Na linha de tiro


Avanço nas investigações da Petrobras atinge cada vez mais integrantes do governo petista 

14123851592_70164049c0_kAs revelações do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal sobre o esquema de corrupção na estatal abateram a primeira vítima. Acusado pelo delator de pagar R$ 500 mil como propina para que uma licitação de navios fosse direcionada, o presidente da Transpetro (subsidiária da Petrobras), Sérgio Machado, pediu licença do cargo.

O episódio, na avaliação do deputado Nelson Marchezan Júnior (RS), é “só mais uma sequência de um governo instrumentalizado para desviar recursos”. “Nós temos ao longo da gestão Lula e Dilma uma verdadeira linha de tiro. A cada mês, algum articulador, agente político ou diretor de estatal é abatido pelas investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal”, acrescentou o tucano.

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Ainda que seja oficialmente temporário, o afastamento já é encarado pelo Palácio do Planalto como definitivo, pois ocorreu sob circunstâncias, no mínimo, constrangedoras para o governo. Auditores da Pricewaterhouse Coopers condicionaram a validação do balanço do terceiro trimestre da Petrobras à saída de Machado, pressionados especialmente pelas investigações da Securities and Exchange Commission (SEC), instância reguladora do mercado financeiro dos Estados Unidos, sobre as irregularidades na companhia.

A instituição que fiscaliza o mercado de ações norte-americano começou as apurações após a divulgação do conteúdo da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, e das denúncias de Costa e do doleiro Alberto Yousseff, que detalharam a operação criminosa montada na companhia amparados pelo acordo de delação premiada.

Como a Petrobras tem recibos de ações negociados na Bolsa de Nova York, ela é também submetida às leis do mercado acionário dos EUA. Elas proíbem, por exemplo, casos de corrupção envolvendo empresas com ações listadas na principal bolsa de negócios do país e que executivos envolvidos em escândalos semelhantes ao da estatal brasileira assinem balanços.

Marchezan criticou o caráter da administração petista, que só afasta suspeitos de envolvimento em casos de corrupção em situações-limite. “Esse agentes políticos colocados no governo do PT só deixam de irrigar a máquina de desvio de recursos quando se torna insustentável a permanência deles pelo avançar das investigações ou pela publicidade”, afirmou.

Vaccari na linha – O afastamento de Machado reacende as críticas à permanência do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, no Conselho de Administração de Itaipu Binacional. O petista foi apontado por Costa como um dos receptores da propina desviada da Petrobras.

Indiferente às denúncias e à pressão para destituí-lo do cargo, pelo qual ele é remunerado mensalmente com R$ 20.804,13, a presidente Dilma Rousseff o protege. Perguntada durante a campanha eleitoral por que não o demitia, ela silenciava ou desconversa. Nos bastidores, chegou a mobilizar governistas para impedir a exposição do colega de partido, inclusive inviabilizando o depoimento dele à CPI Mista da companhia.

De acordo com Costa, 3% do valor líquido dos contratos de todas as diretorias da empresa abasteciam os cofres petistas e de aliados. Na área comandada por Costa, o percentual era dividido entre o PT (2%) e o PP (1%), partido que o conduziu ao cargo. Nas demais diretorias onde o PT havia indicado o titular – Exploração e Produção, Gás e Energia e a de Serviços –, os 3% eram integralmente embolsados pelo PT.

Reunião administrativa – A CPI Mista da Petrobras volta a se reunir nesta quarta-feira (5) para votar mais de 480 requerimentos. Além disso, o relator Marco Maia (PT-RS) deve apresentar novo cronograma de depoimentos. Outro tema que entrará em debate é a prorrogação das atividades da comissão até 22 de dezembro. Pela programação original, a CPI encerraria os trabalhos em 23 de novembro.

(Reportagem: Luciana Bezerra/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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4 novembro, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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