Ela já deveria estar fora
Para Hauly, sobram evidências da passividade de Dilma com sucessão de escândalos na Petrobras
Após vociferar contra o “uso eleitoral” das muitas denúncias que envolvem a Petrobras, a presidente Dilma Rousseff deu um recuo estratégico ao falar sobre o tema em entrevista à imprensa no domingo. Questionada a respeito dos desdobramentos da delação premiada aceita pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, preso na operação Lava Jato, da Polícia Federal, a petista disse que não existe instituição imune a irregularidades. Para o deputado Luiz Carlos Hauly (PR), sobram evidências da complacência e da inércia da presidente em relação à série de malfeitos na estatal.
O deputado defendeu que Costa e o doleiro Alberto Youssef, que também estaria disposto a depor em regime de delação premiada, não paguem sozinhos pelos crimes descobertos pela PF. É importante, ressaltou Hauly, que todos os envolvidos nos desmandos, inclusive os servidores do governo, não fiquem impunes. “Espero que eles, ao fazer a delação, deem os nomes de todos os envolvidos, pois ambos serviram a uma estrutura de políticos e pessoas usando a Petrobras”, enfatizou o parlamentar. Na opinião do deputado, “só o presidencialismo brasileiro, da forma como é concebido, permite que um governo com um escândalo tão grande como o da Petrobras continue governando”. Hauly acredita que a petista “estaria na rua” se aqui estivesse em vigor um sistema político nos moldes de países democráticos europeus.
NOVA CONDUTA – Diante do surgimento da notícia de que Costa pretende contar tudo que sabe e operou na petroleira, o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), já anunciou a apresentação de requerimento de convocação do ex-diretor da Petrobras para depor na CPI mista que apura irregularidades na estatal.
O tucano espera que Costa tenha uma conduta diferente da que adotou durante o depoimento prestado à CPI da Petrobras no Senado, em 10 de junho. A uma plateia formada exclusivamente por governistas, ele alegou inocência sobre as acusações de que recebeu propinas de empresas fornecedoras da companhia. Com a voz embargada e olhos marejados, ainda negou que tenha sido montada uma “organização criminosa” na Petrobras. No dia seguinte, o ex-diretor voltou à carceragem da Polícia Federal. No entendimento da Justiça, ele poderia fugir do país, já que mantinha ocultos US$ 23 milhões em contas na Suíça.
Na sexta-feira (22), Imbassahy protocolou representações contra a presidente da Petrobras, Graça Foster, junto ao Ministério Público Federal (íntegra) e ao procurador do Ministério Público junto ao TCU (íntegra). Elas foram motivadas pelas denúncias do site do jornal “O Globo” de que Foster e o ex-diretor da companhia Nestor Cerveró transferiram imóveis a parentes logo após o surgimento do escândalo envolvendo a compra da refinaria de Pasadena (EUA), um dos piores negócios da história da principal estatal brasileira.
(Reportagem: Luciana Bezerra/ Foto: Alexssandro Loyola)
As representações estão muito bem formuladas.Pressão neles.