A casa caiu!
Prisão de tesoureiro João Vaccari Neto gera constrangimento ainda maior para petistas, avaliam deputados
A prisão do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, nesta quarta-feira (15), gera um constrangimento ainda maior ao partido da presidente Dilma e ao Palácio do Planalto, além de reforçar eventual pedido de impeachment da presidente da República. A avaliação é de deputados do PSDB. Os tucanos afirmam que Vaccari é um dos maiores responsáveis pelos desvios de recursos públicos na Petrobras. Segundo a investigação do Ministério Público e da Polícia Federal (PF), as práticas ilegais ocorriam há dez anos.
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O líder da Oposição, deputado Bruno Araújo (PE), afirmou que a prisão de Vaccari deve revelar como funcionava a distribuição e quais foram os políticos beneficiados com o dinheiro desviado da estatal, já que ele era quem dividia os recursos arrecadados com o esquema de propina.
“Que João Vaccari Neto recebeu dinheiro da propina e distribuiu em campanhas petistas não há mais dúvidas. Mas o que ainda precisa ser esclarecido é como funcionava essa distribuição e quais foram os políticos beneficiados. Ou seja, é importante repetir sempre: o dono do cofre do partido da presidente Dilma recebeu mais de R$ 620 milhões em dinheiro sujo, oriundo de corrupção”, lembrou o líder.
Para ele, é estranho que e mesmo diante de todas as evidências e pressões internas e externas para que Vaccari deixe o cargo de tesoureiro do PT, ele pelo menos até a sua prisão nesta quarta-feira continuava firme na função. “Qual é o seu trunfo?”, indagou Araújo, ao ressaltar que, neste momento, o governo perde ainda mais credibilidade.
O 1º vice-líder tucano na Câmara, deputado Nilson Leitão (MT), acredita que o petista não estaria preso se não houvesse provas suficientes para isso. “O juiz Sergio Moro, a Polícia Federal e o Ministério Público têm todas as informações de seu envolvimento. Ele recebeu o dinheiro, passou para o PT e agora isso alcança a presidente da República, pois ele é o tesoureiro de seu partido, esteve à frente da campanha de 2010, recebeu recurso público e transformou em dinheiro de campanha eleitoral. O crime é grave e não é preciso mais nada para que se peça o impeachment da presidente Dilma”, defendeu.
Para o 1º vice-presidente da CPI da Petrobras, deputado Antonio Imbassahy (BA), a prisão de Vaccari é mais um constrangimento para o governo da presidente Dilma. “É uma situação extremamente constrangedora para o partido do governo ter dois tesoureiros presos no mandato da presidente Dilma”, disse. Na primeira gestão da petista Delúbio Soares foi preso condenado por envolvimento no esquema do mensalão.
Inocente? – Em depoimento à CPI da Petrobras, na semana passada, Vaccari insistiu que as afirmações feitas nas delações premiadas sobre ele não eram verdadeiras e se declarou “inocente”. Na ocasião, o deputado Delegado Waldir (GO), integrante do colegiado, defendeu a prisão do petista. “Fiz essa cobrança porque ele é o bandido que mais roubou o povo brasileiro e estava em liberdade”, lembrou o parlamentar na manhã desta quarta. Na avaliação do deputado, a prisão do tesoureiro constrange ainda mais o PT, mas, se trata de justiça sendo feita, pois Vaccari havia debochado do Parlamento e da sociedade ao negar participação no esquema de corrupção.
Vaccari é réu em processo na Justiça Federal do Paraná que investiga as denúncias da Operação Lava Jato. O mandado contra ele é de prisão preventiva. A PF cumpre ainda mandado de condução coercitiva contra a mulher do petista e de prisão temporária contra a cunhada dele, suspeita de estar envolvida com o esquema na estatal.
O ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco afirmou, em delação premiada, que Vaccari recebeu cerca de R$ 200 milhões em nome do PT no esquema de corrupção. As apurações da PF apontam que as propinas eram pagas por empreiteiras que firmavam contratos com a petroleira. Já o doleiro Alberto Youssef, apontado com um dos operadores do esquema, disse, também em delação, que chegou a enviar um funcionário para entregar R$ 400 mil ao petista em frente a sede do partido, em São Paulo – é o “delivery da propina”, nas palavras do líder Carlos Sampaio (SP).
(Reportagem: Djan Moreno/ Áudio: Hélio Ricardo/ Foto: Alexssandro Loyola)
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