Conduta imprópria


Deputados do PSDB criticam atuação com viés ideológico de técnico do Ipea na Venezuela

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Para o presidente da comissão, os depoimentos levantaram dúvidas sobre o caráter do trabalho desenvolvido no país vizinho

 Deputados do PSDB questionaram a atuação do Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea) na Venezuela durante audiência com representantes da entidade na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN), nesta quarta-feira (21). Na reunião solicitada pelo deputado Duarte Nogueira (SP), eles criticaram, especialmente, o comportamento do técnico do instituto em missão naquele país, Pedro Silva Barros, que ataca a oposição ao governo de Dilma Rousseff e se manifesta favorável ao regime chavista em entrevistas e em artigos publicados na internet.  

Uma das mais recentes manifestações polêmicas de Pedro Barros referiu-se à visita da deputada venezuelana María Corina Machado ao Brasil. Com mandato cassado por fazer parte da oposição ao governo de Nicolás Maduro, ela, disse Pedro em um site, foi saudada no Congresso Nacional “como representante da voz das barricadas, legitimando a violência que levou a morte de quase 40 venezuelanos”.

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 Segundo o presidente da CREDN, deputado Eduardo Barbosa (MG), os depoimentos levantaram dúvidas sobre o caráter do trabalho desenvolvido no país vizinho. “O presidente do Ipea, Sergei Suarez Dillon Soares, apresentou um ato publicado no Diário Oficial da União informando que haveria somente uma missão transitória da instituição na Venezuela. No entanto, o próprio Ipea trata em seu site como escritório. Isso ficou ambíguo”, destacou o parlamentar.

 Ele chamou atenção também para a conduta de Pedro Barros, que reafirmou sua posição política sobre o regime venezuelano. “Ele não se esquivou do direito de expressar a visão ideológica”, disse. “Em resumo, a audiência foi uma oportunidade ímpar para a comissão, pois desconhecíamos a atuação da instituição na Venezuela”, acrescentou o tucano.

 USO POLÍTICO – O deputado Antonio Carlos Mendes Thame (SP) encaminhou aos convidados as perguntas elaboradas por Nogueira, que não pôde comparecer ao encontro. Entre elas, quis saber se houve o aproveitamento das pesquisas realizadas por Pedro Barros em Caracas, capital da Venezuela, e se as opiniões emitidas pelo técnico são pessoais ou representam a inclinação política do Ipea.

Sergei Soares admitiu que não sabia mensurar os resultados concretos do trabalho realizado. “A pesquisa científica é algo que produz muito, mas não é diretamente aproveitado. O que foi aproveitado faz uma diferença muito grande. Certas coisas redundaram em certas legislações e políticas. Outros casos, foi um acúmulo de conhecimento”, declarou.

 O deputado Emanuel Fernandes (SP) questionou os critérios que levaram a entidade a abrir um escritório no país vizinho. “Por que não Colômbia ou Bolívia?.” O tucano criticou ainda a conduta do governo federal, que tem usado politicamente a boa reputação do instituto. “Não há medo de que o nome do Ipea vá deteriorar com essas escolhas?”, questionou o parlamentar a Sergei. A Pedro, o tucano disse que ele, ao representar a entidade e o Estado brasileiro no país vizinho, não deveria expor opiniões pessoais a respeito do regime chavista e da oposição a Dilma Rousseff.

 O presidente do Ipea salientou em alguns momentos da audiência que as opiniões do técnico não refletem a posição da entidade e defendeu o direito dele de se expressar publicamente.

(Reportagem: Luciana Bezerra/ Áudio: Hélio Ricardo)

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21 maio, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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