Clube das construtoras


Presidente de empreiteira depõe na CPI da Petrobras e complica ainda mais Vaccari e o PT

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Propina era paga para que contratos com a estatal petrolífera não fossem “atrapalhados”, alegou depoente.

O depoimento do presidente da Setal Engenharia, Augusto Mendonça Filho, na CPI da Petrobras, deixou ainda mais claro o envolvimento do PT e de seu ex-tesoureiro João Vaccari Neto no esquema de corrupção que atuou na estatal. O empresário, que cumpre acordo de delação premiada com a Justiça, confirmou ter pago R$ 2,5 milhões ao PT por meio de depósitos feitos como quitação de supostos anúncios em uma revista editada pela Gráfica Atitude, em São Paulo.  Segundo ele, a negociação ocorreu depois que Vaccari o procurou a pedido do ex-diretor da petroleira Renato Duque.

Segundo relatou à CPI nesta quinta-feira (23), o pagamento era feito para que os contratos não fossem atrapalhados. Duque pedia para que fossem feitas doações oficiais ao PT como parte do pagamento de propina. Mendonça disse ter se reunido com Vaccari cerca de dez vezes.  De acordo com ele, em torno de R$ 110 milhões foram pagos, em propinas, para Duque e o também para o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

“Se é dinheiro de propina é algo ilícito. Ficou muito claro, muito transparente isso. Hoje foi mais uma vez desmascarada essa bandidagem que acontecia na Petrobras e por um empresário que participou pagando propina”, apontou o deputado Delegado Waldir (GO).

O parlamentar afirmou que a cada depoimento fica mais evidente que as irregularidades foram cometidas durante os governos Lula e Dilma e que o pagamento de propinas foi direcionado a partidos da base aliada. “Está claro que essa corrupção escancarada começou em 2003, direcionada ao PT e PP”, opinou. Para o tucano, Vaccari e Duque mentiram quando estiveram na CPI.  

Já o deputado Izalci (DF) afirmou que a CPI precisa tomar providências em relação ao ex-tesoureiro petista. O presidente da comissão, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), avisou que o colegiado vai tratar do assunto na próxima reunião administrativa.

Em seu depoimento, Mendonça admitiu que as empresas contratadas pela Petrobras se reuniam em um “clube” para evitar disputas entre si. Segundo ele, a organização só passou a ter “efetividade” a partir de 2003, com o pagamento de propina a Duque e Costa. Izalci concluiu, então, que “depois de Lula e Dilma passou a haver uma quadrilha atuando na Petrobras.

O tucano ressaltou que, de acordo com a fala do depoente, as empresas eram convidadas a participar das licitações e sabiam quais eram as convidadas e os valores máximos. “Conhecendo isso, as empresas ficavam à vontade para aumentar sua margem e colocar os 10%. Acontece que quem paga por isso é o povo brasileiro, seja qual for o nome que dão a isso”, criticou, ao ressaltar que as doações antes eram espontâneas, mas depois de Lula e Dilma, passaram a ser “recomendadas” por Renato Duque para Vaccari.

Para o deputado, o ex-tesoureiro “mentiu descaradamente”. “Ele disse que só tratou de doações para o partido depois de ser alçado ao cargo de tesoureiro, mas desde 2008 que o senhor [Mendonça] disse ter feito ‘doações’ a ele para o PT”, afirmou.

Vergonha nacional – Usando a palavra na CPI como líder do PSDB, Izalci rechaçou a declaração do presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, que em nome dos funcionários da empresa, disse estar com vergonha pela corrupção e pediu desculpas aos brasileiros. “Quem tem que pedir perdão ao povo brasileiro é o governo, que nomeou aqueles que assaltaram a Petrobras”, disse.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola)

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23 abril, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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