Explicações necessárias


Comissões aprovam ida de ex-presidente da Petrobras à Câmara para explicar compra de Pasadena

1º vice-líder do PSDB na Câmara, Vanderlei Macris avalia que a ida de Sérgio Gabrielli dará mais elementos para esclarecer responsabilidades pelo péssimo negócio fechado pela Petrobras.

1º vice-líder do PSDB na Câmara, Vanderlei Macris avalia que a ida de Sérgio Gabrielli dará mais elementos para esclarecer responsabilidades pelo péssimo negócio fechado pela Petrobras.

As comissões de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC), de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN) e de Desenvolvimento, Indústria e Comércio aprovaram nesta quarta-feira (23) requerimentos da oposição que pedem a realização de audiências públicas como Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, para prestar esclarecimentos sobre a polêmica compra da refinaria de Pasadena. Ele também falará sobre as responsabilidades dos envolvidos na negociação e da recusa de ofertas que poderiam minimizar os prejuízos à estatal brasileira.

Na CREDN, presidida pelo PSDB, o requerimento apresentado pelo líder do partido na Casa, Antonio Imbassahy (BA), e pelo deputado Duarte Nogueira (SP), passou por 18 votos a favor e dois contra. O pedido foi votado em conjunto com a proposta do deputado Rubens Bueno (PPS-PR), que, além de solicitar o depoimento de Gabrielli, pede a presença do ex-diretor da área internacional da companhia Nestor Cerveró. Na CFFC o requerimento de autoria do deputado Vanderlei Macris (SP), 1º vice-líder do PSDB na Câmara, foi acatado sem resistência da base aliada.  Na de Desenvolvimento, o pedido é de autoria de deputados do DEM e do Solidariedade.

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No entendimento de Imbassahy há muitas contradições entre as explicações do ex-comandante da estatal e o que afirma o governo. Para o tucano, isso precisa ser passado a limpo. “Gabrielli diz que o negócio era vantajoso. Já Dilma e a presidente da Petrobras, Graça Foster, garantem que não. Os brasileiros, que são os verdadeiros donos da Petrobras e que foram prejudicados com esse negócio suspeito, querem conhecer a verdade. Esperamos que ele atenda a essas expectativas”, salientou Imbassahy. O líder lembra que quanto mais avançam as investigações, mais surgem fatos que inspiram desconfiança, como a recente informação de que a Petrobras poderia ter desfeito o negócio, reduzindo significativamente os prejuízos, e não o fez. “Isso tudo precisa ficar muito bem explicado”, emendou. 

“Tivemos nos últimos dias uma avalanche de noticias sobre Pasadena. O mais incrível é esse bate boca existente no governo sobre a responsabilidade pela aquisição. Todo mundo parece querer se safar”, avaliou Macris na CFFC.  “Há uma teia de contrariedades que até agora não foi esclarecida no caso Pasadena. O único foro que a sociedade tem são as comissões do Senado e da Câmara”, apontou Nogueira na Comissão de Relações Exteriores.

Também na CREDN, o deputado Emanuel Fernandes (SP) destacou que Gabrielli e Cerveró podem elucidar alguns enigmas, como o valor atual da refinaria e os motivos que levaram a Petrobras a recusar as propostas de acordo oferecidas pela Astra. “A cada dia que passa, o caso Pasadena desperta mais perguntas. É importante que a gente insista nesse assunto”, afirmou. 

Outro aspecto a ser esclarecido com os depoimentos, segundo o deputado Antonio Carlos Mendes Thame (SP), é a responsabilidade do Conselho de Administração da Petrobras no caso Pasadena. “Qual foi o papel dos conselheiros? Ser conselheiro é só receber no fim do mês seu cheque? A eles cabe definir o rumo a ser tomado pela empresa”, ponderou.

Fugindo da raia
Em entrevista publicada em “O Estado de S.Paulo” de domingo (20), Gabrielli disse que Dilma não pode fugir da responsabilidade pela decisão da compra da refinaria  – operação iniciada em 2006 e concluída em 2012. A petista presidia o Conselho de Administração da estatal na época em que a aquisição foi aprovada. O prejuízo à Petrobras com o negócio totaliza cerca de R$ 2,3 bilhões.

A exemplo do que informou Nestor Cerveró em depoimento na Câmara, na semana passada, Gabrielli declarou que as cláusulas “Put Option” e “Marlim”, omitidas no resumo executivo que balizou a decisão pela compra de Pasadena, não eram relevantes para decisão do Conselho.

Presidida pelo PSDB, Comissões de Relações Exteriores ouvirá também Nestor Cerveró, ex-diretor da Área Internacional da Petrobras.  Nogueira (D) vê ”teia de contrariedades" ainda não esclarecida no caso Pasadena.

Presidida pelo PSDB, Comissões de Relações Exteriores ouvirá também Nestor Cerveró, ex-diretor da Área Internacional da Petrobras. Nogueira (D) vê ”teia de contrariedades” ainda não esclarecida no caso Pasadena.

“Dilma disse que votaria contra a aquisição se não tivesse sido enganada com a omissão dessas cláusulas. Em seguida Sérgio Gabrielli diz que cada um deve assumir suas responsabilidades. Ou seja, estamos falando de duas figuras da maior importância nesse negócio. É preciso aprofundar esse debate na comissão, como fizemos com a presença de Cerveró, como ocorrerá com a ida de Graça Foster no dia 30 e como devemos fazer com Gabrielli”, defendeu Macris durante a discussão do seu requerimento.

O ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró e Gabrielli defendem a compra de Pasadena e alegam que o negócio era vantajoso à época. Dilma e a presidente da Petrobras, Graça Foster, têm opiniões divergentes: para elas, o negócio foi ruim para a Petrobras. Na avaliação da oposição, o conflito de posicionamentos apenas reforça a necessidade de instalação da CPI da Petrobras.

Macris também quer informações de Gabrielli sobre a suposta oferta de recompra de Pasadena por parte do grupo belga Astra, segundo reportagem veiculada no jornal “Folha de São Paulo”  na última terça. Gabrielli teria recusado a proposta, provocando prejuízo ainda maior à Petrobras. 

Atendendo a sugestão de última hora do deputado Alfredo Sirkis (PSB-RJ), a Comissão de Relações Exteriores também aprovou nesta quarta o requerimento de convite a Alberto Feilhaber, que foi funcionário da Petrobras até 1995, ano em que ingressou na trading belga Astra como alto executivo. Os parlamentares da comissão ainda não definiram se haverá uma audiência com os três (Gabrielli, Cerveró e Feilhaber) ou se ela será realizada com cada um deles. As datas também não foram definidas pelas comissões.

(Reportagem: Marcos Côrtes e Luciana Bezerra/Foto: Alexssandro Loyola/Áudio: Hélio Ricardo)

Texto atualizado às 14h40

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23 abril, 2014 Últimas notícias 1 Commentário »

Uma resposta para “Explicações necessárias”

  1. Antonio Carlos disse:

    Prezados bom dia!

    Eu já escrevera antes aqui, sobre a importância deste senhor Alberto Feilhaber. Este nome – a meu ver, pelo que já soubera antes – e o elo entre a Petrobras e a Astra. Ele talvez tenha sido escolhido em comum acordo entre a Petrobras e a Astra para fazer o link entres os dirigentes das duas companhias na trama da falcatrua. Devemos elaborar muitas e bem estruturadas perguntas a serem dirigidas a ele no dia da audiência.

    Embora, eu custe a acreditar, eu admito que tenha havido conluio entre os dirigentes destas duas empresas para evadirem-se com grana e/ou lavagem de dinheiro tanto no Brasil como nos Estados Unidos. Penso que valeria a pena contratar um escritório de advocacia americano para entrar no assunto.

    A corte americana, diante de alguma pista, certamente terá o maior interesse em verificar este assunto, pois evasão de divisa e lavagem de dinheiro lá eh tratado como crime de altíssima gravidade e dá cadeia mesmo.

    Att.

    Antonio Carlos

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