Vergonha pública
Para deputados, trombada entre principais ministros de Dilma demonstra falta de rumo
Célebre por colecionar fracassos administrativos e políticos, o governo da presidente Dilma Rousseff demonstrou mais uma vez à população sua falta de rumo. Segundo deputados do PSDB, tornou-se incontestável a má qualidade da gestão petista após a trombada entre os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Aloizio Mercadante (Casa Civil), os principais da Esplanada.
Em entrevista à “Folha de S.Paulo” de quarta-feira (14), Mercadante admitiu que o governo federal segura os preços de combustíveis e energia para evitar impactos na inflação. Ele foi desmentido ontem por Mantega, que citou reajustes recentes nos dois itens: “Maior exemplo é o preço da energia, que subiu 18%. Gasolina tem tido aumentos todo ano no Brasil”.
O líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), lembrou que o titular da Fazenda acabou contradizendo também Dilma, que havia prometido contas de luz mais baratas. “O bate-cabeça entre a presidente e seus dois ministros é mais uma amostra do desgoverno. E, enquanto isso, os brasileiros pagam as contas, cada vez mais caras, para manter a inchada e cara estrutura dos 39 ministérios de Dilma”, criticou o tucano em seu perfil no Facebook.
FORÇANDO A BARRA – Inábeis em tomar as rédeas de um dos indicadores econômicos mais importantes para os brasileiros, a presidente e sua equipe econômica transpiram para segurar a inflação dentro do limite máximo definido pela meta oficial, de 6,5% ao ano. Como os sucessivos aumentos das taxas de juros pelo Banco Central não dão o resultado esperado, os petistas apelaram, como admitiu Mercadante, para o controle de preços dos combustíveis e das tarifas de energia. Há um temor de que o Planalto esteja esperando o término das eleições para anunciar reajustes que terão forte impacto no bolso do consumidor.
Para o deputado Nelson Marchezan Júnior (RS), o minuto de sinceridade do chefe da Casa Civil expressa o que já é de domínio público. “É aquilo que todo mundo vê, percebe e sente. Isso é notório. Basta olhar a realidade”, afirmou o parlamentar, para, em seguida, criticar a tentativa de maquiagem do ministro da Fazenda sobre os fatos. “É o padrão PT de criar versões, mentir para a sociedade, perverter a realidade. Daqui a pouco o Brasil vai ser conhecido no resto do mundo como a terra dos Pinóquios.”
ECONOMISTAS PESSIMISTAS – As mil e uma versões do PT sobre o cenário econômico não convencem mais os analistas. Entre eles, o quadro atual é considerado preocupante e há muitas incertezas sobre o futuro. De acordo com sondagem da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a percepção do clima econômico no país é a mais baixa desde 1999. Só ficou à frente da Venezuela entre os países da América Latina.
A pesquisa é trimestral e feita com base em avaliações de economistas sobre indicadores como investimento, consumo e taxas de juros, entre outros. Em abril, a nota brasileira caiu para 71 pontos, após atingir 89 pontos em janeiro, mantendo-se bem abaixo da média dos últimos dez anos (121 pontos).
Economista, o deputado Marcus Pestana (MG) compartilha da mesma opinião dos colegas de profissão ouvidos. “O governo Dilma está desarrumando a economia brasileira, e a população começa a perceber o resultado disso. É uma combinação explosiva: inflação alta, crescimento baixo e desequilíbrio externo”, alertou.
Pestana destacou que o desencontro de informações dos ministros emite sinais inquietantes para o mercado. “Vemos que o governo não tem condições de assegurar todo o potencial que o Brasil tem para o desenvolvimento das suas riquezas e produção. É lamentável esse quadro de descoordenação governamental”, disse.
(Reportagem: Luciana Bezerra, com informações da Folha de S.Paulo/Fotos: Alexssandro Loyola /Áudio: Hélio Ricardo)
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