Perspectivas positivas

Acesso a provas da Operação Lava Jato deve acelerar investigações da CPI mista da Petrobras, diz tucano

Izalci durante a oitiva com a presidente da Petrobras, Graça Foster, na semana passada; tucano voltou a criticar tentativa de governistas de atrapalhar investigações.

O deputado Izalci (DF) acredita que as investigações sobre os malfeitos na Petrobras tomarão novos rumos a partir da decisão do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba (PR). Na última sexta-feira (13), o magistrado determinou o compartilhamento das provas da Operação Lava Jato com as comissões parlamentares de inquérito sobre a estatal em funcionamento no Congresso Nacional.  

“Teremos acesso, agora, a uma série de dados que ainda não estavam disponíveis. O trabalho será mais fácil, vamos ganhar tempo e até dispensar algumas convocações”, disse o parlamentar nesta segunda-feira (16). Izalci representa o partido na CPI mista ao lado do deputado Carlos Sampaio (SP), que ocupa o cargo de titular .

Segundo Izalci, ficará mais difícil para os governistas atrapalharem as apurações, já que as provas recolhidas pela Polícia Federal são contundentes. “Eles não têm mais como ganhar tempo e desviar o foco. Estamos cada vez mais próximos de desvendar todo o mistério sobre a estatal: as falcatruas, os desvios de recursos e a ocupação da máquina Petrobras”, assegurou.

BILHÕES MOVIMENTADOS – Deflagrada em março, a Operação Lava Jato desbaratou uma quadrilha suspeita de evasão de divisas e lavagem de dinheiro que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões. A organização seria comandada pelo doleiro Alberto Youssef e teria como integrante o ex-diretor de Abastecimento da companhia Paulo Roberto Costa. Ambos foram presos.

Costa chegou a ser liberado na segunda quinzena de maio, mas voltou para a cadeia na semana passada. A prisão foi decretada a pedido do Ministério Público Federal, que apontou risco de fuga devido a supostas contas que o ex-diretor mantém na Suíça com depósitos de US$ 23 milhões.

O parlamentar defendeu ainda a convocação do ex-diretor após estudo e avaliação de todas as informações disponíveis no inquérito da PF. “Acho que ele deve ser chamado depois da leitura do processo, ”, afirmou Izalci.

PRÓXIMOS PASSOS – Na quarta-feira (18), os integrantes do colegiado se reúnem às 14h30 para debater os próximos passos das apurações e procedimentos a serem adotados durante as oitivas de testemunhas, além de votar 379 requerimentos.  

Na semana passada, a presidente da Petrobras, Graça Foster, prestou depoimento à CPI mista por mais de sete horas. A oitiva foi marcada pela sucessiva tentativa dos governistas de cansar os parlamentares da oposição. Seguindo estratégia do Palácio do Planalto, Foster arrastou sua exposição inicial por quase uma hora, e o relator da comissão, deputado Marco Maia (PT-RS), monopolizou a depoente com mais de 200 perguntas.

“De fato, o governo tentou extrapolar o tempo e não dar oportunidade para que a oposição pudesse participar”, criticou Izalci, que voltou a defender a criação de subcomissões na CPI mista. “Funciona muito melhor e é mais fácil de apurar  quando se divide os temas”, argumentou.

Entre os 379 requerimentos a serem apreciados na quarta, dezenas são de tucanos, ressaltou Izalci. Há entre eles, por exemplo, pedidos de transferência dos sigilos bancário, telefônico e fiscal de Paulo Roberto da Costa, do ex-diretor da área Internacional da companhia Nestor Cerveró e do ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli.

CONTAS BLOQUEADAS – No fim de semana, a imprensa revelou que pelo menos duas fornecedoras da Petrobras fizeram depósitos milionários em contas mantidas na Suíça pelo doleiro Alberto Youssef.

A Justiça suíça bloqueou US$ 28 milhões (cerca de R$ 60 milhões) vinculados à Operação Lava Jato e mantidos em cinco bancos suíços: US$ 23 milhões de Paulo Roberto Costa e US$ 5 milhões atribuídos ao doleiro Youssef.

CONFIRA OS REQUERIMENTOS QUE AINDA NÃO FORAM VOTADOS

(Reportagem: Luciana Bezerra, com informações do jornal “O Globo”/ Áudio: Hélio Ricardo)