Day after


Truculência de Dilma e cenário desolador serão desafios da nova equipe econômica

Anunciada na quinta-feira (27) após muitas especulações, a nova equipe econômica do governo Dilma Rousseff, encabeçada pelo economista de perfil ortodoxo e austero Joaquim Levy no Ministério da Fazenda, 15581972068_72a3b8719a_která, segundo os tucanos, mais desafios do que imagina pela frente. Para começar, a personalidade forte e truculenta da presidente.

“O importante é saber o ‘day after’. A presidente Dilma vai deixar Joaquim Levy tocar a economia como se deve ou ela vai interferir?”, questionou o deputado Luiz Carlos Hauly (PR) nesta sexta-feira (28). “Tem que mudar a política econômica, não basta mudar só os ministros”, acrescentou.

A guinada deve acontecer, disse o parlamentar, nas reformas, nos controles macroeconômicos e no resgate da credibilidade do governo junto ao mercado. “Vai ser permitido isso? Essa é a grande pergunta. Eu duvido”, completou Hauly.

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Integram também a nova equipe Nelson Barbosa (Planejamento) e Alexandre Tombini, reconduzido à presidência do Banco Central. O primeiro é professor titular da Escola de Economia de São Paulo (da Fundação Getulio Vargas) e foi secretário executivo do Ministério da Fazenda entre 2011 e 2013. Ele deixou o cargo após rusgas com a equipe atual, liderada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin.

Trajetória respeitável – Formado em Engenharia Naval pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutor em economia pela Universidade de Chicago (EUA), Levy foi secretário- adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda em 2000. No ano seguinte, assumiu o cargo de economista-chefe do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Ele também foi secretário do Tesouro de 2003 a 2006, quando o Ministério da Fazenda era chefiado por Antonio Palocci.

Ex-aluno do economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, é conhecido como um profissional determinado e obsessivo. “Tem uma trajetória acadêmica, profissional e pública respeitável. Vejo tempos difíceis para ele e para a condução da economia”, lamentou Hauly, referindo-se, especialmente, à conduta submissa de Mantega diante da chefe do Poder Executivo. “Nem foi um ministro da Fazenda. Era só um imediato da linha dura da presidente Dilma.”

Cenário desolador – Além de administrar o gênio e os pitacos da petista, a nova equipe enfrentará um cenário econômico adverso. Ao permitir que a máquina pública gastasse além da conta, não investir em infraestrutura e lançar políticas pontuais e irresponsáveis para estimular o consumo, Dilma colhe a tempestade reservada aos amadores. Em 12 meses até outubro, a inflação somou 6,59% – acima do teto de 6,5% fixado pelo governo. Para manter esse dragão na jaula, o Comitê de Política Monetária (Copom) apostou nos juros cavalares de 11,25% ao ano.

As decisões desastrosas da presidente repercutem, invariavelmente, no Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, entre julho e setembro, fechou em 0,1%, alta tímida e aquém das expectativas após dois trimestres no negativo.

O remédio escolhido pela petista será amargo e atende pelo nome de arrocho, expressão que ela se recusou a citar durante as eleições sob o risco de perder votos. Estima-se que o aperto alcance R$ 50 bilhões, com cortes nos gastos, inclusive nos programas sociais, e aumento de juros e impostos. “A presidente Dilma está fazendo exatamente o contrário do que prometeu. Essa equipe econômica que foi anunciada é exatamente tudo que ela negou na campanha”, criticou o deputado Izalci (DF). “Não dá para você prometer na campanha e três dias depois da eleição você já fazer a mudança, como aconteceu com os juros.”

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse, em nota, que “as contradições cada vez maiores da presidente Dilma Rousseff sinalizam um governo sem planejamento, que não sabe a direção que vai tomar”.

(Reportagem: Luciana Bezerra/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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28 novembro, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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