História furada


Justificativa de Dilma para compra de Pasadena perde mais credibilidade a cada revelação

14116845884_c8dacf0c50_hA versão adotada pela presidente Dilma Rousseff para justificar a polêmica compra da refinaria de Pasadena (EUA) perde cada vez mais credibilidade e expõe o esquema de aparelhamento da Petrobras, afirmam deputados do PSDB.

Segundo matéria veiculada nesta quinta-feira (5) pelo jornal “O Estado de S.Paulo”, Dilma, quando esteve à frente da Casa Civil , se reuniu a portas fechadas pelo menos três vezes com o então presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, após a unidade norte-americana entrar no foco da Petrobras. Os encontros ocorreram em março de 2005, e antes de a compra de 50% de Pasadena ser aprovada, em fevereiro de 2006.

Play

A descoberta do jornal fragiliza a justificativa de Dilma sobre a aquisição. Em março, após ser questionada pela imprensa sobre o assunto, ela disse por meio de nota oficial que autorizou a compra com base num relatório “técnica e juridicamente falho” elaborado pela diretoria internacional da empresa. As cláusulas do contrato obrigaram a companhia brasileira a ficar com 100% da refinaria após longo litígio com a sócia belga Astra Oil. A Petrobras acumulou prejuízo de US$ 530 milhões com a negociação.

“Essa versão é uma forma muito simplista de ela não assumir a responsabilidade”, afirmou o deputado Izalci (DF), que é suplente do partido na CPI Mista da Petrobras. “No decorrer das investigações chegaremos à verdade. As pessoas conseguem enganar durante algum tempo, mas ninguém consegue enganar todo mundo durante todo tempo”, acrescentou.

O deputado João Campos (GO) não tem dúvidas de que houve muito mais reuniões entre Dilma e Gabrielli sobre Pasadena. “No curso da CPI mista vai ficar provado que essa versão da Dilma é mentira”, assegurou o parlamentar, que atribui também ao ex-presidente Lula a responsabilidade pela compra da refinaria norte-americana. “Ninguém no Brasil acredita que um negócio dessa dimensão não passe pelo presidente da República. Claro que passa”, disse.

MAIS UMA VEZ – A CPI Mista da Petrobras recebe, na próxima quarta-feira (11), a presidente da Petrobras, Graça Foster. Em menos de dois meses, a titular da companhia já compareceu em três audiências do Congresso para prestar esclarecimentos sobre Pasadena.

Para Izalci, o depoimento é inoportuno. “Tínhamos que ter acesso antes à documentação da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, para fazermos questionamentos mais concretos”, explicou o tucano. “Mas isso não impede que ela seja chamada novamente, após análise dos documentos, para esclarecer alguns pontos.”

Um dia antes do comparecimento de Foster, a CPI da Petrobras do Senado ouve o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa. Em março, ele e o doleiro Alberto Youssef foram presos pela Operação Lava Jato por suspeita de participação em um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que movimentou R$ 10 bilhões. Depois de 59 dias detido, Costa foi solto. Youssef é mantido encarcerado.

Em recente entrevista à “Folha de S.Paulo”, o ex-diretor afirmou que a companhia fez “conta de padeiro” para aprovar a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A obra começou com um custo de US$ 2,5 bilhões e deverá sair por US$ 18,5 bilhões.

Na quarta-feira (4), a Comissão Mista de Orçamento (CMO) recebeu uma relação atualizada das obras com indícios de irregularidades graves investigadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Entre elas, está a fase de terraplanagem da Abreu e Lima. Orçada em R$ 534 milhões, ela apresenta indícios de superfaturamento de R$ 69,6 milhões.

Na avaliação de Izalci, o depoimento de Costa aos governistas faz parte de uma estratégia do Palácio do Planalto, que pretende treiná-lo publicamente para a comissão mista.  “Acompanhamos essa CPI chapa-branca, que não tem nenhum objetivo de esclarecer. As perguntas parecem ser feitas pelos próprios técnicos da Petrobras ou pelos advogados”, declarou o parlamentar.

(Reportagem: Luciana Bezerra, com informações do jornal O Estado de S.Paulo/ Áudio: Hélio Ricardo)

Compartilhe:
5 junho, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *