No limite

População não aceita mais interferência de Dilma para adiar CPI mista da Petrobras, diz Imbassahy

Para Imbassahy, presidente tem medo da CPI e das revelações que serão feitas a partir das investigações dos parlamentares.

O líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), disse que é evidente o “dedo da presidente Dilma Rousseff” na tentativa de adiar a instalação da CPI Mista da Petrobras. O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), havia convocado para esta terça-feira (6) reunião para pedir formalmente aos líderes partidários a indicação dos integrantes que irão formar a comissão mista. No entanto, o aliado ao Planalto transferiu para quarta-feira (7) a discussão sobre o assunto, que ocorrerá em sessão do Congresso prevista para as 20h.

“Ela tem receio da CPI e das investigações que serão feitas. O Senado procura postergar o máximo possível. Mas chegou no limite. A população brasileira não aceita mais esse tipo de interferência da presidente Dilma”, alertou Imbassahy. “Se ela é responsável  pelas coisas equivocadas que aconteceram na Petrobras, ela tem que ser penalizada”, acrescentou após participar de reunião de lideranças da oposição com Renan.

Enquanto a gestão petista atua para protelar a apuração, a imprensa continua revelando seguidos malfeitos na Petrobras. Reportagem de capa da “Folha de S.Paulo” desta terça (6) denuncia que a compra da refinaria Nansei, em Okinawa (Japão), pela Petrobras, em 2008,  teria sido aprovada pelo conselho de administração sem que fosse informado dos riscos do investimento.  Enredo bem parecido com a aquisição da refinaria de Pasadena (EUA), em 2006, um dos piores negócios da história da estatal brasileira.

“É Okinawa, são os negócios feitos pela Petrobras na África e outras operações que devem aparecer. Tem muita coisa nebulosa ocorrida no período em que o PT administrou a estatal”, declarou o líder do PSDB.

Imbassahy rechaçou as artimanhas do governo da petista, que repetiu na edição desta semana do programa de rádio “Café com a Presidente” trechos do pronunciamento de Dilma na véspera do Dia do Trabalhador (1º). Entre eles, o que Dilma chama de campanha negativa contra a imagem da estatal. “Isso não convence mais a população brasileira, que sabe que do mal que o PT fez à Petrobras. A solução é a CPI para revelar todo malfeito e penalizar a quem se deve”, rebateu o líder.

Aécio em concorrida entrevista nesta terça-feira: apesar de manobras, investigações começarão na próxima semana.

Prazos e indicações– Após pedir as indicações das lideranças partidárias dos que irão compor a CPI Mista da Petrobras, na sessão do Congresso Nacional nesta quarta, o senador Renan Calheiros abrirá um prazo de três sessões ordinárias da Câmara para receber os nomes. Caso algum partido não se manifeste, caberá a ele fazer as indicações. O PSDB da Câmara será representado na CPMI pelos deputados  Carlos Sampaio (SP), como titular no colegiado,  e Izalci (DF), no cargo de suplente.

Em entrevista coletiva (foto), o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), destacou que não há efeito suspensivo no andamento da CPI mista caso Renan Calheiros decida recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a exemplo do que fez durante o processo de criação da CPI da Petrobras no Senado.

“A partir do momento em que os membros forem indicados, a CPI mista começa a funcionar. A liminar da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, vale para CPI e para a CPI mista. O recurso não interrompe o processo de instalação. No máximo semana que vem teremos o início dos trabalhos da comissão”, assegurou.

Aécio reiterou ainda a finalidade da comissão. “Uma CPI não prejulga quem quer que seja. É a oportunidade para a sociedade brasileira saber efetivamente de que forma a Petrobras vem sendo governada nos últimos anos. Portanto, não há mais como postergar ou adiar a CPI mista”, reiterou o tucano.

Confira abaixo trecho da entrevista de Aécio:

(Reportagem: Luciana Bezerra/ Fotos: Alexssandro Loyola e George Gianni / Áudio e vídeo: Hélio Ricardo)