Petista perdidinha

Consulta à ficha de ministeriáveis no Ministério Público mostra uma presidente desorientada, reprova Imbassahy

Líder: MP é órgão de fiscalização e controle da administração pública, e não um setor de consulta do governo federal.

O líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy (BA), afirmou nesta terça-feira (23) que o Palácio do Planalto está desorientado e promove uma “grande confusão de competências nas instituições do país”. Com medo de que possa ter que explicar a entrada de suspeitos em corrupção já no início de seu segundo governo, a presidente Dilma está submetendo os nomes de seus futuros ministros ao crivo do Ministério Público. Para o tucano, a petista está com medo de ver um de seus escolhidos deixar o cargo algemado.

“Apesar de o método ser o mesmo – o tomá-lá-dá-cá- para preencher os desnecessários 39 ministérios, a demora da presidente Dilma em nomear a equipe tem uma explicação: é que agora, para não passar o vexame de ter um de seus auxiliares saindo algemado, Dilma disse que consultará o Ministério Publico antes de decidir por alguém”, destacou Imbassahy em seu perfil no Facebook. “A que ponto se chegou: o Ministério Público é órgão de fiscalização e controle da administração pública, e não um setor de consulta do governo federal. Desorientado, o Palácio do Planalto promove uma grande confusão de competências nas instituições do país”, acrescentou.

Petista não confia no seu taco – Na mesma linha, o deputado Raimundo Gomes de Matos (CE) disse que recorrer ao Ministério Público para ter aval de sua equipe do primeiro escalão de governo é sinônimo de que a presidente não conhece e não confia em suas próprias escolhas. O tucano afirma que os escolhidos de Dilma para compor seu ministério estão, no mínimo, sob suspeita e por isso ela tomou uma atitude inusitada e que confunde os limites e atributos dos poderes da República. De acordo com reportagem publicada no site da revista “Veja”, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se negou a repassar à presidente a lista dos políticos envolvidos no petrolão.

“Já está se tornando comum o PT querer inverter os papéis e não assumir a responsabilidade de seus atos. Ela quer envolver outros órgãos para depois dizer que não é responsabilidade dela”, alertou o tucano ao ressaltar que boa parte dos aliados da presidente estão envolvidos nas irregularidades praticadas na Petrobras. “Isso é sinal de que ela não conhece as pessoas que ela escolhe e convive, tratando-as como suspeitas”, completou.

Petista quer envolver outros órgãos para depois dizer que não é responsabilidade dela caso algo dê errado , critica Raimundo.

O receio da presidente se dá principalmente porque na próxima fase das apurações da Operação Lava-Jato, que investiga as irregularidades na estatal, será revelada a participação de políticos. Porém, para Raimundo Matos, a presidente está jogando pra plateia, pois ela conhece bem as “maracutaias” na estatal e quem realmente está envolvido.  Ele lembra que no primeiro mandato Dilma foi vítima de suas próprias escolhas tendo que trocar diversos ministros sob suspeita de corrupção. “É certo que hoje muitos dos que a cercam não merecem exercer suas funções”, disse.

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) também afirmou que o MP não é um órgão auxiliar do Poder Executivo. Segundo ele, essa é mais uma política inusitada do governo petista. O parlamentar lembra que o Poder Executivo tem mecanismos próprios para verificação e avaliação de nomes e que o Ministério Público não é uma instituição independente . “Pega mal para a presidente esse procedimento. Isso revela que chegamos a uma situação surrealista em termos de ética na administração pública, porque para a presidente ter que se socorrer ao MP para nomear é realmente algo que estarrece”, afirmou.

Ex-presidente do STF, Joaquim Barbosa criticou duramente a postura de Dilma.

Até mesmo o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa condenou a postura da petista. Em seu Twitter, Barbosa disse que o MP não serve para assessorar o Poder Público, mas sim para investigar e controlar desvios. “Há sinais claros de que a chefe do Estado brasileiro não dispõe de pessoas minimamente lúcidas para aconselhá-la em situações de crise”, disse. Segundo ele, a atitude da presidente reeleita é sintoma de “degradação institucional”. 

(Reportagem: Djan Moreno/Foto: Lucio Bernardo Junior e Alexssandro Loyola/Áudio:  Hélio Ricardo)