Bateção de cabeça
Graça Foster muda discurso e tenta conciliar versões sobre polêmica compra de Pasadena
As mais de quatro horas de depoimento da presidente da Petrobras, Graça Foster, nesta quarta-feira (30) na Câmara dos Deputados foram marcadas pelas cobranças incisivas da oposição em busca de explicações para malfeitos na estatal. A executiva tentou ajustar a um meio termo as contraditórias versões adotadas por Dilma Rousseff e pelo ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli sobre a aquisição da refinaria de Pasadena (EUA), um dos objetos de investigação da CPMI que será instalada no Congresso. A presidente alegou ter apoiado a compra somente porque foi não tinha as informações suficientes, enquanto Gabrielli insiste em defender a aquisição.
Autor de um dos requerimentos que convidaram Foster a comparecer à Câmara, o líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), apontou a mudança de discurso da presidente da estatal. Conforme destacou, ela havia afirmado taxativamente há duas semanas, em depoimento no Senado, que a aquisição de Pasadena foi um mau negócio. No entanto, diante dos deputados, a considerou “potencialmente boa”.
“Não sei se isso é para segurar o ímpeto do ex-presidente da companhia, José Sérgio Gabrielli, de revelar a verdade ou um esforço para deixar Dilma Rousseff numa situação confortável. Mas não tem como, a presidente participou da aquisição”, apontou. “Não me parece razoável que ela, sendo presidente de um conselho de administração, tenha tomado decisão com base num resumo técnico de duas folhas”, reprovou o tucano.
Imbassahy expôs uma foto registrada no Palácio do Planalto, onde estão o ex-presidente Lula, Dilma Rousseff, na época chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da estatal, Gabrielli e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso em março na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, sob a suspeita de participar de um esquema de cobrança de propinas e lavagem de dinheiro. Ele perguntou a Foster a quem Dilma se referiu ao dizer, na segunda-feira (29), que “a Petrobras não poderia ser penalizada por causa de uma pessoa”. “É uma das pessoas desta foto? Quem é essa pessoa que causou tanto mal à companhia? Se a Dilma não revelar, está cometendo crime de prevaricação”, alertou.
Demissão tardia – O deputado Vanderlei Macris (SP), que também apresentou requerimento para convidar a presidente da companhia a prestar esclarecimentos na Câmara, questionou Foster sobre a demissão tardia de Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras apontado como responsável pelo resumo técnico que balizou a aquisição da refinaria. Em 2008, ele foi demitido do cargo em decorrência da operação desastrosa que causou prejuízo de US$ 530 milhões, mas assumiu a diretoria financeira da BR Distribuidora, subsidiária da petroleira.
“Quase três anos depois do ocorrido e já conhecedora do engano a que foi submetida, a presidente da República não pediu a demissão do Cerveró?”, perguntou o parlamentar. Ele indagou ainda por que, só agora, a Petrobras resolveu apurar o valor que a trading belga Astra Oil pagou por Pasadena. De acordo com estudos preliminares de um grupo de estudo da companhia brasileira, a Astra desembolsou US$360 milhões pela unidade. O valor é oito vezes maior que o divulgado no início do escândalo sobre a refinaria – US$ 42 milhões.
![Presidente da Petrobras não conseguiu convencer parlamentares sobre negócios polêmicos fechados pela estatal.](http://teste.psdbnacamara.com.br/wp-content/uploads/graça-300x200.jpg)
Presidente da Petrobras não conseguiu convencer parlamentares sobre negócios polêmicos fechados pela estatal.
Mais suspeitas – O líder da Minoria, Domingos Sávio (MG), destacou outras aquisições feitas pela Petrobras que necessitam ser explicadas. Ele citou as suspeitas de superfaturamento em negócios realizados entre a Petrobras Biocombustíveis e a BSBios, do Rio Grande do Sul. Num deles, em 2009, a empresa gaúcha adquiriu uma usina de biodiesel em Marialva (PR) por R$ 37 milhões. Seis meses depois, a estatal brasileira desembolsou R$ 55 milhões para adquirir metade do negócio. “São casos de compras inexplicáveis. Essas coisas estão extremamente obscuras e precisam ser esclarecidas”, afirmou o parlamentar.
Baseado na Lei das Sociedades Anônimas (6.404/76), o deputado Antonio Carlos Mendes Thame (SP) exigiu que os envolvidos no caso Pasadena sejam responsabilizados. Ele citou, por exemplo, o artigo 158 da lei. “O administrador responde civilmente pelos prejuízos. Basta ter culpa”, disse. Ele chamou atenção ainda para o artigo 145 da mesma matéria, que estende a responsabilidade a conselheiros e administradores. “Conselheiro não é só ganhar jetom no fim do mês. Se não existisse esta lei, ninguém seria responsabilizado por nada.”
O deputado Carlos Brandão (MA) questionou Foster sobre a construção da refinaria Premium I, na cidade de Bacabeira, a 60 quilômetros da capital São Luis (MA). Segundo ele, a obra estagnou na fase de terraplanagem e é usada como mera propaganda eleitoral. “Lula, Dilma e o ministro Edison Lobão (Minas e Energia) foram lá na véspera da eleição passada e fizeram fotos. Com isso, foi criada uma expectativa, especialmente, na geração de empregos”, disse. O deputado afirmou ainda que, ao assumir a presidência da Petrobras, Foster cancelou o empreendimento por falta de verbas. “No entanto, o pré-candidato ao governo do estado Lobão Filho já anuncia a segunda pedra fundamental da refinaria Premium. Isso é um estelionato eleitoral. É outra Pasadena”, afirmou.
O deputado Izalci (DF) , por sua vez, enumerou as suspeitas de irregularidades que envolvem atualmente a estatal, como o superfaturamento das construções da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Apoiado em relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), ele citou o sobre preço de R$ 1,5 bilhão da refinaria pernambucana e os indícios de irregularidades graves na obra. “Ainda no relatório, uma das questões levantadas pelo TCU é a dificuldade de fiscalizar a Petrobras, assim como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES”, afirmou.
Panorama – Antes dos questionamentos dos deputados, Foster fez uma apresentação de 40 minutos, em que reiterou o preço pago pela refinaria de Pasadena (US$ 1,249 bilhão), informou que, de 2006 a 2013, a estatal investiu US$ 685 milhões para manter a unidade em funcionamento e confirmou ainda a dívida bruta atual da companhia, R$ 268 bilhões.
(Reportagem:Luciana Bezerra/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)
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É´ o descalabro.CPI e impeachment da Dilma.
Prezados,
Esta foto ai não é a tirada no palácio do planalto e sim a foto da audiência com graça Foster, no dia de ontem. Favor trocá-la, para dar clareza na informação e credibilidade ao site.
Abraços.
Antonio Carlos