"Escolhido" para ser investigado


Na CPI da Petrobras, líderes apontam fragilidade de acusações contra o presidente da Câmara

Eduardo Cunha compareceu espontaneamente à CPI da Petrobras, onde recebeu o apoio de diversos parlamentares.

Eduardo Cunha compareceu espontaneamente à CPI da Petrobras, onde recebeu o apoio de diversos parlamentares após as suas explicações.

Os líderes do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP),  e o da Oposição, deputado Bruno Araújo (PE), afirmaram na CPI da Petrobras que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mantém sua autoridade para presidir a Casa. Nesta quinta-feira (12), o peemedebista foi espontaneamente ao colegiado prestar esclarecimentos sobre supostas acusações relacionadas à Operação Lava Jato que levaram o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a pedir abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) contra ele. Além dos tucanos, vários outros líderes partidários também manifestaram apoio a Cunha na reunião que ocorre no Plenário 2. 

Em sua fala, o presidente disse que “houve uma escolha política para investigar” seu nome. Discordando da necessidade de investigação sobre o suposto recebimento de recursos ilegais no esquema que envolve a Petrobras, Cunha classificou de “pífia” as razões da petição que incluiu seu nome entre os investigados e afirmou: “Querem criar um constrangimento para trazer a crise do outro lado da rua para cá”. Segundo ele, o pedido de abertura de inquérito está baseado apenas nas doações oficiais recebidas de empresas e no depoimento do policial federal Jayme Alves, que disse ter entregado  dinheiro em uma casa num condomínio no Rio de Janeiro.

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Sampaio, que acompanha os desdobramentos da operação conduzida pela Polícia Federal, destacou, após ouvir as declarações de Cunha, que todas as evidências corroboram a favor do deputado do PMDB. Conforme destacou, o próprio policial, que inicialmente disse ter levado dinheiro oriundo de acordos ilegais a Cunha em sua residência, negou posteriormente que ter estado na casa do presidente da Câmara.

Entre diversos outros argumentos contundentes e que podem comprovar que o parlamentar nada tem a ver com o  esquema de pagamento de propinas, o líder do PSDB ressaltou que o doleiro Alberto Youssef negou, em sua delação premiada, que tenha pedido que qualquer quantia fosse entregue a Cunha pelo policial. As acusações, de acordo com o tucano, não passaram de suposições. “Não é possível tratar da mesma forma casos desiguais”, avaliou Sampaio. Em sua avaliação, as citações a Cunha “divergem em muito” dos demais casos apurados pela Lava Jato e que se tornaram alvo de investigação no Supremo.

Em suas explicações, Cunha ressaltou que diversos outros políticos receberam doações de campanha da empresa Camargo Corrêa. Ele contestou o fato de somente ele ter sido alvo de inquérito, enquanto ficaram de fora das investigações figuras petistas como os ministros Aloizio Mercadante e Jaques Wagner, o senador José Pimentel (CE) e o governador de MG, Fernando Pimentel. “Está se escolhendo quem se quer investigar. Eu não estou dizendo que essas doações [aos petistas] são ilegais. Ilegal é quem pega dinheiro de caixa dois. Mas por que escolher a quem investigar?”, questionou Cunha. 

O líder tucano ressaltou que os motivos pelos quais o nome de Cunha se tornou alvo de investigação no STF se assemelham às razões que levaram o nome do senador tucano Antonio Anastasia (MG) a constar da mesma lista entregue à Corte pelo procurador-geral. Segundo ele, ambos foram citados por um policial que há muito tempo está com sua imagem desgastada e sem nenhuma credibilidade.

Já Bruno Araújo disse que Cunha passa a ter ainda mais autoridade do que antes de ter seu nome incluído na lista do procurador-geral.  Segundo ele, a firmeza das colocações e posições apresentadas pelo presidente da Câmara dão tranquilidade ao Parlamento para caminhar num dos momentos mais delicados e que mais chamam a atenção da sociedade e sob o qual a Câmara tem  grande responsabilidade. “Temos plena convicção de sua autoridade na condução de nossos trabalhos”, disse o pernambucano.

 

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Lucio Bernardo Jr – Câmara dos Deputados/ Áudio: Hélio Ricardo)

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12 março, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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