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Com voto favorável de tucanos, Conselho de Ética aprova cassação do mandato de André Vargas
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara aprovou nesta quarta-feira (20) o relatório do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) que pede a cassação do mandato do deputado André Vargas (sem partido-PR), que na maior parte deste legislatura integrou a bancada do PT. O parecer do parlamentar mineiro contou com o foto favorável de 11 deputados, entre eles dos tucanos Izalci (DF) e César Colnago (ES). O processo segue, agora, para o plenário da Casa. Ainda assim, a defesa de Vargas tem cinco dias para recorrer na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC), que serão contados a partir de amanhã (21).
No entendimento de Delgado e dos integrantes do colegiado, Vargas apresentou conduta incompatível com a atividade parlamentar ao intermediar acordo do Ministério da Saúde com a Labogen, laboratório de fachada pertencente ao doleiro Alberto Youssef, e ao viajar em jatinho providenciado pelo doleiro. Preso em março na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, Youssef é acusado de pertencer a uma quadrilha que montou um esquema de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Pelas investigações da PF, o esquema movimentou de cerca de R$ 10 bilhões.
A forte amizade com Youssef, atestada em trocas de mensagens por telefone divulgadas pela imprensa, levou Vargas a renunciar o cargo de primeiro vice-presidente da Câmara e a se desfiliar do PT. Com isso o governo e, especialmente, os condenados pelo Mensalão perderam um dos seus defensores mais convictos.
O deputado Izalci (DF) disse que é evidente a atuação de Vargas como “lobista profissional”. “Não tenho dúvida depois dos depoimentos e do brilhante relatório do Delgado, que deu todas as oportunidades para todo mundo falar nesse processo”, disse. “Gostaria muito que o deputado André Vargas pudesse ter nos falado claramente por que renunciou a vice-presidência da Câmara e pediu afastamento do PT”, completou.
Colnago parabenizou a coragem de Delgado, que soube suportar pressões e levar adiante o processo contra o deputado paranaense. “Quero dizer que o espírito de vossa excelência foi de um homem público de muito valor. Parabéns a todos os membros desse conselho”, afirmou.
MANOBRAS CONDENÁVEIS – A reunião do colegiado desta quarta começou com o depoimento da testemunha de defesa do deputado Luiz Argôlo (SD-BA) nos processos que tramitam contra ele. Numa clara tentativa de atrapalhar o andamento das investigações, a defesa do parlamentar convidou Douglas Alberto Bento, gerente da agência da Caixa localizada no anexo 4 da Câmara dos Deputados, para falar sobre as movimentações bancárias da conta de Argôlo.
Respaldado na Lei Complementar 105/2001, que dispõe sobre sigilo bancário, Douglas afirmou que não poderia dar informações sobre qualquer depósito ou transferência realizada. O gerente fez questão de salientar que não tem qualquer relação com o deputado fora do ambiente parlamentar.
Izalci criticou as manobras realizadas pela defesa.”O que a gente percebe é que há interesse de procrastinar. Temos que avaliar a situação dessas testemunhas arroladas pela defesa para ver se realmente elas têm alguma contribuição a dar. Estamos perdendo um tempo danado sem nenhum resultado prático no processo”, destacou o tucano.
O deputado do PSDB questionou ainda estratégia de defesa de Argôlo, que não oferece provas de inocência ao conselho. “Quando os parlamentares têm aqui certa representação caberia a eles demonstrar a inocência. No caso específico do Argôlo, ele deveria agilizar a apresentação de provas se não existem realmente os fatos”, disse.
Argôlo é alvo de de representações movidas pelo PPS e pela Mesa Diretora da Câmara a partir de denúncias da revista “Veja” e do jornal “Folha de S.Paulo” que mostram troca de mensagens entre o parlamentar e o doleiro Youssef sobre a transferência de R$ 120 mil. O recurso teria sido encaminhado para a conta do chefe de gabinete do deputado do Solidariedade, Vanilton Bezerra.
(Reportagem: Luciana Bezerra/ Foto: Antonio Araújo – Câmara dos Deputados)
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