Descontrole das contas

Aumento bilionário em obras do PAC e atrasos em cronograma comprovam má gestão de Dilma

Incompetência e falta de planejamento são os dois ingredientes que inflaram os orçamentos de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e extrapolaram os cronogramas. Nesta segunda-feira (19), o 1º vice-líder do PSDB na Câmara, deputado Vanderlei Macris (SP), afirmou que a elevação em  mais de R$ 42 bilhões no custo de 12 grandes obras da segunda etapa do programa comprova a ineficiência do governo do PT e prejudica a sociedade.

Em 2012, deputados tucanos já alertavam para a lentidão e o aumento dos custos da transposição do São Francisco. Em viagem ao Ceará, encontraram um cenário desolador, marcado pelo abandono dos canais por onde a água deveria passar. Até agora nenhuma gota chegou aos moradores e nem há perspectiva para que isso ocorra neste ano.

Conforme mostrou o jornal “Valor Econômico”, enquanto vencem os prazos de entrega, a conta incha e já extrapola 32,4% do valor originalmente previsto. Somados, os custos dos 12 empreendimentos considerados estruturantes por Dilma, saltaram de R$ 131,6 bilhões para R$ 174,3 bilhões em três anos e meio de mandato da petista.

Os valores dizem respeito às usinas hidrelétricas de Belo Monte, Santo Antônio e Jirau, a usina nuclear de Angra 3, as refinarias Abreu e Lima e Comperj, a linha de transmissão Porto Velho-Araraquara, as ferrovias Transnordestina e Norte-Sul, a transposição do rio São Francisco, a pavimentação da BR-163 e a duplicação da BR-101 no Nordeste. Com exceção de Belo Monte, as iniciativas não cumpriram o cronograma estabelecido e excederem os gastos.

“Isso é mais do que uma prova da tragédia da má gestão patrocinada por esse governo do PT. Mostra que não houve nenhum planejamento dessas obras. A desconfiança que isso gera é muito grande do ponto de vista ético, da corrupção que se estabelece quando contratos aditivos são feitos por conta da falta de planejamento adequado”, aponta Macris.

Os números impressionam. No caso de Jirau, empreendimento tocado não unicamente pelo governo, o orçamento passou de R$ 9,6 bi para R$ 16,6 bi, e o consórcio diz que não ficará nisso. Para o Macris, o governo idealiza projetos sem a mínima preocupação com a implementação e a qualidade.

“Não há como negar que incompetência e falta de planejamento estão estabelecidas no governo. E quanto a sociedade paga por isso? São R$ 42 bilhões a mais só nessas obras. Impossível não dizer que há um desastre na gestão pública”, alerta o tucano.

Em 2012, deputados do PSDB estiveram nas obras da Transposição do Rio São Francisco em Mauriti (CE) e constataram que os trabalhos estavam abandonados. Segundo Macris, mesmo o governo Dilma dizendo que a obra é prioridade, a única evidência da transposição observada pelos parlamentares foram os indícios de fraudes e superfaturamento.

“Os órgãos de controle investigam suspeitas de irregularidades nos 14 lotes do empreendimento. O TCU analisa relatórios destas indicações de malversação dos recursos públicos e ainda estamos apurando os fatos com o tribunal e com o Ministério Público”, disse Macris.

Aeroportos atrasados

Alheia à realidade, a presidente Dilma disse hoje em seu programa de rádio que os aeroportos estão preparados para receber os turistas na Copa do Mundo e que os brasileiros vão sentir orgulho dos terminais, pois vão ficar como legado do mundial. Mas, assim como os grandes empreendimentos do PAC, os aeroportos têm gastos elevados e cronogramas atrasados. Nenhum dos oito aeroportos com obras tocadas pela Infraero estará 100% concluídos até a Copa.

“É muito absurdo. Tudo está feito pelas metades e houve sete anos para se planejar tudo. É lamentável que a essa altura a presidente tente mostrar competência, quando nunca se preocupou com isso. Ela não estava preparada para administrar o país e isso está mais do que claro”, aponta Macris.

Números

R$ 42,7 bi
É o montante adicional gasto em 12 empreendimentos do PAC desde dezembro de 2010. A conta aumentou em virtude de fatores como falhas em projetos de engenharia e aditivos contratuais.

R$ 26,6 bi
É o orçamento revisado do Comperj, que tem conclusão prevista para agosto de 2016. Em dezembro de 2010, o custo previsto era de R$ 19,3 bi, com inauguração três anos mais tarde.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)