Um escândalo atrás do outro


CPI Mista da Petrobras vota requerimentos em meio a novas denúncias sobre a estatal

Os integrantes da CPI Mista da Petrobras reúnem-se a partir das 14h desta quarta-feira (2) para votar 388 requerimentos. Entre eles estão pedidos do deputado Carlos Sampaio (SP), titular do PSDB no colegiado, 8269555033_6cd00065a8_bpara a transferência dos sigilos bancário, telefônico e fiscal do doleiro Alberto Youssef, do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e do ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli.

 Os dois primeiros foram presos em março na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, sob acusação de envolvimento num esquema de evasão de divisas e lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões. Costa chegou a ser solto em maio, mas voltou à carceragem da PF em 12 de junho. No entendimento da Justiça, ele poderia fugir do país, já que mantinha ocultos cerca de US$ 23 milhões em contas na Suíça.

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 Nos últimos dias, a imprensa trouxe novos detalhes envolvendo a aquisição da refinaria de Pasadena (EUA) e a suspeita de propina paga pela empresa SBM Offshore a funcionários da estatal, dois dos vários episódios nebulosos que assombram a Petrobras. Além disso, a “Folha de S.Paulo” revelou que pressões políticas obrigaram a companhia a adquirir uma distribuidora de gás em 2011 por um valor 70% acima do estimado pelo mercado.

 “Tudo isso evidencia a forma como o governo aparelhou a Petrobras e lá montou uma quadrilha, desviando recursos e superfaturando as obras”, disse o deputado Izalci (DF), que é suplente do partido na comissão mista.

ROMBO NOS COFRES – Conforme veiculou o jornal “O Globo” de segunda-feira (30), um relatório técnico do Tribunal de Contas da União (TCU) indicou que gestores da estatal causaram um dano de pelo menos US$ 126 milhões por terem desconsiderado um laudo de avaliação de Pasadena.

 O documento do tribunal demonstrou ainda que a Petrobras declarou ter pago US$ 170 milhões pela metade de um estoque que não valeria US$ 66,7 milhões. Ao analisar os detalhes do contrato, os auditores disseram que essa cifra efetivamente paga e declarada ao mercado não tinha relação com os estoques. Era de outra natureza, fazia parte de ajuste de preço na transação comercial.

 Pelo que já foi apurado pelo TCU, diretores e conselheiros da estatal, inclusive a presidente Dilma Rousseff, tinham conhecimento dos pareceres da Área Internacional. Um deles avaliou Pasadena por um preço inferior ao valor desembolsado. O valor a ser pago por 100% da refinaria, no estado em que se encontrava em janeiro de 2006, era de US$ 126 milhões, conforme o laudo de avaliação da Muse Stancil citado na auditoria.

 “Fica constatado indício de irregularidade grave na prática de gestão de ato antieconômico por parte dos gestores da Petrobras que, ao desconsiderarem laudo elaborado pela Muse, compraram 50% da refinaria por US$ 189 milhões, resultando injustificado dano aos cofres da companhia no montante de US$ 126 milhões”, cita o parecer técnico.

 NEM AÍ PARA AS DENÚNCIAS – O jornal “O Estado de S.Paulo” revelou nesta terça-feira (1º) que a presidente da Petrobras, Graça Foster, foi informada de investigação que trata de suspeitas de pagamento de propina da SBM Offshore a funcionários da estatal e de companhias de outros países cerca de um ano antes de anunciar uma auditoria sobre o caso, segundo o chefe de Governança e Conformidade da empresa holandesa, Sietze Hepkema.

De acordo com Izalci, a revelação demonstra que a companhia só agiu neste episódio após o surgimento das denúncias na imprensa. “Tive a oportunidade de dizer para a Graça Foster que ela está sendo usada pelo PT. Esse partido se aproveitou da credibilidade que ela desfruta para fazer e acontecer”, criticou o tucano.

MAIS ESCÂNDALOS – Outra demonstração de que os petistas e aliados “fazem e acontecem” na companhia foi relatada pelo jornal “Folha de S.Paulo” no domingo (29). Pressionada pelo vice-presidente José de Alencar (1931-2011), segundo a publicação, a companhia adquiriu uma distribuidora de gás no interior de São Paulo em 2011 por um valor 70% acima do estimado pelo mercado.

Em junho de 2011, a Petrobras pagou US$ 271 milhões (R$ 430 milhões na época) ao comprar a Gas Brasiliano Distribuidora (GBD) da italiana ENI. Contratada pela Petrobras durante as negociações, a consultoria Deloitte estimou o valor da empresa em R$ 295 milhões, aponta documento interno da estatal.

Pelo que a Folha apurou, José de Alencar achava importante que a Petrobras voltasse a produzir fertilizantes e defendia a construção de uma unidade em Uberaba (MG). Essa fábrica seria abastecida pela GBD por meio de um gasoduto que também precisaria ser construído pela Petrobras.

(Da redação/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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1 julho, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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