Denunciados pelo doleiro


 Otavio Leite defende que Dirceu e Palocci compareçam à CPI da Petrobras

Titular do PSDB na CPI da Petrobras que começa a funcionar após o Carnaval, o deputado Otavio Leite (RJ) defendeu o convite aos ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci, além dos demais citados pelo 11213218103_f103db57da_zdoleiro Alberto Youssef em depoimento tornado público pela Justiça na quinta-feira (12). “Será indispensável convocá-los para que o país saiba mais sobre esse mar de lama”, disse Leite nesta sexta (13). O deputado atuará na comissão ao lado de Izalci (DF) e Bruno Covas (SP).

As revelações do doleiro não chegaram a surpreender o parlamentar tucano, pois, segundo ele, já existem pistas e indícios suficientes da relação entre o esquema criminoso que se instalou na companhia e os que o antecederam na gestão petista, como o Mensalão. “Trata-se de uma instrumentalização de assalto ao poder, que, desde o início do governo Lula, se implantou no Brasil”, observou. “É uma rede que foi construída lá atrás, que foi se sofisticando e que chegou ao ponto dessa barbaridade  que estamos assistindo”, completou.

Ligações perigosas – Em depoimento prestado aos procuradores da Operação Lava Jato, em 10 de outubro do ano passado, e que veio a público esta semana, Youssef afirmou que Dirceu e Palocci tinham “ligações” com um dos empresários que admitiram ter pago suborno a diretores da estatal. Segundo ele, o ex-ministro da Casa Civil e mensaleiro era “amigo” do empresário Julio Camargo.

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O doleiro disse ter recebido recursos do empresário no exterior e distribuído o montante entre os escritórios de Camargo no Rio e em São Paulo, destinados ao PT. Antes de repassar os valores, Youssef descontou a sua parte e a de outros funcionários da Petrobras. “O dinheiro entregue pelo declarante [Youssef] em São Paulo servia para pagamento da [empreiteira] Camargo Corrêa e da Mitsui Toyo ao PT, sendo que as pessoas indicadas para efetivar os recebimentos à época eram João Vaccari e José Dirceu”, declarou o doleiro, referindo-se também ao tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto.

Youssef afirmou ainda ter visto, em poder de um operador de Camargo, uma planilha de pagamentos de propina e caixa dois com diversos apelidos e valores. Dirceu, segundo o doleiro, era identificado como “Bob”, apelido de um ex-assessor do mensaleiro.

O delator também disse que entregou R$ 800 mil a Vaccari e a sua cunhada, Marice Corrêa Lima, a mando da Toshiba Infra-Estrutura, que faz parte do grupo japonês. A empresa foi contratada para fazer subestações de energia elétrica no Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) por R$ 117 milhões.

Sempre em ação – Estrelas de primeira grandeza do PT, Dirceu, Palocci e Vaccari conquistaram espaço cativo nas páginas policiais dos grandes jornais em momentos distintos, mas sempre pelos mesmos motivos, envolvimento em falcatruas e com esquemas de corrupção.

Principal articulador do primeiro governo petista, Dirceu caiu em desgraça em junho de 2005, após o então deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) denunciar o Mensalão em entrevista à “Folha de S.Paulo”. Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2012, o ex-ministro da Casa Civil foi conduzido ao presídio da Papuda um ano depois de definida a sentença. No fim de 2014, a Justiça o liberou para cumprir a pena em domicílio.

Apontado como o homem forte do PT, Palocci coleciona uma série de rolos ao longo das gestões de Lula e Dilma. Entre eles, a inexplicável e acelerada multiplicação do patrimônio num prazo de quatro anos. O nome do petista surgiu no Petrolão em setembro do ano passado, quando a revista “Veja” divulgou trechos da delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Aos investigadores, ele disse que em 2010 o ex-ministro pediu-lhe R$ 2 milhões para a campanha presidencial de Dilma. Costa afirmou que, na ocasião, acionou Youssef para providenciar o montante.

A ficha corrida do responsável pelo cofre do PT também não deixa a desejar. Vaccari responde desde 2010 a denúncia do Ministério Público por suposto desvio de recursos da cooperativa habitacional Bancoop. Ele é réu por estelionato, formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Com a deflagração da Operação Lava Jato, o nome do petista veio à tona. Em depoimentos prestados à Justiça Federal, Youssef e Costa afirmaram que Vaccari intermediava os recursos desviados da estatal para o partido.

Barusco – O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), reagiu ontem à contraofensiva da base aliada, que insiste em incluir na investigação da CPI da Petrobras o período do governo de Fernando Henrique Cardoso. Os governistas alegam que é preciso apurar as revelações feitas pelo ex-gerente de Serviços da estatal Pedro Barusco, dentro do acordo de delação premiada, de que recebia propina desde 1997.

Segundo o parlamentar, “adendo à CPI é possível única e exclusivamente se evidenciando que são fatos conexos”. “Evidente que não há conexão, basta a pessoa conhecer o processo. As decisões do Supremo Tribunal Federal são claras, tem que haver conexão. E se o juiz da causa não entendeu que havia conexão, só falta o PT achar que tem”, disse o líder ao jornal “O Estado de S.Paulo”.

O tucano questionou a estratégia dos petistas de apresentar um pedido de investigação na CPI e recorrer aos órgãos investigativos tendo como base o depoimento de Barusco. “O que é mais importante nisso tudo é que quando eles credibilizam o que o Pedro Barusco disse, eles confirmam que os 200 milhões de dólares foram para a conta do PT”, disse. No depoimento prestado à força-tarefa da Lava Jato, o ex-diretor da Petrobras afirmou que o PT arrecadou até US$ 200 milhões em propinas por meio do esquema de corrupção e cartel na estatal.

Sampaio defendeu que Barusco seja ouvido no colegiado para dar esclarecimentos sobre os supostos desvios ocorridos no período do governo de FHC. “Se ele disser que esse esquema investigado pela Polícia Federal e o Ministério Público era o mesmo da época do Fernando Henrique Cardoso, nenhum problema, vamos investigar também na CPI”, ressaltou.

(Reportagem: Luciana Bezerra, com informações dos jornais “O Globo”, “Folha de S.Paulo” e “O Estado de São Paulo”/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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13 fevereiro, 2015 Últimas notícias 2 Commentários »

2 respostas para “Denunciados pelo doleiro”

  1. rubens malta campos disse:

    Pelo que já foi publicado pela imprensa,não tenho dúvidas de que Lula é um dos principais envolvidos no grande assalto aos cofres públicos.Dilma,Petrolão etc..são apenas corolários .Daí que os petistas tudo farão para dizer que ¨todo mundo¨faz o que fizeram.O PSDB deve agir ferozmente contra isto,pois Lula já está em campanha para 2018 e nós brasileiros não merecemos mais políticos atrasados como êle e tantos outros que pensam como êle.

  2. José Dirceu é um dos cabeça de tudo. A propósito, e o Estádio que foi doado ao club do Coríntia? Alguém sabe de onde saiu aquele dinheiro?

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