Ponta do iceberg


Caos na gestão da Petrobras: refinaria no Japão segue caminho desastroso de Pasadena

charge-2504O 1º vice-líder do PSDB na Câmara, deputado Vanderlei Macris (SP) afirmou nesta segunda-feira (28) que a desastrosa compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, é apenas a ponta do iceberg diante de todo o mal provocado pelo governo do PT à empresa. Com gastos de quase US$ 2 bilhões e retorno mínimo, a refinaria não é um caso isolado. No Japão, aquisição semelhante gerou despesa substanciosa sem que a promessa de lucro certo pudesse ser cumprida. Como no primeiro caso, a presidente Dilma era uma das principais responsável pela compra.

Para Macris, somente uma empresa comandada por maus gestores faria negócios tão prejudiciais. Somados todos os valores mencionados por gestores da Petrobras em apresentações internas obtidas pelo jornal “O Globo”, o gasto da estatal com a refinaria de Pasadena, no Texas, chega a US$ 1,934 bilhão. Esse montante equivale ao custo da aquisição, de US$ 1,249 bilhão, mais as despesas para manter o refino de petróleo na unidade sucateada.

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Sob as mesmas condições de compra e tendo o crivo dos mesmos personagens, a Petrobras comprou fatia de 87,5% de refinaria localizada na ilha de Okinawa, no Japão, ao custo inicial de US$ 52 milhões, um ano após a compra de Pasadena. A aquisição foi feita sob a alegação de que a unidade teria capacidade de produção de 100 mil barris por dia.

Assim como ocorreu nos Estados Unidos, o contrato de Okinawa continha a cláusula “put option”, que prevê regras de saída de um sócio do negócio. E foi o que aconteceu. A trading Sumitomo, que tinha 12,5% da operação, exerceu a cláusula put, assim como fez a belga Astra Oil em Pasadena, e, em abril de 2010, a Petrobras adquiriu a participação da Sumitomo na refinaria. O custo da transação foi de US$ 29 milhões, valor que, até agora, não tinha sido revelado pela estatal.

A Petrobras ainda investiu mais US$ 111 milhões na planta. Ou seja, pelo menos US$ 192 milhões foram gastos com uma refinaria que nunca realizou o prometido.

“Essa refinaria no Japão cai como uma bomba para demonstrar a incompetência de gestão da Petrobras e mostra muito claramente a necessidade de se constituir a CPI para investigarmos, em detalhes, casos como esses e assim se extirpar esse câncer que levou à derrocada da empresa, com tantos prejuízos ao Brasil e aos brasileiros”, defendeu Macris. 

Devido a restrições ambientais e técnicas da refinaria e regras de segurança impostas pelo Japão, a Petrobras sabia (desde o início) que Okinawa não tinha como atingir a capacidade de 100 mil barris por dia. As limitações só foram reconhecidas agora pela estatal. A companhia informou ao jornal “Valor Econômico” que, na prática, “o processamento máximo é de 53 mil barris por dia, em obediência aos limites definidos por lei local relacionada a impactos ambientais”. O ano em que Okinawa obteve maior produção foi 2012: 50 mil bpd, caindo para 39 mil em 2013.

“Esse novo episódio mostra a tragédia da má gestão da Petrobras por parte desse grupo que está no poder, além de jogar definitivamente por terra a imagem de que a presidente Dilma seria uma boa gestora”, avaliou o 1º vice-líder tucano, ao lembrar que, à época, a presidente da República era ministra da Casa Civil de Lula e presidente do Conselho de Administração da Petrobras. “Ela tem responsabilidade direta sobre todas essas questões”, disse.

Ao lado de Dilma, os demais protagonistas da compra de Pasadena participaram e aprovaram a compra da refinaria no Japão: Sérgio Gabrielli, que presidia a estatal, Nestor Cerveró, que respondia pela diretoria internacional, Graça Foster, atual presidente da empresa, e o ex-executivo Paulo Roberto Costa, preso pela Polícia Federal na operação que investiga lavagem de dinheiro na estatal.

 “A Petrobras foi usada e abusada por esses diretores e presidentes. Eles alimentaram uma corrupção que se revela a cada dia e, por isso, precisamos passar a empresa a limpo e devolvê-la ao Estado brasileiro”, defendeu Macris, ao reforçar a necessidade de investigação. Para ele, é inadmissível que o governo tente esconder todos esses malfeitos. “Precisamos tirar da Petrobras a presença desse grupo que lá se estabeleceu nesses anos para sugar toda sua capacidade”, disse.

Fundo de pensão de funcionários é mais uma vítima

Pela primeira vez em dez anos, as contas da Fundação Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, foram rejeitadas por unanimidade por seu conselho fiscal. As demonstrações financeiras de 2013 apontaram um déficit operacional de R$ 2,8 bilhões no principal plano de benefícios dos funcionários e um rombo que pode chegar a R$ 500 milhões com despesas de administração de planos de outras categorias.

Apesar das ameaças, as contas foram aprovadas no órgão superior da entidade, o conselho deliberativo, abrindo uma crise interna no fundo. Segundo informações de “O Globo”, a direção da Petros é controlada por sindicalistas ligados ao PT desde 2003. “Ao longo do tempo vamos só descobrindo novos problemas com a Petrobras e isso é uma demonstração de que a má gestão da empresa se revela agora nos seus detalhes”, apontou Vanderlei Macris.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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28 abril, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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