Garoto de recados


Para Izalci, ex-presidente da Petrobras America adotou estratégia do “não sei, não vi”

O ex-presidente da Petrobras America José Orlando Melo de Azevedo negou a responsabilidade pela condução da disputa judicial entre a petrolífera e a empresa belga Astra Oil, antiga proprietária da refinaria de Pasadena9144075821_02e0f9a346_z. Ele prestou depoimento à CPI Mista que investiga irregularidades nos negócios da estatal brasileira nesta quarta-feira (30). Para o deputado Izalci (DF), na audiência ficou claro que Azevedo era um garoto de recados do ex-presidente da empresa José Sérgio Gabrielli.

“Ele era um testa de ferro do Gabrielli e foi para lá cumprir ordens, isso é um fato”, declarou o tucano após a reunião. “Ficou claro que o executivo era um office-boy que levava recados sem saber exatamente o conteúdo”, completou.

A Petrobras America é uma subsidiária da companhia brasileira que atua nos Estados Unidos. Azevedo foi demitido pela atual presidente da estatal, Graça Foster, depois que denúncias de corrupção e desvio de dinheiro público vieram à tona. Após o litígio entre a Petrobras e a Astra Oil, concluído em 2012, o Brasil pagou US$ 1,2 bilhão pela refinaria de Pasadena, no Texas. O processo ajudou a encarecer o negócio. Em 2005, a Astra comprou a planta de Pasadena por US$ 42,5 milhões.

O ex-presidente da Petrobras America afirmou que as negociações foram feitas pelos advogados da empresa. Azevedo disse que, apesar de ter todas as informações sobre a disputa judicial, sua função “era atuar para que as decisões estratégicas da Petrobras fossem tomadas”.

Segundo Izalci, o depoimento pouco acrescentou aos trabalhos do colegiado. O deputado criticou o aparente desconhecimento de Azevedo sobre o processo de negociação, já que ele chefiava a subsidiária. “Ele adotou a estratégia do governo do PT de que não viu, não sabe, não conhece”, apontou. “Ele era presidente da empresa e diz que não sabe absolutamente nada do que aconteceu com relação à operação com a Astra”, acrescentou.

Expectativa – A expectativa de Izalci é que a presidente Dilma seja responsabilizada pelo prejuízo sofrido na compra de Pasadena. A petista era presidente do Conselho de Administração da Petrobras e autorizou a aquisição da refinaria.

“A presidente Dilma vai ser responsabilizada. Ela foi isenta da questão administrativa, mas o processo criminal ainda não aconteceu, e fatalmente ela vai ser envolvida”, disse.

A CPI Mista vai receber dois ex-diretores da área internacional nas próximas semanas: Jorge Luiz Zelada, no dia 6 de agosto; e Nestor Cerveró, no dia 13. “Espero que até lá as quebras de sigilo fiscal e telefônico sejam autorizadas para confirmar aquilo que a gente já sabe: que essa negociação foi superfaturada e com a participação de diversos atores”, concluiu.

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Alexssandro Loyola)

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30 julho, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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