Questão de tempo

 Tucanos reforçam expectativa pela punição dos autores de desvios na Petrobras

Enquanto o governo de Dilma Rousseff lança mão de todas as táticas para abafar o escândalo que consome a Petrobras, o pelotão de combate à corrupção na maior empresa do país mostra sua força e avança nas apurações sobre as falcatruas cometidas.

Para tucanos, essa frente está próxima de punir todos os culpados e tomar de volta o montante desviado. “Acredito na punição. A situação é real, óbvia e clara”, disse o deputado Izalci (DF), que integra a CPI Mista da Petrobras. “Não tenho dúvida nenhuma de que os culpados serão punidos pela Justiça”, reiterou o deputado Luiz Carlos Hauly (PR).

A expectativa dos parlamentares do PSDB ganhou nova força nesta quinta-feira (11) com a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal do Paraná contra 36 investigados na Operação Lava Jato. Além do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, integram a lista representantes das maiores empreiteiras do Brasil.

Presente na entrevista coletiva em que foi detalhado o esquema criminoso articulado na companhia, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que a investigação está longe do final. “Diante do que se esboça aqui, vocês podem entender um recado: essas pessoas, na verdade, roubaram o orgulho dos brasileiros”, acrescentou.

Esta semana, Janot conquistou inimigos no Palácio do Planalto ao criticar o aparelhamento da máquina estatal – marca registrada da gestão petista – e pedir a demissão da cúpula da Petrobras. Segundo a imprensa, a presidente Dilma Rousseff teria se irritado com esse discurso moralizador, já que resiste à possibilidade de destituir Graça Foster da presidência da companhia.

A declaração do procurador está completamente alinhada à posição do PSDB, que há semanas alerta para o desgaste de Foster e dos demais diretores da petroleira. Hauly encaminhou, inclusive, um ofício solicitando a Janot que oficialize o pedido de substituição do comando da Petrobras. “É preciso ter a nomeação de profissionais de notório conhecimento e respeitados pelo mercado nacional e internacional”, disse o tucano.

Além disso, as manifestações contundentes de Janot indicam o quanto é grave a situação da estatal, destacou Izalci. “Ele conhece o processo e o conteúdo da delação premiada do Paulo Roberto Costa. Ele sabe o que aconteceu e, com certeza, vai defender a punição dos culpados e o ressarcimento do que foi desviado.”

Inimigos do PT – Outros dois agentes públicos que despertaram a ira dos atuais ocupantes do Planalto esta semana foram o futuro presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz, e o ministro-chefe demissionário da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage. Em entrevista à revista “Veja”, o primeiro declarou que o governo e toda a administração da estatal ignoraram as advertências feitas pelo órgão em 2009 para as irregularidades que só agora estão sendo descobertas. Caso tivessem tomado providências, os danos poderiam ter sido evitados, avaliou o ministro à publicação. “O fato é que não havia transparência na Petrobras. A empresa era uma grande caixa-preta”, completou.

Hage anunciou a demissão do cargo que ocupou por 12 anos na abertura da semana de comemoração ao Dia Internacional contra a Corrupção, na segunda-feira (8). No discurso, ele disse que as estatais, especialmente as de economia mista, a exemplo da Petrobras, precisam melhorar os sistemas de controle interno. Segundo ele, essas mudanças dependem de decisões políticas para serem implementadas. “O que acaba de ser descoberto na Petrobras constitui clara evidência do que aqui se afirma”, destacou.

(Reportagem: Luciana Bezerra/ Foto: Alexssandro Loyola)