Brasil no buraco


Para deputados, ministro maquia realidade ao amenizar no exterior arrocho fiscal e crise   

Caio Narcio - BetinhoDeputados do PSDB criticaram nesta quinta-feira (19) a tentativa do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de suavizar a crise econômica pela qual o Brasil atravessa e o “saco de maldades” adotado pelo governo Dilma para tentar reverter o quadro. Em conversa com mais de 180 investidores em Nova York (EUA), afirmou, por exemplo, que o superávit primário (1,2% do PIB) será cumprido em 2015 “sem fazer cortes draconianos” e defendeu o ajuste fiscal em curso. Mas não deu detalhes da verdadeira herança maldita deixada pelo primeiro mandato de Dilma na economia, como crescimento pífio, gastança desenfreada, inflação aquecida, juros nas alturas e credibilidade minada. 

Segundo o deputado Betinho Gomes (PE), é um equívoco Levy tenta alardear internacionalmente a ideia de que o país está razoavelmente bem e não será necessário um grande sacrifício para restabelecer a credibilidade da economia. “Eu diria até que é um engodo. O fato é o seguinte: o Brasil está quebrado”, enfatizou. “O ministro não pode vender a imagem de que a travessia será suave e leve. Pelo contrário. O trabalhador será penalizado por conta das medidas que o governo terá que empreender nesse momento”, acrescentou.

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Gomes condenou também a estratégia adotada pelo titular da Fazenda de atenuar os efeitos dos estragos promovidos pela gestão petista nas contas públicas. Um deles é o acúmulo R$ 226,8 bilhões de restos a pagar, apontou pesquisa elaborada pelo Núcleo de Orçamento da Assessoria Técnica da Liderança do PSDB na Câmara. O estoque corresponde à diferença entre o que foi empenhado e efetivamente desembolsado para o pagamento de pessoal, encargos, juros e despesas correntes, além de investimentos, amortização e refinanciamento da dívida. “O aumento das tarifas e impostos é fruto dessas barbeiragens que o governo vêm realizando nos últimos anos”, observou o deputado tucano.

pibinhoSem reação – Para o deputado Caio Narcio (MG), Levy tem desempenhado muito bem o papel para o qual foi escalado. “Tentar vender alguma coisa que não é verdadeira. Nós sabemos que não é. Basta estar no Brasil e sentir que este governo não tem capacidade de reação”, declarou o parlamentar, que destacou a desorientação de Dilma Rousseff e sua equipe diante das crises econômica e política. “A presidente e o governo estão totalmente perdidos. Não têm respaldo político e ético para coordenar as mudanças necessárias.”

Na avaliação do tucano, não há ambiente favorável para qualquer guinada na economia ou mudanças no panorama político, marcado pela falta de diálogo da petista com o Congresso e por contínuos escândalos de corrupção. “Teremos nos próximos meses uma crise política ainda maior para quem está precisando, neste momento, organizar o país: a revelação do tamanho da corrupção que acontece na Petrobras. Isso vai fragilizar ainda mais este governo”, previu. 

Números desastrosos – O mesmo tom pessimista contagia o mercado financeiro. Vendo a desaceleração da indústria e do setor de serviços e a escalada da inflação, dos juros e do dólar, instituições do segmento apostam no encolhimento de 0,42% do PIB em 2015, revelou a última edição do Boletim Focus, pesquisa semanal feita pelo Banco Central.

Para completar o cenário desanimador, analistas estimam que pode ser negativo o resultado de janeiro do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). De acordo com a previsão da Tendência Consultoria, 3 mil vagas fecharam no mês passado.

As expectativas para os próximos meses também são as piores. “Janeiro apresentou indicadores econômicos muito ruins, como aumento de juros, elevação de impostos e dos preços dos combustíveis, inflação alta, além das crises energética e hídrica. Não vemos neste primeiro trimestre condições para criação de novos postos de trabalho”, sentenciou o ex-diretor do Departamento de Emprego do MTE Rodolfo Torelly ao jornal “O Globo” desta quinta.

(Reportagem: Luciana Bezerra, com informações de “O Globo” e “O Estado de S.Paulo”/ Arte: Kim Maia/ Áudio: Hélio Ricardo)

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19 fevereiro, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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