Dinheiro indo para onde não deve


Em audiência, tucanos criticam inversão de prioridades por parte do BNDES

Brandão: banco tem dinheiro para porto em Cuba e metrô em Caracas, mas empresários brasileiros amargam dificuldades para obter recursos.

Brandão: banco tem dinheiro para porto em Cuba e metrô em Caracas, mas empresários brasileiros amargam dificuldades para obter recursos.

Deputados do PSDB questionaram o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho,  sobre as políticas da instituição e concluíram que há uma inversão de prioridades. O financiamento do Porto de Mariel, em Cuba, foi apontado pelos tucanos como exemplo de que parcerias internacionais baseadas meramente em questões ideológicas têm sido priorizadas em detrimento do incentivo ao verdadeiro desenvolvimento nacional.

Autor do pedido de realização de audiência pública com Coutinho, o deputado Carlos Brandão (MA) destacou que os pequenos e médios empresários brasileiros enfrentam grandes dificuldades para ter acesso aos recursos do BNDES. Mas, por outro lado, o tucano ressaltou que iniciativas como porto de Mariel e o metrô de Caracas conseguiram obter os investimentos.

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“Nosso país está aquém de grandes investimentos. Não temos rodovias, nem ferrovias. Parece que o Brasil não é prioridade. Ou então está sobrando dinheiro. Isso tem nos deixado bastante preocupados”, disse o deputado. O presidente tentou explicar a participação do BNDES na construção do porto cubano, mas não convenceu os deputados. Segundo Coutinho, Mariel recebeu um  “financiamento normal”, que passou por todas as esferas de análise de risco. Mas Brandão rebateu: “Enquanto isso, o porto de Santos está estrangulado”.

Para o 1º vice-líder do PSDB, deputado Vanderlei Macris (SP), os argumentos usados por Coutinho foram meramente técnicos, mas não resta dúvida de que o aporte de recursos nesse caso representou, na verdade, uma ação política do governo federal na busca pelo estreitamento das relações com o governo castrista.

“Foi uma ação ideológica muito clara e não houve transparência nesse financiamento. Não sabemos os detalhes disso, as informações mais profundas e o porquê desse empréstimo ter ocorrido apesar dos inúmeros problemas enfrentados aqui. Estamos com deficiências muito sérias no sistema portuário brasileiro e não é possível consertar a casa do vizinho se a nossa própria residência está caindo”, comparou.

Aporte bilionário em problemática refinaria da Petrobras mostra descuido

Outro financiamento que gera questionamentos, desta vez no Brasil, é o empréstimo concedido pelo BNDES à empresa responsável pela construção da refinaria Abreu Lima em Pernambuco. Coutinho confirmou que a instituição aplicou R$ 10 bilhões no projeto e admitiu que “houve uma série de percalços”, que resultou em aumento do orçamento inicial. Mas, destacou que, pelas regras do contrato, o BNDES não vai arcar com sobrepreço.

Para Macris, esse financiamento é uma clara demostração de que a instituição não levou a sério operação que envolvia tão alto montante de recursos. O orçamento da obra, inicialmente previsto em R$ 4 bilhões, aumentou em cerca de dez vezes. Financiar projeto com um planejamento tão falho pode ser, segundo ele, uma evidência de que não houve uma avaliação detalhada desse projeto. “Se esse projeto fosse para o ralo o prejuízo seria do Brasil”, avaliou o deputado ao destacar que Coutinho “titubeou” ao tentar responder sobre a operação.  

Já o deputado Luiz Carlos Hauly (PR) afirmou que há um tratamento diferenciado com o Paraná por parte do BNDES. Ele ressaltou que enquanto Cuba e Venezuela conseguiram os financiamentos para seus empreendimentos, seu estado teve que recorrer à Justiça para que a instituição liberasse recursos do Programa de Apoio ao Investimento dos Estados e Distrito Federal (Proinveste).Para ele, essa diferenciação se deu injustamente e por motivação política.

(Reportagem: Djan Moreno/Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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27 maio, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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