Versão naufraga


Interferência de assessores do Planalto na CPI do Senado desmonta discurso petista, afirmam tucanos

 Deputados do PSDB destacaram nesta quarta-feira (6) que naufragou a tentativa da presidente Dilma Rousseff de se descolar do escandaloso esquema de antecipação de perguntas a depoentes da CPI da Petrobras 9616627900_a6ffaa48fe_zno Senado.

De acordo com reportagem da “Folha de S.Paulo”, assessores do Palácio do Planalto coordenaram a atuação da Petrobras e da Liderança do PT no Senado na comissão que investiga desmandos na estatal.

A revelação desmontou a estratégia da petista. Ao ser questionada sobre o escândalo na segunda-feira (4), em São Paulo, ela se limitou a declarar que “é uma questão que deve ser respondida pelo Congresso”.

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“É claro que essa situação foi articulada dentro do Palácio do Planalto e dentro da estrutura do gabinete da Presidência. Isso é gravíssimo”, enfatizou o deputado Vaz de Lima (SP). “Trata-se de uma ingerência no Poder Legislativo e demonstra a falta de compromisso com a democracia. O Congresso não pode deixar isso barato. Se não, estaremos cada vez mais perto de uma ditadura ”, acrescentou.

O deputado Ruy Carneiro (PB) destacou, especialmente, a conduta da base aliada à Dilma Rousseff. “Tenho que lamentar a postura de parlamentares da CPI, que têm feito conchavos com o governo federal”, afirmou. “É até natural a assessoria do governo aos funcionários que vão depor na CPI. Outra coisa é o Palácio do Planalto tentar, por contar com uma maioria governista, manipular a CPI e fazer uma investigação de faz de conta.”

ENREDO ESCABROSO – A matéria da “Folha de S.Paulo” revela que o número dois da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Luiz Azevedo, ajudou a elaborar o plano de trabalho apresentado pela CPI em maio.

9457347405_91ef4a9b3d_zDiretamente subordinado ao ministro Ricardo Berzoini, ele foi o estrategista escalado pelo governo para blindar Dilma Rousseff e evitar que o trabalho da CPI atingisse a atual diretoria da Petrobras. Além de Azevedo, o Planalto destacou ainda Paulo Argenta, outro assessor da SRI, para evitar que a CPI saísse do controle ou causasse sobressaltos ao governo.

A publicação afirma que Azevedo e Argenta tiveram acesso antecipado às perguntas que o relator da comissão, senador José Pimentel (PT-CE), faria aos executivos sobre contratos suspeitos aprovados pelo conselho da companhia. Os lotes com as indagações foram entregues ao Planalto por Marcos Rogério, assessor da liderança do PT na Casa.

O jornal apurou ainda que o governo discutiu com assessores do PT no Senado e o chefe do escritório da Petrobras em Brasília, José Eduardo Barrocas, a conveniência da aprovação de requerimentos específicos da comissão.

COLEÇÃO PETISTA – Vaz de Lima relembrou dois graves episódios ocorridos nas dependências do Palácio do Planalto que evidenciam a vocação dos petistas para a prática de atos ilegais e antiéticos. “Foi assim com Erenice Guerra, com Antonio Palocci e parece que continua até hoje”, disse.

Erenice Guerra foi demitida do cargo de ministra-chefe da Casa Civil em novembro de 2010, após as denúncias de que seu filho, Israel Guerra, aproveitou o poder e prestígio da mãe para montar um esquema de intermediação de projetos privados junto a órgãos do governo.

Um dos casos de tráfico de influência relatados pela imprensa envolveu a MTA Linhas Aéreas, que teria pago R$ 5 milhões a Israel depois de ele “ajudá-la” a renovar sua concessão na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e a fazer negócios com os Correios.

Sete meses depois do “caso Erenice”, outro titular da Casa Civil precisou deixar o governo por envolvimento em episódios nebulosos. Antonio Palocci anunciou seu afastamento da gestão petista em junho de 2011 após o surgimento de denúncias de que ele multiplicou por 20 seu patrimônio entre 2006 e 2010.

Esta não foi a única vez em que o ex-ministro esteve no foco de um escândalo. Palocci deixou o comando do Ministério da Fazenda em 2006, durante o governo Lula, ao ser acusado de ordenar a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, que trabalhava em uma casa, em Brasília, frequentada por ele e lobistas.

(Reportagem: Luciana Bezerra/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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6 agosto, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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