Responsáveis pelo dinheiro


O Vaccari do Petrolão de hoje é o Delúbio do Mensalão de ontem, compara líder

A deflagração da 9ª fase da Operação Lava Jato – marcada especialmente pelo cerco ao tesoureiro petista João Vaccari Neto – fez o líder dos tucanos na Câmara, Carlos Sampaio (SP), lembrar um dos personagens principais de uma trama desbaratada há quase 10 anos. “O João Vaccari do Petrolão de hoje é o Delúbio Soares do Mensalão de ontem”, disse o parlamentar.  Para o tucano, “demorou demais” a convocação de Vaccari, já que não há qualquer distinção entre o tesoureiro do PT e os  inquilinos da carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR). A diferença é que o petista ainda não foi preso. 

Enquanto o titular do cofre petista tentava convencer investigadores da Polícia Federal de que não tinha qualquer envolvimento com a rede de corrupção articulada na Petrobras, novas evidências da participação do PT no assalto à companhia ganhavam a praça. Em depoimento concedido ao Ministério Público em acordo de delação premiada, o ex-gerente de Engenharia da empresa Pedro Barusco estimou que o PT recebeu de propina em contratos da estatal uma quantia entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões. O executivo citou também que houve a participação de Vaccari nessas operações criminosas. As revelações foram feitas em novembro e divulgadas no andamento processual da Lava Jato nesta quinta.

Novo desfecho – A continuidade da Lava Jato e os processos decorrentes dela devem inaugurar uma nova etapa da história do país, avaliou o deputado Nelson Marchezan Júnior (RS). “Me parece que, pela condução imparcial, técnica e competente do Ministério Público, da Polícia Federal e do Judiciário, vamos ter o caminho que a Constituição determina e a aplicação da legislação às autoridades políticas”, afirmou. “Ao contrário do jargão popular de que no Brasil só se condena ladrão de galinha, a gente espera que os grandes ladrões das Petrobras e das estatais também sejam condenados.”

O tucano alimenta a expectativa pelo reembolso de parte dos recursos públicos surrupiados por agentes públicos e políticos. “Bilhões de reais que foram desviados da propriedade pública para a propriedade privada”, ressaltou.

Conduta suspeita – A escalada de Vaccari ao poder aconteceu no momento em que o PT se instalou no Palácio do Planalto. Ele assumiu o cargo de conselheiro de Itaipu Binacional em 2003 por indicação de Dilma Rousseff, na época ministra de Minas e Energia. Com mandato de quatro anos, vinha sendo reconduzido à função e recebendo um dos maiores jetons pago no Poder Executivo federal – R$ 20.804, 13. A farra acabou em janeiro deste ano, quando ele foi exonerado “a pedido” pelo ministro Eduardo Braga (Minas e Energia) e pela presidente.

Além de cuidar das finanças do PT e de conselheiro da hidrelétrica, Vaccari foi delegado da campanha à reeleição da presidente e a representou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com autonomia, inclusive, para fazer petições e assinar as credenciais dos fiscais da coligação.

Também são extensas as complicações do petista com a Justiça. Ele responde desde 2010 à denúncia do Ministério Público por suposto desvio de recursos da cooperativa habitacional Bancoop. Vaccari é réu por estelionato, formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.

Assim que foi deflagrada a Lava Jato, o nome do correligionário de Dilma voltou às páginas policiais. As investigações identificaram que Vaccari procurou o doleiro Alberto Youssef dias antes de ele ser preso. O flagrante nunca foi bem explicado pelo dirigente.

Coube a Youssef e ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa revelar o papel do petista no esquema criminoso arquitetado nas dependências da companhia. Em depoimentos prestados à Justiça Federal, eles afirmaram que Vaccari intermediava os recursos desviados da estatal para o partido.

De acordo com Costa, 3% do valor líquido dos contratos de todas as diretorias da Petrobras abasteciam os cofres petistas e de aliados. Na área de Abastecimento, o percentual era dividido entre o PT (2%) e o PP (1%), partido que o conduziu ao cargo. Nas demais diretorias onde o PT havia indicado o titular – Exploração e Produção, Gás e Energia e a de Serviços –, os 3% eram integralmente embolsados pelo PT.

(Reportagem: Luciana Bezerra, com informações do portal “G1” , do jornal “O Globo” e da revista “Veja”)

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5 fevereiro, 2015 Últimas notícias 1 Commentário »

Uma resposta para “Responsáveis pelo dinheiro”

  1. Lena disse:

    Deputado, não queremos nada menos que o impeachment de Dilma. Não dá para suportar tanta incompetência, irresponsabilidade, desrespeito. FORA DILMA!

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