Estatal em xeque


Oposição ouve ex-diretor que diz ter sido demitido da Petrobras por divergências com Dilma

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Ex-diretor acredita ter sido afastado por não estar em sintonia com “as políticas que queriam implementar”.

Parlamentares da oposição conduziram uma sessão informal da CPMI da Petrobras nesta quarta-feira (3) para ouvir o ex-diretor de Gás e Energia da estatal Ildo Sauer. A oitiva não convencional se deu diante da impossibilidade de abertura de audiência pública por causa da votação em plenário do projeto que libera o governo de fazer superávit neste ano. No depoimento, Sauer disse que desconhecia a existência de um esquema de corrupção na empresa, mas afirmou ter sido demitido por não estar sintonizado com as diretrizes em curso na estatal, que é pivô de sucessivos escândalos.

Questionado pelo deputado Carlos Sampaio (SP) se teria sido demitido da diretoria por não participar do esquema ilegal instalado na empresa, Sauer disse que prefere acreditar “que não estava sendo adequado para a política que queriam implementar.” O ex-diretor disse que enquanto foi dirigente da estatal não tomou conhecimento de que houvesse um esquema de pagamento de propina, mas que se conhecesse jamais compactuaria.

Sauer, porém, deixou a diretoria que ocupava em 2007 e, segundo ele, isso se deu devido “divergências com a ministra que mandava na empresa”, ao se referir à presidente Dilma. O ex-diretor admitiu que naquela época já havia uma orientação clara do governo de direcionar o setor petroquímico a Odebrecht, numa clara tentativa de monopolizar o setor.

Quanto à compra da refinaria de Pasadena, Sauer disse que, com base no que foi apresentado na época da aquisição, a compra da refinaria não geraria prejuízos. Segundo ele, foram questões posteriores que fizeram com que tal refinaria nos EUA não desse lucro, como apontou o TCU. 

Ainda de acordo com Sauer, se tivesse sido cumprido o projeto original para renovar o parque de refino para processar o petróleo pesado, a empresa poderia ter lucrado US$ 845 milhões. Mas a Petrobras optou por adquirir petróleo mais leve, o que saiu mais caro para a companhia e, assim, os resultados não foram os esperados.

Para o deputado Izalci (DF), tudo isso, inclusive a mudança nos procedimentos, já havia sido previsto e premeditado. “Foi tudo combinado. Se estabeleceu o Revamp sabendo que a Astra Oil não iria cumprir aquilo. Então o contrato já foi feito sob a previsão de que futuramente seria reincidido, que seria questionado. Assim, em cada etapa tiveram a oportunidade de superfaturar e fazer os desvios financeiros, como o próprio Paulo Roberto Costa admitiu já que recebeu US$ 1,5 milhão para não atrapalhar o negócio”, disse.

Apesar de Sauer ter preferido não dar sua opinião sobre o suposto desconhecimento de Dilma e Lula quanto aos atos ilícitos na empresa, o parlamentar afirma que é nítido que havia uma conivência do então presidente da República e da então ministra e presidente do Conselho Administrativo da estatal.

“Não tenho dúvida de que sabiam e conduziram o processo”, disse, ao lembrar que mesmo com os alertas do TCU sobre superfaturamentos e dispensas de licitação, o governo Lula vetou a paralisação das obras aprovada pelo Congresso. Em e-mail dirigido à Dilma em 2010, Paulo Roberto Costa –ex-diretor de Abastecimento preso na Operação Lava Jato – havia dado a entender que seria preciso uma intervenção política, que ocorreu por meio do veto, para que não houvesse a interrupção das obras em curso.

Sauer voltou a dizer que Dilma, em vez de cumprir suas obrigações, tem uma habilidade ímpar para encontrar culpados do que para apontar soluções. Para ele, as revelações feitas por Costa representam uma tragédia para a empresa e para o Brasil.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Gabriela Korrossy – Câmara dos Deputados)

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3 dezembro, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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