Enferrujamento


ITV cobra de Dilma resposta efetiva para recuperar enfraquecida indústria brasileira

itv31A indústria brasileira vem sofrendo um processo de definhamento, com perda relevante de espaço na economia. “Nos últimos dois anos, 230 mil empregos foram eliminados e a produção atual encontra-se nos mesmos níveis de 2008, ou seja, lá se vão seis anos perdidos. A debacle exige uma resposta sistêmica, que parta da recuperação das condições macroeconômicas – as mesmas que Dilma Rousseff, e só ela, crê estarem “bombando” – e ataque gargalos”, cobra o Instituto Teotonio Vilela, órgão de estudos políticos do PSDB. Confira abaixo a íntegra:

A indústria brasileira enfrenta crise aguda. Nos últimos anos, vem perdendo importância relativa na composição de nossa economia. Nem mesmo a aguardada revisão da metodologia de pesquisa sobre o desempenho do setor foi capaz de revelar um retrato mais benigno da situação. Enferrujamos.

Ontem, o IBGE divulgou os resultados da produção industrial brasileira no primeiro trimestre. No cômputo geral, houve aumento de apenas 0,4% entre janeiro e fevereiro, na comparação com igual período de 2013. O desempenho permite projetar um PIB fraco no ano – o que já se tornou consenso entre analistas.

O IBGE mudou a forma de avaliar o comportamento da indústria porque sua base metodológica estava defasada e não considerava produtos que, hoje, são ícones de consumo, como tablets e smartphones. Com o novo recorte, a indústria brasileira passou de um crescimento de 1,2% em 2013 para 2,3%.

Mas o retrato das nossas fábricas continua marcado pela ferrugem. Hoje, a participação da indústria de transformação no PIB é a mais baixa em mais de 60 anos de história. Evidencia-se, assim, um indesejável processo de desindustrialização, cuja marcha os governos recentes nada fizeram para estancar. Pelo contrário.

Em meados da década de 80, a indústria respondia por 27% do PIB brasileiro. Desde então, vem caindo, até chegar ao piso de 13% registrado no ano passado. Nosso setor industrial produz hoje nos mesmos níveis de 2008, ou seja, são seis anos perdidos. Entre 2011 e 2013, cerca de 230 mil empregos industriais – justamente os que tendem a ser mais qualificados e bem remunerados – foram eliminados.

Trata-se de retração muito prematura, que se dá muito antes de a renda média do país atingir os patamares que as economias avançadas tinham alcançado quando suas indústrias começaram a perder espaço no conjunto da economia.

Hoje, a indústria nacional não encontra condições de competir, ganhar mercados, nem manter os existentes. Em síntese, o que acontece é que o produto nacional tornou-se caro, perde espaço interno, não consegue manter clientes no exterior, nem conquistar novos. Definha.

Não conseguimos vender ao exterior e compramos cada vez mais: no ano passado, a balança comercial da indústria brasileira registrou déficit de US$ 105 bilhões, um rombo histórico. Pudera: o custo de se produzir, por exemplo, uma máquina no Brasil é 37% maior do que fabricar a mesma máquina na Alemanha, de acordo com a Abimaq.

Nossos problemas são amplamente conhecidos: alto custo de produção, agravado por burocracia e impostos que o governo petista ainda cogita aumentar mais; ineficiência logística e infraestrutura defasada; baixa qualificação da mão-de-obra; parcos investimentos em inovação; e isolamento cada vez maior do país das cadeias globais de produção.

Não há soluções simples para esta situação. A debacle da indústria brasileira exige uma resposta sistêmica, que parta da recuperação das condições macroeconômicas – as mesmas que Dilma Rousseff, e só ela, crê estarem “bombando” – e ataque gargalos, transformando-os em oportunidades.

Incentivo à pesquisa e à inovação, maior integração global e melhores condições para investir e produzir são fundamentais para recuperar a competitividade e a produtividade perdidas. E o apoio indutor do Estado deve servir como alavanca – democraticamente, e não apenas para uns poucos escolhidos, como tem acontecido com a política de crédito que tem no BNDES seu principal artífice.

(Fonte: ITV)

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8 maio, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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