Quebra de decoro


André Vargas tem mandato cassado na Câmara mesmo após manobra de petista

Laycer Tomaz Câmara dos Deputados

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Nem mesmo a manobra da bancada petista evitou a cassação do deputado André Vargas (sem partido-PR) por quebra de decoro parlamentar. Filiado ao Partido dos Trabalhadores até abril deste ano, Vargas perdeu o mandato por 359 votos a 1 e 6 abstenções. Antes da votação, o deputado José Mentor (PT-SP) tentou interromper os trabalhos, mas a tática não funcionou.

Para o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), o voto aberto, adotado na atual legislatura, mostrou mais uma vez sua influência. “Democracias não convivem com mistérios, gostam da luz do Sol”, afirmou. A perda do mandato terá efeitos após a publicação da resolução que derivou do processo. Vargas não compareceu à sessão porque se recupera de uma cirurgia.

Manobra petista – A primeira sessão da Câmara aberta nesta quarta-feira (10) para votar o processo foi encerrada de maneira abrupta por José Mentor. Ele aproveitou um momento de confusão no plenário, assumiu a presidência e encerrou a reunião por falta de quórum, sem maiores explicações.

Imediatamente, a oposição protestou. O 1º vice-líder do PSDB na Câmara, Vanderlei Macris (SP), afirmou que havia a suspeita de um golpe. Ele citou outras votações importantes, como a da MP dos Portos, em que a Mesa aguardou o estabelecimento do quórum. “Não tem sentido encerra essa sessão. Temos que retomar a discussão, sob pena de sérias dúvidas se houve ou não a realização de um golpe”, alertou.

O deputado José Aníbal (SP) reprovou a violência de um parlamentar que “pula em cima da cadeira” e decreta o fim da sessão sem explicações. O tucano afirmou que, em 22 anos de parlamento, nunca viu tamanha agressão à Casa. “Como dizia Mário Covas, o Parlamento, com suas fraquezas, com as suas grandezas, só crescerá na medida em que praticar a democracia. Não pode praticar atitudes como essa”, completou.

O relator do processo, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), cobrou a retomada da sessão com o caso de Vargas na pauta. Segundo ele, a reunião não poderia ter sido interrompida tão perto de alcançar o quórum. “Nas vésperas de entrarmos no recesso legislativo, essas votações e essas atitudes terão repercussão no início da próxima legislatura. Essa sessão ser encerrada da forma que foi, não tem jogo aqui”, disse.

Provas contundentes – Júlio Delgado reafirmou haver provas concretas de que Vargas mentiu ao negar seu envolvimento no favorecimento de empresas junto ao Ministério da Saúde e outros órgãos. “O esquema encontrou no deputado uma chave para atuação junto ao poder público”, disse.

Conforme o relatório, Vargas quebrou o decoro ao ter atuado na intermediação junto ao Ministério da Saúde em favor do laboratório Labogen, do doleiro Alberto Youssef, preso em março por participação em esquema de lavagem de dinheiro. O parecer enfatizou ainda o alto custo da alocação da aeronave usada por Vargas – cerca de R$ 105 mil –, quantia que foi financiada pelo doleiro.

(Da redação com informações da Agência Câmara/ Foto: Laycer Tomaz/Câmara dos Deputados)

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10 dezembro, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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