Descaso com a infraestrutura
Para Valdivino, inauguração da ferrovia Norte-Sul pela metade tem caráter eleitoreiro
A inauguração do trecho da ferrovia Norte-Sul entre Palmas e Anápolis é vista como uma ação eleitoreira pelo deputado Valdivino de Oliveira (GO). Segundo o tucano, a presidente Dilma trata com descaso empreendimentos importantes, mas os utiliza como mote da campanha à reeleição. Na quinta-feira (22), a petista vai inaugurar o trecho sem saber sequer qual empresa vai operá-lo.
A entrega desse trecho foi prometida para 2010, ainda no governo Lula, e depois incluída em vídeo de campanha da presidente Dilma, como destaca o jornal “O Globo”. A obra teve orçamento inicial de R$ 4,28 bilhões, acrescido de cerca de R$ 400 milhões nos últimos anos para suprir gastos excepcionais, por conta de deficiências no projeto original, superfaturamentos apontados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e obras mal executadas.
Para Valdivino, há um descaso total com uma ferrovia que pode alavancar a economia nacional. Com ela, será possível reduzir em 30% o frete da produção de grãos. Empresas da região de Anápolis ligadas aos ramos de veículos, produtos farmacêuticos, isolantes térmicos, alimentos, entre outros, preveem possibilidade de exportar 30% mais por via férrea.
Como lembra o tucano, não é a primeira vez que o governo federal divulga a ferrovia como se ela estivesse funcionando a todo vapor. Em dezembro de 2012, por exemplo, Lula fez o mesmo no sudoeste goiano. “O povo não é bobo. Dizer que inaugurou, mas os trens não circulam, todos vão entender que houve uma inauguração de fachada. Temos que pressionar o governo para que coloque realmente os trens sobre os trilhos para funcionar”, alerta.
O deputado destaca que faltam plataformas para transferir as mercadorias para os trens e outras obras que façam a ferrovia sair do papel. “O governo está inaugurando uma obra, mas a economia brasileira não poderá contar com ela. E levará um bom tempo até que isso aconteça”, disse.
Apesar de ter pressa para inaugurar a ferrovia, por motivos meramente eleitoreiros, só na última segunda-feira o governo convocou as empresas interessadas em operar a linha, a primeira de um novo modelo de uso da malha ainda não testado, que pressupõe duas figuras independentes: o concessionário da linha e o operador, que fará o transporte de carga.
A Norte-Sul não é caso isolado. Somados, os custos dos 12 empreendimentos considerados estruturantes por Dilma saltaram de R$ 131,6 bilhões para R$ 174,3 bilhões em três anos e meio de mandato da petista. Constam dessa lista a Norte-Sul, a Transnordestina, as usinas hidrelétricas de Belo Monte, Santo Antônio e Jirau, a usina nuclear de Angra 3, as refinarias Abreu e Lima e Comperj, a linha de transmissão Porto Velho-Araraquara, a transposição do rio São Francisco, a pavimentação da BR-163 e a duplicação da BR-101 no Nordeste. Com exceção de Belo Monte, além de excederem os gastos, as iniciativas não cumpriram o cronograma estabelecido.
(Reportagem: Djan Moreno / Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)
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