Sem receios de discutir

Tucanos condenam histeria petista para barrar debate sobre possibilidade de impeachment de Dilma

Deputados do PSDB reforçaram a avaliação de lideranças tucanas de que falar em impeachment no Brasil não é algo proibido, muito menos crime ou tentativa de golpe, como petistas tentam propagar. Desde que a possibilidade de pedido dessa natureza surgiu na sociedade e nas redes sociais, apoiadores da presidente acusam a oposição e o PSDB de incitar o que eles chamam de “movimento golpista pró-impeachment”.

Os parlamentares tucanos destacam que, bem diferente disso, o partido trata o tema com cautela desde o início. De acordo com os deputados Delegado Waldir (GO) e Luiz Carlos Hauly (PR), são os indícios que começam a apontar para tal possibilidade. No Brasil, tal instituto foi adotado na Constituição de 1946. Na história republicana do Brasil, um caso foi aceito pela Câmara: contra o ex-presidente Fernando Collor de Melo, hoje senador aliado de primeira hora de Dilma e do PT.

“Preenchidos os requisitos legais que estão na Constituição não há golpe. O que existe é aplicação da lei. Não podemos continuar tendo um país onde a lei só vele para os mais humildes”, alertou Waldir, deputado mais votado da história de Goiás. O tucano ressalta que eventuais provas de que a presidente da República possa ter cometido crime de responsabilidade – o que daria aval legal para um processo de impeachment – serão produzidas a partir de investigações de órgãos como Polícia Federal e Ministério Público.

“O único grande golpe quem está dando no Brasil é o PT e a Dilma. O golpe do estelionato eleitoral, da Petrobras, da Eletrobrás.  O golpe no bolso do consumidor brasileiro, matando sonhos e esperança de um Brasil justo e solidário, com uma condução caótica da economia brasileira”, rebateu, na Câmara, o deputado Hauly. O tucano não descarta eventual renúncia da presidente para escapar de eventual processo de impeachment.  

Possibilidade real – Em discurso na noite de terça-feira (10), o líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), disse que não deve haver receio em tratar da possibilidade de impeachment no Congresso, já que esse é um preceito constitucional para preservar a população. “E se estiverem presentes as condições, como aparentam estar, e ela continuar nessa trilha de corrupção e improbidade, haverá sim impeachment”, avisou da tribuna da Câmara.

Já o líder do partido no Senado, Cássio Cunha Lima (PE), afirmou que o tema não deveria causar “arrepios” nos apoiadores da presidente, pois se trata de algo previsto pela Constituição. O presidente nacional do partido, senador Aécio Neves (MG), disse que “não é crime” falar do assunto.  Segundo ele, “desconhecer que há um sentimento de tamanha indignação na sociedade é desconhecer a realidade.”

Os senadores rebateram acusações de parlamentares petistas que acusam o PSDB de querer praticar um golpe contra a presidente da República. Entre eles, figuras como José Guimarães (PT-CE), que já teve um assessor preso com US$ 100 mil dólares na cueca e que também é irmão do mensaleiro José Genoíno, condenado pelo Supremo; e Lindbergh Farias (PT-RJ), presidente da UNE na época do impeachment de Collor e agora um dos principais defensores da tese furada do “golpe”.

FRASES

“Impeachment é preceito constitucional, e, se tiverem previstas as condições, como aparenta que de fato presentes estão, haverá, sim, o impeachment dela. Ninguém tem que ter receio de falar em impeachment nesta Casa.”
Carlos Sampaio (SP), líder do PSDB na Câmara

“A palavra impeachment está escrita na nossa Constituição e, portanto, por ser um tema constitucional, não tem de causar arrepio em ninguém. Se chegar o instante em que a Constituição tenha de ser cumprida, ela será cumprida em todas as suas letras, porque estamos aqui para isso.”
Cássio Cunha Lima (PB), líder do PSDB no Senado

“Não é crime falar em um impeachment da presidente Dilma. Desconhecer que há um sentimento de tamanha indignação na sociedade é desconhecer a realidade.”
Aécio Neves, presidente nacional do PSDB

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)