalado em uma baia, numa sala fechada, sem limpeza e sem computador”. “Ficaram sem me dar serviço durante seis meses, período em que enfartei duas vezes”, relatou aos deputados.

Para o deputado Delegado Waldir (GO), o depoimento de Sá comprova que as irregularidades na estatal eram de conhecimento da alta cúpula da empresa. Além disso, mostra que o ex-gerente foi submetido à tortura psicológica por tentar denunciar as práticas ilegais.    

“Isso representa tortura psicológica. Recomendo que seja feito um ofício nessa comissão para que o Ministério Público do Rio de janeiro apure essa conduta”, defendeu o deputado após o ex-gerente responder positivamente a um questionamento seu. Waldir havia perguntado se houve uma pressão desmedida e injustificada por parte do empregador, ou prepostos, e se houve um terror de ordem pessoal e moral com sujeição a precárias condições de trabalho. “Parcialmente sim”, disse Fernando Sá.

O depoente relatou que ele e a então gerente-executiva de Serviços, Venina Velosa, levaram uma “bronca” do então diretor de Serviços, Renato Duque, que os acusou de “criar problemas” ao se posicionarem contra a assinatura de aditivos em contratos da estatal. O advogado relatou que a Petrobras atendia pressões da Associação Brasileira de Montagem Industrial (Abemi) na formalização de contratos e aditivos com as empresas contratadas.

Essas pressões e o não atendimento dos pareceres jurídicos teriam iniciado em 2007, com as obras da refinaria Abreu e Lima. Até mesmo uma minuta de contrato seria submetida ao setor jurídico da Abemi. Tais informações constam de um dossiê elaborado pelo ex-gerente e já entregue ao Ministério Público. Sá disse que enviará cópia à CPI. 

Sá foi afastado de uma das gerências da assessoria jurídica da empresa pelo então gerente-executivo, Nilton Maia. Sua saída, segundo ele, foi acertada com o então presidente, Sérgio Gabrielli, e com Renato Duque. Segundo ele, seus questionamentos geraram procedimento interno de auditoria e no processo seus pedidos de defesa não foram atendidos.

Ao procurar Paulo Roberto Costa e relatar o que vinha acontecendo, este o ofereceu um cargo em Londres, que ele recusou.  Foi então transferido para a área comercial, onde acabou privado de condições exíguas de trabalho, sendo isolado e chegando a ter problemas de saúde.  Segundo relatou, um dos membros da auditoria da empresa chegou a dizer a ele que desde sua saída da área jurídica “a coisa piorou”. “Talvez ali eu acordei, eu talvez estava sendo muito inflexível e por isso atrapalhando algum interesse, não sei. Não houve mudança em regras, mas elas foram flexibilizadas pelo diretor Duque”, relatou.

(Reportagem: Djan Moreno/Foto: Alexssandro Loyola) 

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28 abril, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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