Petrolão


 Para deputados, depoimento de contadora de Youssef confirma volta do mensalão petista

Gabriela Korossy Câmara dos DeputadosDeputados tucanos saíram do depoimento de mais de quatro horas de Meire Bonfim Poza, ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, na CPI Mista da Petrobras, certos de que o PT e aliados continuam a usar as mesmas manobras adotadas durante o mensalão para desviar recursos públicos e abastecer o cofre de partidos.

Youssef foi preso em março deste ano na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, sob acusação de chefiar uma quadrilha que movimentou R$ 10 bilhões por meio de evasão de divisas e lavagem. Em 24 de setembro, ele assinou um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.

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Aos parlamentares, ela confirmou nesta quarta-feira (8) algumas das supostas peripécias promovidas por Youssef. Entre elas, a tomada de um empréstimo de R$ 4 milhões em nome da empresa dela, a Arbor Consultoria e Assessoria Contábil, no Banco Máxima. A instituição financeira teria aceitado realizar a operação ciente de que Poza não teria condições de saldar a dívida. “Assim como no mensalão, houve a utilização do sistema bancário para tirar financiamento fictício, como acontecia com o Banco Rural”, destacou o deputado Izalci (DF).

O parlamentar lamentou que as falcatruas tenham sido divulgadas somente após o primeiro turno das eleições.  “Acredito que antes do segundo turno a população brasileira ficará sabendo da quadrilha que foi montada para sacar recurso público”, disse.

Durante a audiência, ela afirmou que emitiu cerca de R$ 7 milhões em notas frias a pedido de Youssef e de integrantes dos empreendimentos administrados por ele. Segundo a contadora, o doleiro  solicitava o mesmo tipo de documento ilegal a Valdomiro de Oliveira, titular das empresas MO Consultoria e RCI Software. Além disso, confirmou que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa tinha negócios em comum com o doleiro.

 Dinheiro suspeito – Para surpresa dos integrantes do colegiado, Meire revelou que o jornalista Breno Altman, ligado ao PT, teria repassado dinheiro ao doleiro Enivaldo Quadrado para o pagamento de multa imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Dono da corretora Bônus Banval, o doleiro foi condenado por lavagem de dinheiro no julgamento do mensalão e penalizado com serviços alternativos e multa de R$ 28,6 mil, desconsiderando juros e correções feitas posteriormente.

Meire disse que, de maio a julho deste ano, foi à casa de Altman receber R$ 15 mil por mês. Ela entregava as quantias a Quadrado na cidade de Assis (SP), de acordo com ela. As duas primeiras remessas foram feitas, segundo a contadora, em real. A terceira, com notas de dólares. Segundo Meire, o dinheiro foi usado para pagar multas de condenados no mensalão.

O episódio foi considerado estarrecedor pelo líder da Minoria, deputado Domingos Sávio (MG). “A quadrilha se instalou no Brasil e roubou no mensalão. Alguns dos indivíduos que foram condenados são tratados como heróis e louvados pela militância. Outros tiveram que pagar multa. Aí o partido se organiza para pagar com dinheiro roubado”, reprovou.

 Relação antiga – Quadrado foi o responsável por tornar Meire prestadora de serviços das empresas pertencentes ao doleiro Youssef a partir de 2010. Mas foi somente a partir de junho de 2011 que ela passou a oferecer assessoria contábil regularmente.

Meire fazia a contabilidade, inclusive, da GFD Investimentos, empresa na qual Quadrado era diretor financeiro. Segundo ela, as receitas do empreendimento eram provenientes do faturamento de alguns hotéis pertencentes ao doleiro, de aluguéis de terrenos e de emissões de notas frias feitas para empreiteiras.

(Reportagem: Luciana Bezerra/ Foto: Gabriela Korossy/Câmara dos Deputados/ Áudio: Hélio Ricardo)

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8 outubro, 2014 Últimas notícias 1 Commentário »

Uma resposta para “Petrolão”

  1. Letice Araujo disse:

    Quando isto tudo vai para os jornais e televisão?
    O povo precisa saber de tudo isso.
    Não adianta ficar somente na comunicação interna do partido
    Nós com nós não esclarece a população.

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