Maquiagem social

Para Marchezan Junior, governo petista usa pobres para fazer publicidade enganosa

O deputado Nelson Marchezan Junior (RS) considerou lamentável a conduta da presidente Dilma Rousseff, que utilizou a rede nacional de TV e rádio nesta semana para iludir os brasileiros com dados distorcidos sobre a pobreza e miséria no país.

Em seu pronunciamento, a petista afirmou que 36 milhões deixaram a extrema pobreza em uma década. Conforme apurou o jornal “Folha de S.Paulo”, Dilma inflou as estatísticas, já que o estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) aponta que, de 2002 a 2012, o número de miseráveis (ou extremamente pobres) caiu de 14,9 milhões para 6,5 milhões. A redução, portanto, foi de 8,4 milhões.

“Ela se utiliza da desgraça e da falta de oportunidades de alguns brasileiros para afirmar que saíram da pobreza e usa de forma equivocada um espaço privilegiado de comunicação com a sociedade para fazer propaganda mentirosa”, afirmou o parlamentar nesta sexta-feira (13). “Os números geralmente são influenciados, alterados ou ignorados pelo governo para fazerem parte de uma publicidade enganosa”, apontou, ao se referir a estatísticas produzidas por órgãos como o próprio Ipea e o IBGE. 

MAQUIAGEM CONSTANTE – O tucano recordou a disposição do governo petista de “maquiar” informações em outras importantes áreas, como a economia. “Há a contabilidade criativa utilizada pelo ministro Guido Mantega [Fazenda] e pelo secretário do Tesouro, Arno Augustin. Instituições internacionais questionam publicamente as finanças do Brasil”, criticou.

A equipe econômica comandada pela petista utiliza sucessivamente essa prática condenável para fechar as contas públicas. Em vez de segurar os gastos e mantê-los abaixo da arrecadação corrente, ela recorre a fontes alternativas para cumprir as metas da economia. Dilma só conseguiu fechar no azul os números do Brasil em 2013 graças ao leilão de um grande campo de petróleo e ao refinanciamento de dívidas de empresas.   

A mais recente manobra adotada pelo governo para cumprir a meta fiscal é segurar a restituição do Imposto de Renda. O volume disponibilizado pela Receita Federal para o primeiro lote deste ano é 28% menor na comparação com o ano passado.

“Os números do país são tão inconfiáveis quanto os da Argentina e Venezuela. É lastimável que, após 12 anos, um governo que administrou com mão de ferro a imprensa e a oposição só tenha mentiras a apresentar como resultado”, reprovou Marchezan Junior.

LEVIANDADE – Em artigo publicado recentemente na “Folha de S.Paulo”, o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), alertou que é desrespeitosa e leviana a tentativa do governo de iludir a sociedade ao informar que a miséria acabou no Brasil.

O tucano chamou atenção para a artimanha silenciosa do Palácio do Planalto, que deixou de reajustar o Bolsa Família, programa federal de transferência de renda, a partir dos critérios estabelecidos pela ONU para o cumprimento das Metas do Milênio –  US$ 1,25 ao dia por pessoa seria a renda mínima necessária para não se enquadrar na faixa da extrema pobreza – conforme anunciou em 2011.

“A promessa feita e anunciada pelo governo de adotar os critérios internacionais para fixação do limite da extrema pobreza não foi mantida. Se mantida, em vez de anunciar o fim da extrema pobreza do país, o governo federal deveria estar anunciando que, lamentavelmente, nos últimos anos, cerca de 16 milhões de brasileiros retornaram para a pobreza absoluta. Essa é a realidade”, afirmou Imbassahy em seu artigo.

(Reportagem: Luciana Bezerra, com informações do jornal “Folha de S.Paulo/ Áudio: Hélio Ricardo)