Mentira, tapeação e corrupção

Discrição de Dilma na abertura da Copa é fruto da decepção popular com governo, diz líder da Minoria

Amedrontada com as pesquisas que apontam queda da popularidade de seu governo e ainda marcada pelas vaias que recebeu há um ano no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, a presidente Dilma Rousseff deve participar discretamente da cerimônia de abertura da Copa do Mundo nesta quinta-feira (12). Na última terça-feira (10), a petista fez um polêmico pronunciamento em cadeia de rádio e TV sobre o torneio, mais uma vez repetindo a estratégia petista de dividir o país, atacando supostos “pessimistas” com os jogos.  

Na solenidade de logo mais, a petista não deve discursar e nem sua imagem deve ser veiculada no telão do estádio do Itaquerão, em São Paulo. Será a primeira vez em anos que o chefe de Estado do país-sede fica calado nesse tipo de cerimônia.  A medida tenta evitar reações negativas à presidente, como ocorreu no ano passado, na abertura da Copa das Confederações.  Milhares de torcedores presentes à arena em Brasília vaiaram Dilma quando o presidente da Fifa, Joseph Blatter, mencionou o nome dela.

Segundo o líder da Minoria, deputado Domingos Sávio (MG), a petista não pode representar adequadamente o Brasil numa das maiores competições do mundo porque sabe da decepção da sociedade com sua administração.  

“A presidente está envergonhada. O povo não engole mais tanta mentira, tapeação e corrupção. Isso é triste”, disse. “Os brasileiros estão decepcionados com um governo que prioriza padrão Fifa para uma minoria e não dá respostas adequadas na segurança pública, na saúde e no combate efetivo à corrupção”, acrescentou.

Sávio destacou ainda os gastos excessivos do governo com o evento e a desorganização gerencial na execução das obras propagandeadas como o “legado da Copa”. “O governo gasta bilhões e a presidente não tem coragem sequer de fazer um pronunciamento”, criticou.

De acordo com balanço divulgado pelo jornal “Folha de S.Paulo” de quarta-feira (11), 53% dos 167 empreendimentos prometidos para o torneio foram concluídos. Outros 68 compromissos (41%) estão incompletos e só serão entregues durante ou depois da Copa, a maior parte de mobilidade.

SÓ PELA TV MESMO – Intimidada com o descontentamento da população, Dilma escolheu a cadeia nacional de rádio e TV para se promover, afirmou o tucano. A presidente usou o espaço institucional para defender a realização do Mundial no Brasil e atacar os tais supostos “pessimistas” que não acreditam no evento. “Ela abusou de um expediente para aparecer e falar o que bem entendesse. Isso tudo sem que a população pudesse se manifestar.”

Em entrevista à imprensa na quarta-feira (11), o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG),  disse que  Dilma usou irregularmente a rede nacional para falar de Copa do Mundo e comparou a atitude à tentativa da ditadura militar de tirar proveito da vitória do Brasil na Copa de 1970.  “É triste a presidente querer fazer reviver os tempos da ditadura, apropriar-se do sucesso da seleção, acintosamente, em mais uma ilegal convocação de cadeia de rádio e TV. Isso é usar dinheiro público para fazer campanha eleitoral”, afirmou.

Sávio aposta que vai naufragar a artimanha do Palácio do Planalto de reeditar o modelo de comunicação dos generais . “Os brasileiros não vão deixar se enganar. Não vamos deixar que o futebol engane e iluda a população, como se estivesse tudo bem”, garantiu.

O tom do pronunciamento de Dilma recebeu críticas, inclusive, de dentro do governo. De acordo com a edição desta quinta-feira (12) da “Folha de S.Paulo”, assessores presidenciais avaliaram como discurso de “desforra” e “vingança” contra os críticos. Em vez de manter a mensagem da união nacional, a petista caiu na fórmula característica do PT: o “nós contra eles”.

(Reportagem: Luciana Bezerra, com informações do jornal “Folha de S.Paulo”)