Pizza à vista


Relatório da CPI Mista da Petrobras isentou alto escalão do governo e da estatal, critica Izalci

Lucio Bernardo Jr. Câmara dos DeputadosRelator da CPI Mista da Petrobras, o deputado petista Marco Maia (RS) resolveu ignorar todas as evidências a respeito do esquema de corrupção articulado na companhia. Em relatório apresentado nesta quarta-feira (10) aos membros do colegiado, ele não indiciou nenhuma autoridade, isentou a diretoria da estatal de qualquer responsabilidade e desmereceu as avaliações técnicas do Tribunal de Contas da União (TCU) a respeito, especialmente, da compra da refinaria de Pasadena (EUA). A oposição deve apresentar um relatório paralelo na próxima quarta-feira (17), a partir das 10h15, quando será votado o parecer do parlamentar governista.

Segundo o deputado Izalci (DF), um dos representantes do PSDB na comissão, o relator atribuiu aos “mordomos” a responsabilidade pelos malfeitos registrados na estatal. No caso, os contadores Meire Poza e Antonio Almeida Silva, conhecido como Toninho. A primeira prestou serviços ao doleiro Alberto Youssef e, em depoimento à CPI Mista, admitiu ter repassado R$ 7 milhões para ele em notas frias. Antonio está entre os denunciados pelo Ministério Público Federal por participar das falcatruas operadas na Petrobras. “Esse relatório sobrou para o terceiro e quarto escalões. Os culpados são aqueles que mandam e não é admissível alguém dizer que não sabe nem viu depois de 12 anos de roubalheira”, contestou Izalci.

O parlamentar destacou, ainda, as manobras adotadas por Maia para preservar a presidente da Petrobras, Graça Foster. “Ela mentiu para a CPI mista. Disse que não tinha conhecimento sobre o pagamento de propinas a funcionários da estatal. Depois, confessou que sabia. No resumo do relatório, não há uma linha dizendo que ela mentiu para a CPI e que tem que responder por isso”, acrescentou Izalci.

Conivência – Maia limitou-se a confirmar os indiciamentos já feitos pela Justiça e sugerir o “aprofundamento” das investigações da Operação Lava Jato, deflagrada em março deste ano pela Polícia Federal. “A CPMI corrobora e ratifica os procedimentos de indiciamentos e denúncias adotados na esfera judicial e, considerando a existência de indícios bastantes, recomenda o aprofundamento das investigações com vistas a apurar a efetiva responsabilização de todos os investigados na Operação Lava Jato sobre os quais já foram produzidas provas de algum grau de envolvimento nos fatos apurados, tanto agentes privados quando agentes públicos”, declara o parlamentar no documento.

Numa tentativa de proteger a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula e a atual diretoria da Petrobras, o petista sugere no texto que “há de se desconsiderar alusões a nomes de políticos ou agentes públicos que não constem dos depoimentos prestados nos autos dos inquéritos e ações penais a que a CPMI teve acesso”. Os dois primeiros teriam sido citados em um depoimento do doleiro Alberto Youssef ao Ministério Público Federal, sob o acordo de delação premiada, segundo reportagem da revista “Veja” que começou a circular em 24 de outubro.

A conivência de Maia em relação à diretoria da empresa diverge, inclusive, da opinião do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Na terça-feira (9), durante a Conferência Internacional de Combate à Corrupção, ele criticou o aparelhamento da máquina estatal, apontou o combate à corrupção como prioridade e pediu a demissão da cúpula da Petrobras. A opinião de Janot aborreceu, inclusive, o Palácio de Planalto, que já prepara um revide público ao procurador-geral.

O parlamentar gaúcho também aliviou para Dilma Rousseff e para o alto escalão da petroleira no capitulo relacionado à compra da refinaria de Pasadena. Segundo ele, o prejuízo de US$ 792 milhões que a Petrobras sofreu e foi contabilizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) nessa operação “precisa ser reavaliado, em virtude de ter sido baseado em cenário que deixou de considerar fatores importantes”. Dilma presidia o Conselho de Administração da estatal na época em que foi adquirida a primeira parte da unidade, em 2006. Questionada pela imprensa no começo deste ano a respeito da negociação, a petista disse que se baseou num resumo “técnica e juridicamente falho” para aprovar a compra e responsabilizou, indiretamente, o ex-diretor da área Internacional, Nestor Cerveró.

A respeito desse episódio, Izalci lembrou que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa confessou, dentro do acordo de delação premiada, que recebeu R$ 1,5 milhão de propina durante o processo de aquisição da refinaria.

Relatório da CPI Mista da Petrobras isentou alto escalão do governo e da estatal, critica Izalci from PSDB na Câmara on Vimeo.

 (Reportagem: Luciana Bezerra/ Foto: Lucio Bernardo/Ag Câmara/ Vídeo: Hélio Ricardo)

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10 dezembro, 2014 Últimas notícias 1 Commentário »

Uma resposta para “Pizza à vista”

  1. rubens malta campos disse:

    É isso aí.Grande pizza.Só que o assunto não morreu e antevejo graves desdobramentos.

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