Alerta vermelho


Líder do PSDB na Câmara critica lambança do governo petista na economia

O líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), classificou de grave e lastimável a inércia do governo de Dilma Rousseff diante do caos econômico do país.  “A economia está completamente fora do controle. O mais grave é que a presidente Dilma, quando perguntada sobre o que vai fazer, diz que não sabe e não tem ideia”, criticou o tucano nesta quarta-feira (9).

 O desconserto da petista só não é igual ao do setor produtivo e dos consumidores, nocauteados por uma dobradinha já batizada pelos analistas de mercado como estagflação, a soma explosiva de crescimento pífio e inflação alta.

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 A indústria, especialmente, reproduz esse cenário desolador da economia. Desde outubro de 2013, ela emite sinais de desaceleração, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Pesquisa Industrial Mensal mostrou que a produção do ramo recuou 0,6% entre abril e maio. Se comparado a maio de 2013, o resultado retrocedeu 3,2%.

 Indiferente aos apelos dos representantes do setor, que pedem mudanças na política econômica, Dilma e sua equipe continuam a incentivar o consumo e o endividamento das famílias. Uma fórmula que, destacam analistas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), não se sustenta sozinha se não for acompanhada do aumento de investimentos e de produtividade.

 No comércio, a situação é semelhante e levou a Confederação Nacional do Comércio (CNC) a revisar a projeção do crescimento do varejo de 4,9% para 4,7% neste ano. De acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE, volume de vendas do comércio varejista teve queda de 0,4% em abril. Embora pequena, a redução foi a segunda do ano. Fenômeno que não ocorria no setor desde 2008.

SEM CONFIANÇA – A estagnação em setores-chave abala a confiança do mercado e repercute diretamente nas expectativas de crescimento do PIB. Divulgado na segunda-feira (7), o último boletim Focus, do Banco Central, mostra que a estimativa dos analistas para o PIB recuou de 1,10% para 1,07%. Foi a sexta semana consecutiva de queda neste indicador.

Essa previsão segue na contramão do otimismo do governo federal, que estima uma alta de 2,5% para 2014. O Banco Central é mais modesto e projeta elevação de 1,6%.

O esfriamento da atividade econômica resulta em inflação, sinônimo de carestia e aumento do custo de vida, os maiores temores dos brasileiros. Embora tenha ficado menor em junho (0,40%), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 6,52% em 12 meses e ultrapassa o teto da meta fixada pelo governo (6,5%).

 Para desespero dos consumidores, o índice deve crescer e alcançar o pico de 6,9% até setembro e depois cair. Como não sabe o que fazer, o governo petista apenas torce para que o IPCA se comporte e não feche o ano acima do teto. Caso isso ocorra, caberá ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, escrever uma carta aberta ao ministro da Fazenda explicando os motivos.

Pelos cálculos do BC, esse risco tem 46% de chance de se concretizar. Isso porque o desempenho da inflação do primeiro semestre de 2014 foi o segundo pior do governo Dilma.

LENIÊNCIA – Em nota divulgada à imprensa, na terça-feira (8), o PSDB criticou a administração da petista, que “permanece leniente” no combate à inflação. “A se confirmar a expectativa do mercado de que a inflação deste ano será de 6,5%, em quatro anos de governo Dilma a inflação será de 27%, o que dá uma média anual de 6,2% ao ano”, destaca a nota.

Na avaliação de Imbassahy, trata-se de um percentual absurdamente alto. “Corrói os salários, prejudica o trabalhador e impede o crescimento do país. É uma situação lastimável. Rigorosamente, o Brasil parou e a inflação está muito alta”, criticou o tucano.

A percepção negativa do partido e de Imbassahy sobre a gestão de Dilma na economia é a mesma da agência de classificação de riscos Moody´s. Para a instituição, a economia brasileira deve permanecer fraca até o fim do ano.

“A tendência negativa de crédito de um crescimento menor e uma inflação maior sugerem que as condições macroeconômicas não devem melhorar durante o resto do ano, mesmo depois que a incerteza em torno das eleições gerais, de outubro, for amenizada”, afirmou a agência em seu relatório. “Dessa forma, nós agora esperamos um crescimento menor do PIB real de 1,3% em 2014 e de 1,5% em 2015, com riscos inclinados para o lado negativo.”

Economista, o deputado Valdivino de Oliveira (GO) defendeu mudanças nas políticas fiscal, monetária e cambial. “O governo tem sido conservador em sua política econômica, que só oferece resultados ruins: crescimento pífio, inflação preocupante, aumento da dependência externa, além do enfraquecimento do sistema financeiro”, disse.

O tucano criticou ainda a conduta temerária do Palácio do Planalto, que estimulou o consumo desordenado e adotou uma política cambial equivocada. “O governo reduziu os juros na base do decreto quando o sistema financeiro não comportava tal decisão e gerou uma pressão inflacionária ao incentivar o consumo”, afirmou. “Para combater a inflação, adotou uma política cambial para proteger as importações, o que leva à desindustrialização. Houve o descontrole total.”

(Reportagem: Luciana Bezerra/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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9 julho, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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